Para o Hidden Treasure de hoje trazemos o álbum Onyx, da banda portuguesa de gothic/doom metal, Ava Inferi.

Antes de adentrarmos para a análise do álbum, vamos conhecer um pouco mais sobre a banda:

Ava Inferi é uma banda oriunda da cidade de Almada, Portugal. Tendo iniciado suas atividades em 2005 e lançado quatro álbuns, infelizmente no ano de 2011 ela encerrou suas atividades.

O álbum que trazemos hoje é o quarto e último álbum da banda, Onyx, de 2011.
Podemos dizer que a música homônima e que inicia o álbum nos convida a participar de um ritual. Toda a música é construída de forma a nos passar essa sensação, de sermos participante de um ritual místico realizado. A letra confirma esse nossa percepção: “witches dance, spell are cast.” Murmúrios e cantos contribuem para nos envolver num sensação de magia e encantamento.

Em “The Living End” há o mesmo padrão da “Onyx”: uma aura obscura; só que nessa canção há um elemento diferente: a presença de uma voz masculina que, infelizmente, é pouco explorada. O instrumental só serve de suporte para a voz que toma todo o protagonismo musical.

A terceira canção, “A portal”, há a guitarra distorcida e um breve solo. Temos também efeitos de teclado que somam na construção lúgubre do som. O “clima” da música é de tormento e desolação. Mais uma vez recorrendo à letra para entender a arte em sua totalidade, a dor incutida na canção fica evidente no seguinte trecho: In this madness I break down and cry. Not a day pass me by without fights.”

Em ((Ghostlights)) temos um pouco mais de peso na guitarra que vem para o primeiro plano sonoro. No entanto, ela não aparece com constância, somente em alguns pontos da música. No final temos um apito e uma pequena música estilo “música de parque de diversões”, somado aos sons de vento. É arrepiante esse final, bem ao estilo de filmes de terror!!!

“The Heathen Island”, a sexta música, começa com uma gravação com um homem falando. Pelo o que conseguimos entender, parece que ele e outros estão numa cerimônia onde está sendo oferecidas oferendas ao seu deus como agradecimento. Nessa faixa as linhas de baixo é explorado, mas a guitarra também não fica de fora. Sendo a faixa mais longa do álbum, o instrumental é bem explorado, dividindo com o voz de Carmen Susana Simões a construção da música. Não vemos vozes ao fundo que em outras faixas é inserida. Digamos que essa faixa é mais “limpa” dos elementos que compõem uma musicalidade mais obscura – embora isso não faça dela uma música menos interessante. A penúltima faixa do álbum a “By Candletlight & Mirrors” perde também como a anterior aquele ar sombrio. Os efeitos que dão a ideia de ritual são pouco utilizados.

Por fim, o álbum se encerra com a “Venice (in Fog), que traz sons de água e gaivotas, num encerramento de comunhão com as forças da natureza reverenciadas.

Numa análise global desse álbum percebemos que no início as músicas são mais sombrias e “ritualísticas”. Da metade pro final o álbum perde um pouco aquele ar de solenidade obscura, mas mantém as características do gênero doom. Podemos afirmar que Onyx é um bom álbum de encerramento de uma banda, que esteve tão pouco tempo na ativa (apenas 6 anos!!). Não há exageros: as músicas são construídas com certo equilíbrio, nem são tão obscuras e depressivas, mas também não perdem o tom fúnebre que faz parte desse gênero do metal. Embora traga aquele tom depressivo (que não são todas as pessoas que gostam como meio de atingir uma catarse emocional), eu diria que é um álbum de bom gosto e bem feito. É uma boa pedida para os fãs do gênero.

Ava Inferi – Onyx (2011)
Lançamento: 14 de fevereiro de 2011
Gravadora: Seasons of Mist

Faixas:

1. Onyx
2. The Living End
3. A Portal
4. ((Ghostlights))
5. Majesty
6. The Heathen Island
7. By Candlelight & Mirrors
8. Venice (in Fog)

Formação:

Carmen Susana Simões: vocais
Rune Eriksen: guitarra, efeitos e vocais em “The Living End”
André Sobral: guitarra
Joana Messias: baixo
João Samora: bateria, percussão