O Autoclismo é um trio instrumental formado em Teresina no ano de 2018 por Lucas Barbosa (guitarra), Fernando Castelo Branco (baixo) e Jarrel Santos (bateria), com influência de rock alternativo, hardcore e nuances experimentais.

O trio piauiense lançou recentemente o single “Page” em todas as plataformas de streaming via Electric Funeral Records. A faixa retrata a loucura, o profano e a ruína econômica-social, e traz um som direto, unindo peso e nuances experimentais que surgem naturalmente. Apostando em um som pesado, a nova faixa apresenta riffs marcantes de guitarra e baixo, e uma bateria muito bem executada, com quebras de dinâmica no momento exato.

Fugindo do senso comum ao misturar ritmos em suas composições, o power-trio ganha destaque na cena rock nacional com o seu último lançamento, e promete em breve lançar material inédito.

Conversamos com a banda sobre sua trajetória, influências musicais, processo de composição e outras curiosidades. Confira!

De onde vem nome “Autoclismo”?   O que levou a banda a esse nome?
Em uma tradução grosseira, “Autoclismo” significa descarga de banheiro. É um termo usado principalmente no português de Portugal. O Fernando (baixista) sugeriu esse nome e eu (Lucas, guitarrista) achei perfeito porque, de alguma forma, sintetiza a nossa proposta de ser uma banda barulhenta e dissonante.

Como surgiu a banda?
A banda surgiu no início de 2018. O Fernando tocava em um outro projeto instrumental, chamado Vulgo Garbus, que seguia uma linha mais stoner e tinha uma excelente receptividade. Com o fim da banda, eu conversei com ele e perguntei se estava interessado em começar outro projeto instrumental. Ele topou, nós recrutamos o Jarrel pra bateria e cá estamos.

A banda relançou recentemente o Single ‘Page’. Como foi o processo de composição e gravação do material?
A história de “Page” é até curiosa porque ela foi, literalmente, a primeira música da história da banda. Lembro do Fernando ter me mostrado o riff dela e a partir de então nós desenvolvemos toda a ideia. E até então só tínhamos ela registrada ao vivo, mas nosso amigo André Leão nos procurou e disse que estava procurando bandas para produzir um videoclipe profissional, etc. Fechamos todo o projeto com ele e escolhemos Page para isso. Ou seja, foi um processo meio que ao contrário: a música foi gravada para o clipe. Gravamos a música no Studio 202, aqui em Teresina, e em seguida fizemos as filmagens do clipe, nas ruínas do antigo Sanatório Meduna, cujo terreno foi comprado por um shopping. O prédio da sede e a capela são tombados, portanto não puderam ser derrubados. Dessa forma, aproveitamos toda a atmosfera do lugar para fazer uns takes lá, intercalando com algumas imagens da banda tocando em estúdio. Foi um projeto bem legal.

O último single lançado foi muito bem recebido. Podemos esperar single, ep ou full album em breve?
A gente fica muito feliz pela receptividade que o single teve e estamos ansiosos para que as coisas voltem ao normal o mais rápido possível. Estamos planejando entrar em estúdio assim que esse período conturbado passar. A ideia é trabalhar em um novo EP, considerando que temos uma lista bem grande de composições que precisam ser registradas. Não queremos deixar nenhuma de nossas músicas sem gravar, então a ideia é ir trabalhando esse material aos poucos, escolhendo as músicas com calma e trabalhando os detalhes de cada uma delas pra entregarmos um material interessante. Então, com certeza vai vir coisa nova por aí o mais breve possível.

Suas Músicas demonstram intensidade e entrega total. Existe alguma composição que é mais especial para vocês?
Eu acho que posso falar pelos três: a gente não tem uma música que seja “mais especial”, cada uma é especial do seu jeito e marca determinado momento da banda. Cada música é resultado de uma mistura de influências e isso é muito legal, porque nossas influências estão sempre mudando com o tempo, visto que estamos sempre consumindo e falando bastante sobre música. Isso ajuda bastante na hora de compor. Pra nós, o mais importante é que soe intenso e que nos marque de alguma forma.

Quais as bandas e fontes artísticas que inspiram o som da banda?
Sobre influências: a gente bebe em diferentes fontes. Desde o início, houve um consenso entre os três: não se prender a nenhum estilo ou vertente. Nossas influências vão de Fu Manchu a Russian Circles, passando por Black Flag com toques de post-hardcore e até black metal. Então é bem variado. Nosso som é um compilado de tudo que gostamos: punk rock, stoner, metal, post-hardcore, surf-music, etc.

Como que vocês estão lidando com a pandemia de covid-19? Que tipo de interação a banda está tendo com o público nesse momento de quarentena?
Bom, essa pandemia foi algo que pegou todo mundo de surpresa e acabou com os planos de muita gente. Na música então, todo mundo foi afetado, e com a gente não foi diferente.Infelizmente, por conta de questões pessoais, estamos impossibilitados de fazer lives como muitas outras bandas vêm fazendo, mas sempre procuramos conversar com nosso público no sentido de dizer que ainda estamos aqui e, principalmente, que estamos preparando novidades pra quando toda essa bagunça passar.

Quais os planos para 2020?
Bom, para esse ano a gente espera conseguir produzir mais um material, acredito que será um EP. Tínhamos planos de fazer shows em outros lugares também, em outras cidades (ja vínhamos conversando com alguns produtores aqui do Nordeste), mas devido à atual situação, ficou inviável. Mas é isso, agora é esperar que as coisas se normalizem pra produzirmos coisa nova o mais breve possível.

Muito obrigado pelo espaço, se cuidem e fiquem em casa se puderem. Nos vemos em breve.

Confira ‘Page’: https://spoti.fi/38wfYuM