Vagos Metal Fest
Saiba tudo que rolou nos quatro dias do evento.
Parte I
Vagos Metal Fest é o maior evento de Metal das terras de Camões. Nascido de uma ideia lançada pela rádio Vagos FM há mais de 10 anos atrás, o festival foi evoluindo ao longo dos anos até chegar em seu ápice de popularidade. O nome inicial era VOA – Vagos Open Air, (em Vagos e Lisboa), e agora se encontra estabelecido em sua terra natal.
Embora ainda esteja em pleno crescimento e evolução, na estrutura e nas condições para receber milhares de “headbangers” ou “metaleiros”, equipe técnica, artistas, barracas de comida e produtos, Vagos mantém-se em “grande cartaz” ou seja, com um valioso set de bandas em sua edição 2018 e imensa popularidade.
Vagos é uma vila ao norte de Portugal, no qual situa-se a Quinta da Ega, uma espécie de sítio com vegetação à volta, situado num vale próximo a um rio. O grande apoiador do evento, que tem como um de seus produtores, o Luis Salgado e equipe, é o Presidente da Câmara Silvério Regalado, que é o politico mais importante de lá. Um evento nessa dimensão, foi tomando cada vez mais importância para a região e consequentemente, ampliou a zona turística de Aveiro, já que esta recebe muitos turistas na época do verão.
Conheça mais sobre o evento em 2018!
O Festival teve 43 bandas em 4 dias (9 a 12 de agosto) e contou com diversas bandas (famosas ou não) nacionais e internacionais.
De lendas como João Gordo, Ross the Boss e Mike Muir a bandas novas ou locais, o evento abraçou de forma concisa o ideal máximo da atitude do headbanger frequentador de festivais.
8 MOTIVOS PARA IR AO VAGOS METAL FEST
1- É um evento ecológico
A má impressão de balbúrdia e desassossego causado pelas guitarras estridentes e cabelos longos endiabrados, nada tem a ver com a verdadeira atitude do metaleiro em Portugal, pois ficou aparente a importância que a equipe de produção teve com a criação de ecopontos, o que permitiu que o evento ganhasse um selo ecológico “EcoEvento Ersuc“, que tem por objetivo considerar eventos que tenha a preocupação ambiental na gestão dos resíduos e encaminhamento para reciclagem e a preocupação social ao atribuir uma verba para uma instituição local em função das quantidades recolhidas. o único lixo jogado ao chão eram apenas os copos de plástico das cervejas, que eram todos recolhidos de um dia ao outro. As pessoas realmente respeitaram as lixeiras e com exceção do show do Serrabulho (que vocês vão ver na parte 2 desta publicação), realmente o ambiente era mesmo muito limpo!
2- É um fomento ao turismo e cultura local
Há muitas coisas para visitar em Vagos e muita procura pelo local no verão. Praias como a Vagueira e outros ambientes fascinantes trazem para a pequena vila muitas pessoas. Portugueses e estrangeiros em busca de um ambiente acolhedor para boas ferias e também boa comida, boa praia…O Presidente da Câmara de Vagos Silvério Regalado, demonstrou claramente que embora não seja do rock, vem acompanhando a evolução do festival e o grande movimento de hospedagem e turismo, concomitante às melhorais no ambiente do evento.
3- É um ambiente de família
Embora algumas pessoas insistam em achar que crianças não podem andar livremente num espaço destinado a metaleiros, (exceção de locais onde há “moshes” e grande concentração de bangers), mas creio que é totalmente possível. E foi isso que foi visto em Vagos: A presença de crianças e idosos no local.. Todas as idades estavam la, mas realmente a presença das crianças com seus pais foi algo primoroso, e estavam em sua maioria com proteção para os ouvidos e na cia dos seus pais ou responsáveis).
Com que idade
você começou a escutar metal?
Até que idade pretende ouvir?
4- É um local de convívio social
Começamos pela ideia incrível de anunciar idosos como os personagens principais desse evento. Os velhinhos do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, que la estiveram no meio de shows de Thrash e Black Metal, com a carinha mais feliz do mundo. Como não gostar? Parece que a ideia começou desde o dia em que foi anunciado que dois velhos haviam fugido de um asilo na Alemanha para irem à Wacken, o que virou uma grande repercussão mundial. Já viu o video? Confere aí
Estamos prontos Vagos Metal Fest!
Vagos Metal Fest estamos quase todos prontos! 🤘🤘Ps: A Palmira está assim chateada porque é mais fã de Techno e nunca a levámos ao Boom Festival Official. #VAGOSÉAQUI 🤘
Posted by Centro Comunitário da Gafanha do Carmo on Wednesday, 8 August 2018
5- A equipe técnica foi um evento à parte.
Os seguranças que fizeram um papel espetacular carregando bravamente os fãs enlouquecidos que se jogavam no crowdsurf até os bombeiros que estavam sempre atentos aos quase nada deslizes do festival (presenciei apenas um segurança que machucou um joelho, e uns bêbados) o fato é que a organização foi impecável e claro, sempre tem alguma coisa ou outra que se possa melhorar. Ter simpatia e gentileza, nos quatro dias de entra e sai do backstage e acessos, é algo para não se esquecer.
6. O improviso foi a alma do negócio
Todo evento comporta vantagens e desvantagens, problemas técnicos ou operacionais, falhas no descontrole do atendimento ao público (como falta de acomodação, alimentação suficiente, banheiros e outros), mas Vagos permitiu que isso acontecesse positivamente, embora tivessem se preparado para receber mais participantes do que foram (vieram apenas 17 mil ). O cancelamento da banda Dagoba pela greve dos controladores de voo na França, bem como o sumiço da bagagem dos Ensiferum, e as constantes falhas na parte de energia para algumas apresentações, foram de fato algo que chamou atenção como “falha”. No entanto, insisto que é algo normal e favoreceu em alguns momentos, como ver o Ensiferum tocar metal acústico e com a roupa do corpo, autêntico Folk Metal.
7-Tem a energia headbanger!
Com moshes homéricos e um metal diversificado em várias vertentes do hardecore, thrash, black, viking, heavy , doom e outros; os músicos fieram uma excelente performance, do qual surpreendemos com bandas incriveis no âmbito teatral, no desenrolar de suas canções, nos espetaculares frontmans e definitivamente ter um contato magnífico com músicos portugueses que mostraram que o Metal Lusitano tem todo o eu poder!
8- As bandas foram espetaculares
Em continuação ao ítem anterior, não tem como não se emocionar com a capacidade técnica e artística de bandas que já conheciamos bem e aquelas que vimos pela primeira vez. Em entrevista com Luis Salgado, pude perceber que estão em constante evolução. A facilidade de uma área de camping extensa e confortável, para que as pessoas vivenciassem dois palcos constantes, do qual mal terminava um show, outro começava em seguida foi uma experiência de liberdade e aquele sentimento de reviver um Woodstock. Mas acho que Woodstock era uma outra coisa…
Chifres ao alto
Estas são as primeiras coisas que eu posso lhes dizer sobre este evento. Vagos é uma idéia como várias outras do conceito de comemoração e de união de pessoas do Metal. Não é mesmo um ambiente para qualquer um. Não é qualquer pessoa que aceitaria popularizar o Black Metal por exemplo. Mas quem diria que o Thrash ia se tornar tão popular por exemplo, com o Metallica ou Megadeth? Quem diria que o Heavy Metal ia se tornar irresistível com Iron Maiden? O Metal é uma obra de arte para poucos. Poucos ouvidos, mentes brilhantes, admiradores de som intenso, pesado e não necessariamente sujo. Mas o sujo também tem seu lugar. O sujo e o roto. Mas é a energia que conta. É a energia da crítica, da força, da harmonia do peso. Chifres ao alto, assim nos ensinaria Dio.
Vagos é como nos outros festivais, um lugar para todos (publico e artistas) estarem conectados num grande encontro, uma grande comunidade. As vezes vejo que as pessoas querem popularizar o metal e tornar algo comum. Mas será que é isso mesmo que queremos? O que o Rock e o Metal são?
Lemmy já dizia que o Rock é aquilo que incomoda seus pais. Será que estamos mudando isso? A juventude de Woodstock agora tem filhos e netos. Somos os descendentes de uma transgressão da época. E agora este estilo, o que se tornou? Muitas discussões podemos levantar para entender melhor o que é o mundo METAL, mas hoje temos menos drogas e menos regras para quebrar. Nunca fomos tão livres com a propagação da nossa liberdade e opinião. Hoje nossas peles são desenhadas, e nossas vidas tem mais equilíbrio ; bebemos e fumamos com os nossos pais… Os jovens do Rock já não morrem de overdose. O que mudou? Mudou a dificuldade em se expressar. Então, o que é que estamos a protestar? Veja o que as bandas trouxeram para Vagos como parte de suas identidades e protestos:
Leia o VAGOS METAL FEST – Parte 2
TEXTO: VERÔNICA MOURÃO
FOTOS: ANA COSTA