Nem só de sertanejo vive o interior de SP; pois é, acham que a psicodelia não rola ou não existe por entre esses canaviais. Mero engano meus amigos. As manifestações da mente produzindo efeitos profundos sobre a experiência consciente habitam essa região, e a banda BELLA NOCHE é prova disso.
A banda é a realização de uma ideia antiga entre Eric Uliana (vocal e guitarra) e Flávio Oliveira (bateria) em fazer algo com bastante fuzz, voz distorcida e autoral que se concretizou com a chegada de Gabriel Carvalho no baixo.
O primeiro EP é uma mistura de coisas que já estavam na cabeça de Eric gravadas em seu computador há muito tempo. As letras com temas sensacionalistas televisivos deixam uma certa brasilidade e lembranças de coisas toscas que as crianças morriam de medo nos anos 80 para 90.
A primeira faixa do EP, The Dagger, fala do suposto punhal que vinha dentro do boneco do Fofão, e Eric completa – “quando criança chegava a sonhar com o boneco andando pela casa. ”
Big Peter a segunda faixa, fala de um amigo icônico de Matão (terra natal de Eric) que tem dois metros de altura e uma “chapação” inatingível.
A banda também está atenta às “tosquias” novas, caso da terceira faixa, Vacuum Pregnant que foi feita para o caso da grávida de Taubaté, afirmando como a TV em busca do Jornalismo sensacionalista comete erros graves.
Chupacabra Superstar, a quarta faixa, nem precisa dizer; “quantas tardes de domingo víamos os casos no programa do Gugu” brinca Eric.
VHSTEA a última faixa é uma viagem que não fala nada com nada, mas quem nunca ouviu “fulano tomou chá de fita e nunca mais voltou”?
O Power-Trio diz que para o primeiro álbum tem mais “coisas bizarras”, como ET Bilu, Chupa cu de Goianinha, Bebe fumante da indonésia, e outros temas que divertem o pensamento chapado de quem vive nessa era. A banda também tem um posicionamento político e talvez façam alguma coisa sobre o assunto, já que se for para usar humor, nesse governo tem tema de sobra.
Enfim, EP foi gravado ao vivo na casa de Eric, deixando evidente as características de cada um; o baixo estralado e distorcido do Gabriel, a mão de chumbo com pegada do Flávio, e o gosto por fuzz e microfonias de Uliana.
Um EP feito de maneira simples e simbólica para vender nos shows e arrecadar grana para algumas despesas da banda (combustível, cervejas, spotify, deezer, etc.)
A banda agora tem a intenção de participar de festivais, organizar eventos com bandas autorais e ir lançando Singles e clipes até ter pelo menos dez músicas para gravar um álbum com um pouco mais de qualidade, mas com a mesma ambiência crua e simples numa pegada cada vez mais rara nos dias atuais.