País de Origem: Alemanha
Anos de atividade: 1988 – 2002
Gênero: Progressive Thrash Metal

Sempre existirão bandas que apesar da qualidade latente, não conseguiram alcançar o sucesso que lhes era devido. Os motivos podem ser muitos: falta de timing no lançamento, mudanças de formação, problemas com gravadora ou com empresários, uma proposta sonora que não se encaixa no momento musical do cenário, só para ficar em alguns exemplos. No caso dos alemães do Megace, a banda abordada hoje no Hidden Treasures, podemos dizer que quase todos esses fatores tiveram um pouco de responsabilidade por não terem conseguido sair do underground durante o tempo em que estiveram na ativa.

Fundado em fevereiro de 1988 por Melanie Bock (vocal), Jörg Schrör (guitarra) e Michael Müller (baixo), logo incorporaram a sua formação o segundo guitarrista Robbin Kortt e o baterista Thorsten Jungmann. Essa formação durou apenas alguns dias, e logo Kai Alexander Spiekermann assume a bateria do Megace. Sugiro ao prezado leitor que pegue um bloco e caneta e comece a anotar, pois, nos primeiros anos de sua existência, isso se tornou bastante comum. Ainda nesse mesmo ano, Robbin é substituído por Klaus Florian ‘Dirty’ Möller. Foi com essa formação que no mesmo ano de fundação, partiram para o estudio e gravaram sua primeira demo, intitulada The Sign of the Ape, que conseguiu uma repercussão razoável para uma banda novata, vendendo cerca de 550 cópias. Nesse período apostavam suas fichas em um Speed/Thrash Metal tipicamente alemão, que não os diferenciava tanto de outras bandas da cena, ao menos em matéria de sonoridade.

No ano seguinte trocam novamente de baterista, com a entrada de Rainer Behn. No restante de 1989, a banda faz alguns shows e grava algumas demos que não chegam a ser lançadas. Para encerrar, Michael Müller é demitido da banda e o baixo passa a ser ocupado por Christian ‘Chriddle’ Wulff. Em 1990, gravam sua segunda demo, This Is the News, com engenharia e produção de ninguém menos que Kai Hansen, e logo após, surpresa, Rainer sai da Megace, sendo substituído por Carsten Schubert. Foi essa demo que permitiu a banda assinar um contrato com a 1MF Recordz, para o lançamento de seu debut. Gravado em apenas 21 dias, durante julho de 1991, Human Errors é lançado no mês seguinte.

Nele, o Speed/Thrash de outrora dava seus últimos suspiros, e começávamos a ver a cara futura da música do Megace. Adicionando doses de Progressivo, se enveredaram pelas estradas do Thrash metal mais técnico, algo que nomes como Mekong Delta, Watchtower, Sieges Even ou Coroner faziam muito bem no mesmo período. Sem abrir mão da musicalidade, suas composições adquirem uma dose maior de complexidade, com mudanças de tempo, riffs criativos e boas melodias, tudo isso acompanhado de muito peso e agressividade. Mas o destaque aqui vai para a vocalista Melanie Bock, que se mostra um grande diferencial para o resultado do álbum, já que ela brilha tanto nas passagens vocais mais agressivas, quanto nas limpas.

Como aparentemente as coisas não podiam dar muito certo para o Megace, no ano seguinte entram em processo de litígio com a gravadora, e na sequência, motivados por diferenças musicais, o guitarrista Klaus Florian ‘Dirty’ Möller e o baterista Carsten Schubert pulam fora do barco. O substituto do primeiro, Stefan Speidel, não demorou muito a ser encontrado, mas o posto e baterista só foi preenchido 9 meses depois, com a entrada de Stephan Gora na banda, já no ano de 1993. Foi também em 1993 que conseguiram se desvincular da gravadora. Já em 1994, gravam mais uma demo, Pseudo Identity, com produção de Dirk Schlächter, baixista do Gamma Ray. Pouco tempo depois, adivinhem que saiu da banda? Sim, o baterista Stephen Gora. O posto passa a ser ocupado por Andreas Düwel. Essa mudança, acreditem, marca o momento em que finalmente conseguem estabilizar uma formação.

Curiosamente, a partir desse momento as coisas começam a acontecer mais devagar para a banda, e entre 1994 e 1996, fazem alguns shows e gravações que não chegaram a ser lançadas. Chegam a manter contato com algumas gravadoras, mas nada que tenha passado segurança aos músicos, que optam então por fazer tudo de forma independente. Em maio de 1996 começam a gravar seu segundo álbum contando com a ajuda de Kai Hansen e Dirk Schlächter, que emprestam os equipamentos do Gamma Ray para a banda, mas o processo se arrasta por um motivo no mínimo inusitado, a gravação de Somewhere Out in Space (97) por parte desses últimos. Isso atrasa tudo, já que nem sempre os equipamentos estavam disponíveis para o Megace os utilizar. Ainda sim, em 1997 conseguem encerrar as gravações, repassando o material para as mãos de ninguém menos que o renomado Charlie Bauerfeind, outro que resolveu dar uma força para a banda. Mas vejam bem, Charlie era um produtor muito requisitado, e nessa mesma época estava trabalhando com diversos outros nomes, como o Venom (fez a mixagem de Cast in Stone), Blid Guardian (engenharia e mixagem do clássico Nightfall in Middle-Earth), e a mixagem do já citado Somewhere Out in Space do Gamma Ray, o que gerou mais um atraso.

Eis que com a produção finalizada e o novo álbum em mãos, voltam a conversar com algumas gravadoras, assinando finalmente com a Angular Records. Em maio de 1999, Inner War, o segundo trabalho de estúdio do Megace é lançado. Nele se aprofundaram ainda mais nas influências de Progressivo, por mais que o Thrash ainda se faça presente em aspectos como peso e agressividade. As canções soam mais complexas e técnicas, com arranjos mais variados e boas melodias. Vale um destaque para o improvável cover de “Synchronicity I”, do The Police, um dos grandes destaques do trabalho. Decididamente um álbum mais maduro e diversificado que seu debut. Era visível que a banda estava mais que pronta para alçar voos mais altos.

Após isso, voltam a fazer shows e participam de algumas compilações e tributos, mas o sucesso não parecia destinado ao Menace, apesar da inegável qualidade de seu material. A banda então se dissolveu em 2002, sendo que Melanie Bock, Stefan Speidel, Christian Wulff e Andreas Düwel acabaram por formar uma nova banda, Step into Liquid, que se enveredou pelos campos do Metal Progressivo, tendo lançado um EP e um álbum completo, antes de encerrar as atividades no final da primeira década dos anos 2000. Já Jörg Schrör, que era técnico de guitarra do Gamma Ray, além de ter trabalhado com outros vários grandes nomes, como Blind Guardian e Sodom, continuou no meio da indústria musical, e hoje toca no Fire, banda alemã de Heavy Metal. Desde 2003 usa o sobrenome de sua esposa, Schrörg.

DISCOGRAFIA

Megace – Human Errors
Data de lançamento: 26 de agosto de 1991
Gravadora: 1MF Recordz

Tracklist:
01. Something Incomprehensible
02. Law Enforcement Agency
03. Repetitions of Human Errors
04. Let Me Explain
05. Save Your Dignity
06. No Brain / No Pain
07. Discord
08. Monofaces

Megace – Inner War
Data de lançamento: 31 de maio de 1999
Gravadora: Angular Records

Tracklist:
01. Cry
02. Schweißnaht
03. Two
04. Inner War
05. Ciphers
06. Synchoronicity I (The Police cover)
07. Conclusion (Reprise) (Instrumental)
08. Industrial Dictatorship
09. Guilty
10. First-Take-Ponka-Song (Instrumental)
11. Instinct, Science, Faith
12. Affengesicht
13. …Which Have Been Predicted
14. Rain