Dentre todos os nomes relevantes do Power Metal, talvez, nenhum causa tanta apreensão quando vai lançar um novo álbum de estúdio quanto o finlandês Sonata Arctica. E o motivo para tamanha ansiedade está justamente no que o grupo conseguiu alcançar na sua música: a tão buscada (e desejada) originalidade.
A partir do ano de 2007 com a criação do “Unia”, o Sonata, que era tido como um bom aluno da escola Helloween/ Stratovarius, apresentou ao mundo heavy um Power Metal bem mais inclinado ao Prog Metal com influências diversas e bem mais difícil de assimilar. O lado bom é que, desde então, o grupo passou a ter uma musicalidade bem diferente do marasmo criativo que vai e volta no Power, mas nem só de flores vive a trajetória de um grupo que teve a ousadia de pensar para fora da caixinha.
De 2007 até este ano de 2019, os álbuns de Tony Kakko e cia não passam despercebidos diante da imprensa especializada e dos fãs que experimentam reações das mais antagônicas com a música irrotulável que os finlandeses entregam cd após cd.
É aí que moram os espinhos do quebra-cabeça musical que o Sonata Arctica não cansa de montar e remontar ao compor as suas canções.
As referidas faixas, na maioria das vezes, demandam muitas audições para terem alguma parte sua compreendida, algumas letras também exigem uma imersão mais profunda do ouvinte, e até a qualidade da produção deixou de seguir o caminho seguro do estilo (límpida com todos os instrumentos bem audíveis) para exalar peculiaridade de todas as formas imagináveis.
Aliás, produção peculiar certamente é um dos primeiros pontos notados por quem ouviu “Talviyö” (2019), o décimo e mais recente registro da banda.
É neste inverno próprio da originalidade que o Sonata está a caminhar na sua trajetória artística, o que é um gesto bem corajoso para uma banda que é bem hábil em entregar um Power Metal grudento, melódico e veloz.
Os desafios da nevasca que acompanha quem trilha o caminho da singularidade está em se fazer entender, situação que o Sonata vive em escala crescente, desde o mencionado “Únia”, que atingiu níveis maiores no hermético “The Ninth Hour” e que se expandiu ainda mais em “Talviyö”.
Quais serão as próximas experimentações? Ninguém sabe, porém temos certeza de que elas serão tão impossíveis de imaginar quanto as anteriores. O que pode ser algo sensacional ou chegar aos limites do insuportável. Quem disse que ter um som próprio é tarefa simples? A noite de inverno do Sonata está longe de acabar, pelo visto.