Clifford Lee Burton nasceu em 10 de fevereiro de 1962 na cidade de Castro Valley, na Califórnia/EUA. Era o filho caçula, dentre 3 irmãos, de Jan e Ray Burton, sendo seus irmãos mais velhos, Scott e Connie. Seu interesse pela música surgiu ainda bem jovem, quando seu pai lhe apresentou ao Jazz e ele começou a ter aulas de teclado.

Cliff começou a tocar baixo aos 13 anos, após a morte precoce de seu irmão Scott, que acabou sendo uma inspiração para ele. Segundo seus pais, ele disse que seria o melhor baixista do mundo pelo seu irmão. Steve Doherty, do ABC Music Studio, foi o responsável por dar-lhe aulas e ele praticava por cerca de 6 horas diárias.

Cliff cursou o ensino médio na escola Castro Valley, formando-se em 1980, e passou a estudar música no Chabot Junior College, no noroeste da Califórnia. Ali, ele conheceu Jim Martin, que viria a ser guitarrista do Faith No More. Os dois chegaram a tocar juntos em uma banda, chamada Agents of Misfortune. Num concurso de “Batalha de Bandas” eles se apresentaram e uma das apresentações foi gravada, mostrando o estilo que Cliff usava naquela época. O mais interessante talvez seja o fato de que partes de duas músicas que entrariam no repertório do Metallica, “(Anesthesia) Pulling Teeth” e a introdução de “For Whom the Bell Tolls” também podem ser vistas nessa gravação.

Cliff Burton com o The Agents of Misfortune, na Batalha de bandas

A primeira grande banda em que Cliff Burton participou foi o Trauma, em 1982. E foi através desta passagem dele pelo Trauma, que fez com que ele alcançasse o convite mais promissor e definitivo. O Trauma viajou para Los Angeles, para se apresentar na famosa casa “Whisky a Go Go”. Na plateia estavam James Hetfield e Lars Ulrich, membros da recém-formada banda Metallica, no ano anterior. Uma particularidade bastante interessante sobre esta apresentação é que James e Lars foram procurar por Cliff, após ouvir os solos de “(Anesthesia) Pulling Teeth” e queriam saber quem era aquele talentoso “guitarrista”, que usava o pedal wah-wah. Desnecessário dizer que ficaram impressionados por saber que não se tratava de guitarra e sim de um contra-baixo, e logicamente, começaram a persuadir Cliff a juntar-se ao Metallica, de qualquer forma. A banda queria se desfazer de seu baixista, Ron McGovney, por acharem que ele não contribuía em nada, apenas seguindo o que era proposto, visto que o próprio não estava muito contente com os rumos da banda.

Cliff Burton com o Trauma, em 1982

Inicialmente, Cliff Burton não estava disposto a se juntar ao Metallica, mesmo não estando contente com o rumo comercial que sua banda Trauma estava seguindo. Também, não estava nos planos do baixista mudar-se para Los Angeles. Cliff Burton, para aceitar o convite para juntar-se a James Hetfield, Dave Mustaine e Lars Ulrich, impôs a condição de que a banda mudasse sua base para El Cerrito, na baía de São Francisco, onde ele morava. Ansiosos em ter Cliff Burton no Metallica, a condição foi aceita e o trio mudou-se para a região da chamada Bay Area.

Cliff Burton

Assim, no final de 1982, Cliff Burton juntou-se oficialmente ao Metallica. A primeira apresentação ao vivo da banda com esta nova formação ocorreu em março de 1983 na casa noturna The Stone. A demo “Megaforce” já com Cliff Burton, foi então gravada, porém, foi uma outra demo, chamada “No life ‘til Leather”, gravada antes da entrada de Cliff, que caiu nas mãos de John Zazula, dono da gravadora Megaforce Records, levando a banda para Old Bridge, New Jersey, onde um contrato foi assinado.

O álbum de estreia do Metallica, “Kill ‘Em All” lançado em 25 de julho de 1983, trazia então o famoso solo de baixo de Cliff Burton, com diversos efeitos, incluindo o pedal wah-wah na música “(Anesthesia) Pulling Teeth”. Já no segundo álbum da banda, “Ride the Lightning”, lançado em 27 de julho de 1984, Cliff Burton assina como compositor de 6 das 8 faixas, incluindo a grandiosa introdução em “For Whom the Bell Tolls”, mostrando seu estilo único de tocar.

Metallica: James Hetfield, Lars Ulrich, Cliff Burton e Dave Mustaine

Cliff Burton despediu-se dos palcos em 26 de setembro de 1986, em Estocolmo, na Suécia. A banda participava da parte europeia da tour Damage Inc., que promovia o terceiro álbum da banda “Master of Puppets”. Era desconfortável dormir nos cubículos do ônibus que era usado. Como solução, a banda sorteava por meio de cartas, todas as noites, para escolher quem dormiria no beliche de cima, que era mais confortável. Na noite de 27 de setembro, com um ás de espada, Cliff Burton ganhou a oportunidade. De acordo com o motorista do ônibus, o veículo derrapou no gelo acumulado e capotou, enquanto Cliff dormia. Ele foi lançado pra fora do ônibus, que acabou caindo sobre ele, dando fim à sua vida, precocemente, aos 24 anos.

Durante a cerimônia em que suas cinzas foram jogadas em Maxwell Ranch, o instrumental de “Orion”, do álbum “Master of Puppets” foi executado. Cliff nunca chegou a tocar essa canção ao vivo. A própria banda só a executou em 3 de junho de 2006, no Festival Rock Am Ring, em Nurburgring, Alemanha, para comemorar os 20 anos de lançamento do disco.

De acordo com o próprio Cliff Burton, suas influências no baixo eram Geezer Butler, Geddy Lee, Phil Lynott, Lemmy Kilmister e Stanley Clarke, bem como os guitarristas Ritchie Blackmore, Alex Lifeson, Uli Jon Roth, Jimi Hendrix e Tony Iommi. James Hetfiled destacou a importância de Cliff Burton na existência do Metallica, onde ele usou seus conhecimentos teóricos como pianista clássico nas composições e ensinando teoria e harmonia ao próprio James.

O primeiro álbum do Metallica após a morte de Cliff, “…And Justice for All”, lançado em 3 de setembro de 1988, traz o último crédito de composição dele, na canção quase totalmente instrumental “To Live is to Die”. Cliff Burton escreveu os versos da única estrofe, citada por James, ao invés de ser cantada. Em português diz:

“Quando um homem mente, ele mata uma parte do mundo
Estas são as pálidas mortes as quais os homens as chamam de suas vidas
Tudo isso eu não posso aguentar ver por muito tempo
Não poderia o Reino da Salvação me levar para casa?”

A útima frase “”Cannot The Kingdom of Salvation take me home” está escrita na lápide de Cliff Burton, um dos maiores gênios do contra-baixo na história do Heavy Metal.