Hoje, se fala muito sobre a facilidade com que se tem acesso à música, e é verdade! Pode-se rapidamente ir conhecendo uma banda, e outra, e outra, e outra, indefinidamente, mas sem, de fato, conhecer realmente qualquer uma delas. Vivemos numa espécie de “linha de audição industrial”, em que quantidade não gera qualidade e, muito menos, afetividade. Está cada vez mais difícil, para novos artistas, criarem um público fiel. Nos anos arcaicos de nossa memória, digamos de 1984 para trás, havia menos música ao alcance das pessoas, mas havia também a vantagem de que você tinha a sua banda preferida lhe entregando música com mais frequência. A criatividade de começo de carreira andava de mãos dadas com um período em que não haviam mega-turnês. A banda gravava, percorria um determinado trajeto, quando muito saia de seu próprio país, e voltava para o estúdio, para manter o nome em evidência e a caixa registradora operando.
O Van Halen lançou seu primeiro disco em fevereiro de 1978. Menos de dois anos depois, em dezembro de 1979, estava entrando em estúdio para gravar seu terceiro álbum. Sim, terceiro. Nesse intervalo, eles já tinham lançado e divulgado o segundo disco também, em uma atividade criativa incessante. Criatividade que garantiu que “Women And Children First”, lançado em março de 1980 e produzido mais uma vez por Ted Templeman, fosse o primeiro registro de sua carreira onde todas as canções eram de autoria própria.
Claro que também havia o diferencial de que, cada um desses discos, tinha entre 31 a 35 minutos de duração. No entanto, essa pouca duração gerava mais rotatividade. Lado A e Lado B, em alternância sucessiva e ininterrupta. Lado A iniciando com “And The Cradle Will Rock…”, uma faixa forte e pesada, com o tradicional vocal falado de David Lee Roth. Em seguida, Alex Van Halen domina o ambiente com uma batida tribal que prenuncia uma das melhores composições da carreira da banda, “Everybody Wants Some!!”, com a guitarra de Eddie Van Halen fazendo sobrevoos rasantes sobre o ritmo. “Fools” tem os backing vocals característicos do baixista Michael Anthony, cujo desempenho nas quatro cordas estará mais evidente na marcação de “Romeo Delight”, outra faixa antológica.
O Lado B abre com a cadência de “Tora! Tora!”, pequena inserção instrumental que faz contraste com os falsetes de Lee Roth em “Loss Of Control”, voltando na sequência para o Hard Rock direto de “Take Your Whiskey Home”. “Could This Be Magic?” é uma peça de Blues ancestral, que se comunica com o tipo de faixa diferenciada que costuma aparecer em cada disco da banda, trocando apenas a interpretação de crooner por um cantarolar mais sutil. “In A Simple Rhyme” encerra o álbum evidenciando todas as características do Van Halen, com baixo e bateria se esmerando para que Eddie fique livre para seu espetáculo à parte, e com os backing vocals finalizando em uma melodia suave que chama “Growth” para dar o ponto de encerramento com a devida distorção.
Um ano depois que “Women And Children First” chegou às lojas, o Van Halen retornou para o estúdio. Um ano, um período de tempo mais extenso do que os intervalos anteriores, mostrando que, de disco em disco, a outrora banda revelação ganhava terreno e transmutava-se no gigante consolidado que conhecemos.
Formação
David Lee Roth – vocal
Eddie Van Halen – guitarra
Alex Van Halen – bateria
Michael Anthony – baixo
Músicas
01.And the Cradle Will Rock…
02.Everybody Wants Some!!
03.Fools
04.Romeo Delight
05.Tora! Tora!
06.Loss of Control
07.Take Your Whiskey Home
08.Could This Be Magic?
09.In a Simple Rhyme
10.Growth
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8.5/10