Após um adiamento de três meses, nesse último dia 11 de janeiro (sábado), a segunda edição do festival Insana Harmonia ocorreu no SinsPire Arsenal, localizado no Recife Antigo, área central da cidade, abrindo assim o calendário do metal recifense em 2020. De início, o evento ocorreria no dia 05 de outubro no mesmo, tendo sido adiado por conta de questões de agenda da casa. 

Anteriormente, o evento contaria com quatro bandas em seu cast, sendo elas as pernambucanas Surt, Infectos, Hellrastrus, e a potiguar Heavenless. A última, por questões internas, acabou cancelando sua participação, tendo assim sido substituída pelas bandas Pandemmy e Desalma, também pernambucanas. 

E antes de começar a falar dos shows, já vou logo dar um “puxão de orelha” na produção do evento na questão de “horários”. O festival estava marcado para se iniciar às 22h, mas para variar, teve uma hora de atraso, começando apenas às 23h, até ai nada de anormal. 

Mas, se tratando de um evento que contava com cinco bandas (que é bastante, convenhamos), o “certo” era nem começar às 22h, e sim bem mais cedo, uma 19h ou 21h estourando, isso para o festival terminar 2 da manhã no mais tardar. 

Agora, como o evento começou muito tarde, o mesmo acabou terminando mais tarde ainda (quase 4 da manhã), o que fez boa parte do público ir embora muito antes do fim do festival, vencidos pelo cansaço. 

E isso é um ponto importante a ser pensado, pois para o evento é mais interessante que todos fiquem lá do início ao fim, até mesmo pelo dinamismo das apresentações, e principalmente para as últimas bandas, até porque tocar para ninguém não é vantagem para seu ninguém. 

Mas enfim, vocês vão entender isso tudo com mais detalhes com o decorrer do texto sobre como ficou o clima do evento ao longo disso tudo. 

Às 23h, a Surt subiu ao palco do SinsPire, abrindo os trabalhos na segunda edição do festival Insana Harmonia. 

Podemos dizer sem sombra de dúvidas que em comparação as outras atrações da noite, a Surt era a banda “mais leve” da noite, pois era a única que não se encaixava na denominação de “metal extremo”. Mas, mesmo assim, por se tratar de um Stoner Rock, não falta peso em suas músicas, combinados com os vocais limpos de Dimitria Lins. 

Em seu setlist, a banda apresentou tanto músicas do novo EP, com previsão de lançamento para março, quanto canções presentes em seu EP debut homônimo, lançado em 2018. 

A própria banda demonstrou uma grande empolgação no palco, principalmente o baixista Alisson Dênis e o guitarrista Matheus Araújo, tendo cada um arrebentado uma corda do instrumento em um momento do show (e para arrebentar uma corda de baixo, o cara tem que ta muuuuito empolgado). 

O som da banda ainda ganhou mais peso na execução da faixa “Vile”, quando Mathias Canuto, guitarrista do Desalma, se juntou a banda para fazer uma participação especial. 

O público, que estava em número mediano, ficou bastante apático ao longo de toda a apresentação (e ao longo de todo o evento também), tendo interagido pouco. E além disso, outra coisa que atrapalhou bastante foi a equalização dos instrumentos, e as constantes microfonias. 

SETLIST: 

  1. Say It
  2. Angst
  3. Break Out
  4. Inside
  5. Vile (coom Mathias Canuto)
  6. Flames
  7. Insecure
  8. Self
  9. Danger

Pouco após o fim do show da Surt, o Desalma rapidamente subiu ao palco do SinsPire soltando toda a força do seu Grindcore, já iniciando o show com o questionamento “Quem mandou o vizinho do presidente matar Marielle?”, dando aquela boa cutucada no atual governo. 

O mesmo clima do show da Surt se manteve entre a plateia durante a apresentação do Desalma, e pelo som do trio ser bastante pesado, a equalização mais uma vez não jogou a favor da banda, deixando o som bastante abafado. 

Mas de qualquer forma, não faltou energia dos integrantes no palco, tendo Matheus Araújo, da Surt, retribuído a participação especial de Mathias em seu show, tocando as duas últimas músicas com eles. 

SETLIST 

  1. Autodestruição
  2. Tortura
  3. Mais Um Tempo
  4. Espírito de Porco
  5. FDP Alcoólatra
  6. Desprezível
  7. Carnificina
  8. 33
  9. Cú (com Matheus Araújo)
  10. Maconha (com Matheus Araújo)

Após os 40 minutos de muita porradaria, e pouca conversa fiada do Desalma, a Hellrastrus se preparava para subir ao palco do SinsPire. 

Apesar de ainda se encaixar como metal extremo, a Hellrastrus, que é uma das bandas caçulas da cena recifense, tem uma pegada um pouco mais moderna, tendo o grupo francês Gojira como principal referência para o seu som. 

Apesar de ainda não ter lançado nenhum material oficialmente, a banda já tem músicas o suficiente para lançar um, tendo assim apresentado as mesmas junto com um cover do próprio Gojira (Silvera). 

Apesar de algumas vezes os instrumentos terem ficado muito mais alto do que a voz de Tiago Xaves, o trio fez uma boa apresentação, sendo a mesma bastante enérgica, energia essa que não foi retribuída pelo público, que já se encontrava em menor número (e ainda estamos na terceira atração da noite). 

E justamente por conta da baixa do público, que foi aumentando ao longo que as horas passavam, o clima passou a ficar de morno para frio dali em diante. 

SETLIST 

  1. Intro
  2. Can’t Pass
  3. Mass Illusion
  4. Godless
  5. My Assassin Fury
  6. Silvera (Goira cover)
  7. Bird Eyes

Ainda faltavam duas bandas para se apresentarem, já se passavam das 2 da manhã, e praticamente 90% do público presente na noite já tinha deixado o SinsPire. Ou seja, se as coisas já estavam bem “mortas” antes, dali em diante a tendência era só piorar. 

Nesse clima, a banda Infectos iniciou sua apresentação não deixando se intimidar pelo baixo público o qual estavam tocando, eles apenas chegaram lá na frente e descarregaram seu Death Metal da forma mais brutal e responsável possível. 

Na ocasião, Léo Montana, ex-Confounded, estava a frente dos vocais na Infectos, função que ocupa há mais ou menos três meses depois de ter passado um período afastado dos palcos. 

A Infectos conseguiu fazer um show instigante diante de uma plateia nem um pouco instigada, mas sempre é importante manter a posa, independente do que acontecer, com isso, eles fizeram muito bem o seu trabalho.

SETLIST

  1. Intro
  2. Ed, o Conturbado
  3. Decadência Humana
  4. Delírio de Negação
  5. Walking Undead
  6. Mente Doentia
  7. Manipulação Cerebral
  8. Instrumental
  9. No Regrets
  10. Genocídio

Já eram 3 da manhã, e arrisco dizer que do pessoal que ainda se encontrava no SinsPire àquela altura do campeonato, a maioria era tudo da produção ou funcionários da própria casa, tendo assim sobrado poucos da galera que pagou o ingresso. 

Contava-se nos dedos o público presente no SinsPire quando o Pandemmy subiu ao palco para encerrar aquele Festival Insana Harmonia, sendo esse o segundo show deles com a nova formação, com o guitarrista Guilherme Trovador assumindo os vocais. 

Além das músicas do seu repertório antigo, o quarteto também tocou algumas músicas novas que estarão no próximo álbum “Subversive Need”. 

Imagino que nem preciso especificar como estava a “animação” do público na hora, né? Enquanto isso, no palco, a banda parecia estar meio cansada (e não era pra menos), mas de qualquer forma deram seu melhor ali. 

Um dos principais destaques do show foi a instiga e pegada do baterista Vitor Alves. 

E claro, no show também não faltaram cutucadas contra o atual Governo Federal, porque afinal de contas, estamos falando de um show do Pandemmy. 

SETLIST

  1. Deforestation
  2. Almost Dead
  3. Neohate
  4. Webchaos
  5. Idiocracy
  6. Circus of Tyrannies
  7. Xenophobia
  8. SelfDestruction

Bom, as bandas se esforçaram, a produção também, mas infelizmente, o Festival Insana Harmonia acabou não sendo aquilo que ele poderia ter sido, pois quando você vai no festival só com bandas de metal extremo, e não ver uma roda punk sendo formada, é porque alguma coisa ta errada. 

O principal fator que atrapalhou acho que deixei bem claro ao longo do texto, né? Isso sem falar nas constantes microfonias que foram registradas ao longo do evento, as quais parecia que ninguém conseguia encontrar o microfone responsável por elas 

De qualquer forma, independente de tudo isso, eu sempre aplaudirei as iniciativas, e ressalto que tudo que falo aqui, eu digo com todo o carinho possível, para que em futuras edições do festival (o qual eu realmente espero que tenha) isso tudo possa ser ajustado.