Estamos em outubro, mês repleto de comemorações (ou de desespero, porque faltam dois meses para o ano acabar e muitas pessoas não terminaram suas pendências). No sul, sudeste, alguns cantos norte americanos e na terra alemã, é período de Oktoberfest: festa do chope e da tradição germânica. Além delas, também tivemos o feriado popularmente conhecido por Dia das Crianças. Mas para pessoas descoladas e tenebrosas, a melhor época do ano bate nos dias finais da última bi-semana do mês: Halloween.

Ah, Halloween. É bom ver a vizinhança querendo causar arrepios, trajando-se de ícones do terror cinematográfico e literário, além de crianças saindo às ruas, batendo de porta em porta para pedir doce ou fazer sacanagem.

E uma data de trevas, escuridão, roupa preta e caixão combina exatamente com você, headbanger. Afinal, o que você vai fazer no seu Halloween? Ser a presa dos medos ou a besta na escuridão? Fantasias a parte, enquanto você revira o seu armário repleto de negritude têxtil, Dani Filth do Cradle Of Filth vai te recomendar 13 álbuns inusitados, de Metal ou não, que vão encaixar certinho com o dia dos mortos.

Afinal, quem melhor do que um amante do horror em suas diversas extensões, além de escritor, compositor e vocalista de uma banda de Black/ Symphonic/Gothic e Horror Metal. Vamos conferir abaixo os 13 álbuns para o seu Halloween!

 

Samhain, ‘November Coming Fire’ (1986)

Esse é um projeto de Glen Danzig, um Punk com pegada Horror Rock, altamente dançante, sem ligar para suas estruturas de composições. Algo que poderia lembrar um Misfits nos seus primeiros anos, com menos peso, soando mais um Rock ‘n’ Roll que as meninas vão fazer a dança da bruxa. A intenção do álbum é clara e o mesmo se encaixa pelas letras.

Mercyful Fate, ‘Don’t Break the Oath’ (1984)

Um clássico do Black/Heavy Metal. É impossível pensar em temas fantasmagóricos e histórias de gelar a espinha sem pensar na figura icônica de  ̶O̶z̶z̶y̶ ̶O̶s̶b̶o̶u̶r̶n̶e̶ King Diamond. Existem álbuns considerados melhores, ainda, a própria carreira solo, que é fenomenalmente teatral. Porém a produção simples desse álbum, e sua atmosfera spooky tornam ele um disco essencial para a noite.


 

Emperor, ‘In the Nightside Eclipse’ (1994)

Indo direto ao extremo! Um verdadeiro tour pelas terras norueguesas, os vocais perfurantes de Ihsahn te fazem experimentar os ventos gélidos das montanhas, os cantos negros das densas florestas e o uivar dos lobos e almas dignos da terra do Metal pagão. Não só para o Halloween, mas um álbum altamente recomendável, um registro fiel dentro da história do Metal norueguês.

Type O Negative, ‘Bloody Kisses’ (1993)

Saindo das temáticas maquiavélicas e crepitantes, vamos para o romantismo vampiresco dessa banda de Doom/Punk e Heavy Metal. Depois de Slow, Deep and HardThe Origin of the Feces, Type O Negative estoura nas comunidades do Metal e, principalmente, góticas com seu álbum Bloody Kisses, que contém as famosas Black Nº 1Christian Woman. Letras que profanam o Senhor e atraem a juventude pura e imaculada para a negra sedução. Definitivamente, um disco que trará em suas lentas melodias e nos densos alcances vocais de Peter Steele a verdadeira essência moderna de Bram Stoker.

Tim Burton’s ‘The Nightmare Before Christmas’ Soundtrack (1993)

Saindo das fronteiras do Rock e do Metal, chegamos na OST de um filme mais do que encantador. Mesmo que você fosse cego, ou não conhecesse as obras cinematográficas de Tim Burton, com certeza, escutando unicamente este disco, entenderia que, comicamente, existe uma atmosfera arrepiante aí no meio. Perfeito para a família que ainda não aceitou sua proposta de escutar Metal no Halloween.

Paradise Lost, ‘Gothic’ (1991)

Um clássico Doom Rock/Symphonic Metal, com guturais em contrastes com melodias macabras e teatrais, teclados harmoniosos e vocais femininos que criam aquela ambiência de uma dramatização musical. A banda que faz referência com Milton lembra, no seu álbum Gothic, passagens que remetem  algo na linha de Trail Of Tears no seu álbum Disclosure in Red (1998) – outra banda excelente e repleta de encantos melódicos.

The City of Prague Philharmonic Orchestra, ‘The Definitive Horror Music Collection’ (2009)

SINTA A NOSTALGIA! Atenção amantes do suspense, aqui está um compilado das músicas mais marcantes de filmes de terror que costumávamos nos assustar quando mais jovens (hoje a gente tem medo de boleto bancário e conta no vermelho). A Profecia, O Exorcista, senhor, é muito clássico pra um só ouvido. Isso não só merece destaque nas noites dos mortos, como serve, algumas vezes, para aterrorizantes crônicas de RPG de terror.

Misfits, ‘Misfits’ Compilation + ‘Collection II’ (1995)

Já falamos de Danzig nessa lista, mas, não podemos deixar de mencionar o próprio Misfits. O Punk incansável e eletrizante que pode acompanhar as noites assombradas. Apesar das músicas não terem uma aparência macabra, as letras já compensam bastante. Mas, como autor, não posso deixar de afirmar que a época “Graves” do Misfits pode ter seu espaço mais do que inegável aí.

G.G.F.H., ‘Disease’ (1993)

Novamente fugindo da agressividade, entramos agora numa vertente musical que influencia muitas bandas do Metal. As baladinhas góticas que o esperem! Esse conjunto que faz um Industrial Gothic, com uma influência leve de Cybergoth, vai fazer você ser admirado, ou altamente odiado,  ao tocar o álbum numa festa! Apague as luzes da sala, sirva vinho e se deixe levar.

Diamanda Galas, ‘The Divine Punishment’ + ‘Saint of the Pit’ (1988)

Quando o álbum anterior acabar, corra para o computador e pesquise por isso! Diamanda Galás é conhecida por criar um som ambiente de aparência sinistra, que ecoa o medo como berros nas catacumbas. Alguns synths, percussões e uma voz macabra te oferecem uma experiência agonizante. Recomendado não só para o Halloween, mas para… bem… deixa pra lá.

Slayer, ‘Reign in Blood’ (1986)

Após a sua vizinha ligar para a polícia, ela provavelmente vai bater na sua porta e perguntar o que diabos está acontecendo. É hora de você quebrar o gelo de uma festa sinistra e botar pra f**er com um digno Slayer. Reign In Blood, ou melhor dizendo, Slayer no geral, não é uma banda típica de se tocar num Halloween. Porém, o grupo se influencia vigorosamente em lendas de terror, portanto, é válido para o seu repertório. Afinal, vocês precisam sair dos lentos compassos pra algo mais marcante e estridente. Raining Blood com certeza vai ser a música de todos os metaleiros da noite.

 

Ghost, ‘Opus Eponymous’ (2010)

Está na hora da missa negra! Saindo do Metal extremo, voltamos a pisar nas terras do Horror Rock/ Freak Rock, onde Papa Emeritus passa o seu culto luciférico e vampírico. Ghost B.C é mais do que essencial para agradar a todos os ouvidos. Em minha opinião, todos os álbuns da banda se encaixam como uma luva no repertório da noite, mas, headbanger que é headbanger gosta das origens, então faremos de tal forma. “LUCIFER, WE ARE HERE!”.

Bathory, ‘Under the Sign of the Black Mark’ (1987)

Então, quando todos acharem que a sua festa, ou o clima de Halloween estiver mais do que impregnado, você acende as velas, abre a portinhola do bode, coloca sangue de virgem na vasilha, faz o pentagrama no chão da sala, procura a virgem mais nova do rolê e coloca esse disco! Bathory passou por várias vertentes do Black Metal, mas, assim como Blood, Fire Death (1988)este álbum é altamente necessário, não deixando o In The Nightside Eclipse sozinho. Os arranjos sujos, a qualidade crua, a visceralidade… É perfeito pra abrir o portal e invocar os demônios nesta noite maravilhosa.

 

E chegamos ao fim de uma baita recomendação! Lembrando que você, headbanger, não deve ter medo de colocar Michael Jackson na sua lista! Obrigado Dani Filth (que foi humilde o suficiente em não por nada de sua autorial nessa lista maligna). Mas o repertório vai longe, a noite é negra e cheia de segredos. E você não vai deixar que crianças e vizinhas te perturbem, vai?

E aí, doces ou travessuras?