Normalmente quando falamos em Metal belga nos anos 80, aqueles mais afeitos ao underground podem lembrar de nomes como Acid, Ostrogoth, Crossfire, Killer ou Warhead. Mas hoje, no Hidden Treasures, falaremos de uma banda tão boa quanto qualquer uma das citadas acima e de seu álbum de estreia, um dos melhores trabalhos de Thrash Metal do ano de 1986.

Surgida no ano de 1980, com o nome de Centurion, no ano seguinte passaram a se chamar Cyclone, e obviamente passaram por aquela inconstância de formação que toda banda iniciante passa, só se estabilizando em 1983 com Guido Gevels (vocal), Pascal “Kalle” van Lint e Johnny Kerbush (guitarras), Michel de Rijdt (baixo) e Nicolas Lairin (bateria). Essa formação permaneceu intocada até 1985, quando Rijdt deixou a banda para a entrada de Stefan Daamen, e foi com essa formação que a banda entrou em estúdio para gravar o seu debut.

Após 3 demos, a banda havia assinado um contrato com a Roadrunner Records, e o futuro parecia promissor. Gravado no ICP Studio, com produção de Gus Roan, e mixado e masterizado por Maarten de Boer, no Holland Cutting Room, inicialmente o álbum se chamaria “The Destroying Brutality”, mas acabou tendo seu nome alterado para Brutal Destruction. Contendo 8 faixas, sendo a primeira uma introdução instrumental, o que temos aqui do ponto de vista musical é um Thrash Metal de primeira qualidade, com alguns momentos resvalando no Speed Metal, e mesclando de forma equilibrada a escola germânica do estilo com a da Bay Area. O resultado é um Thrash que se não apresenta algo realmente original, ainda sim entrega agressividade, peso e qualidade inconteste.

Após o prelúdio, temos de cara uma das faixas mais furiosas de todo o álbum, a ótimo “Lomg to Hell”, com seus riffs cortantes e velozes, seus vocais selvagens e um certo ar germânico que nos remete a lendas como Destriction e Kreator. Na sequência, a Bay Area vem a tona com a mais “melódica” Fall Under His Command, que em algumas passagens vai te remeter ao Metallica. Na sequência, temos as robustas “The Call of Steel” e “Fighting the Fatal”, canções que se não são brilhantes, ainda sim cumprem muito bem o seu papel de divertir e fazer o ouvinte bater cabeça. “In the Grip of Evil” tem um pé bem fincado no Speed Metal, e empolga com sua velocidade, qualidades que podem ser observadas em algumas passagens ma destruidora e agressiva Take Thy Breath. Encerrando outra música que aposta na velocidade, Incest Love, que encerra o álbum com chave de ouro.

Após o debut, a banda passou por algumas mudanças de formação, e em 1990, já pela gravadora belga Justice Records, chegaram a gravar e lançar um segundo álbum, “Inferior to None”, mas a promoção deficitária e o fato da gravadora ter falido na sequência, faz com que muitos fãs se surpreendam com a existência do mesmo. As atividades foram encerradas em 1993, mas em 2019 a banda anunciou seu retorno, tendo como único membro original o vocalista Guido Gevels, e só resta esperarmos por material inédito de estúdio.