Quando o Soulfly lançou este oitavo álbum de sua discografia, a carreira de Max Cavalera com sua banda de New Metal podrão já estava às mil maravilhas. O músico já se sentia muito bem com a sua calejada nova proposta, e público não lhe faltava para aplaudir, ir aos shows e consumir seus álbuns, mesmo depois deste “Enslaved”, que tenta uma aproximação ao que o guitarrista e vocalista deixou há muito tempo pra trás: heavy metal.
Não se pode condenar este CD da forma que os fãs do Sepultura pós-Max condenam toda a discografia da banda. “Enslaved” é muito bem produzido e músicas como “Treachery“, “Legions” e “World Scum”, apesar de meio industriais, tentam soar como thrash metal, assim como “American Steel” que tem umas bases pesadonas e um bom “punch”, o ruim é que, para quem gosta de metal mesmo, perderá fácil o tesão com alguns arranjos exagerados no disco, que levam as músicas mais à experimentação, do que ao metal propriamente dito. Aquela tosqueira tribal que Max arrancou de “Roots” para levar ao Soulfly não chegou aqui, mas em compensação, há momentos em que o disco parece ser um tributo à cultura hindu.
Durante a audição de “Enslaved” você pode até se perguntar: “Velho! Esse David Kinkade é o mesmo baterista que tocou no Borknagar?” Sim, é ele mesmo. “E o que Tony Campos do Fear Factory e Ministry faz aqui?” Ok, essas bandas também são meio extravagantes, mas brother, o cara já foi do Brujeria e do Possessed!, é aí que você se dá conta de que a arte é linda e às vezes prega peças. Vou até deixar Marc Rizzo de fora porque este já é fiel escudeiro de Max e não consigo pensar no Cavalera Conspiracy sem ele. Houve quem dissesse que o Soulfy finalmente encontrou um caminho para o metal extremo, fez as pazes com sua veia, mas lembre-se de que disseram o mesmo com Metallica em “Death Magnetic” e hoje ninguém fala mais naquela forçação de barra. Aliás, me parece que “Enslaved” já caiu no ostracismo dos fãs também.
Enfim, Max Cavalera, neste álbum, tinha uma formação que era praticamente um “dream team” do metal extremo, uma máquina implacável de calar a boca de viúvas do Sepultura e o que ele fez? Gravou um álbum meia-boca para skatista adolescente escutar no ipod enquanto vai à escola, gravou um álbum que você escuta uma, duas, três vezes e acha legal, mas depois encosta. A formação nem conseguiu se manter para o próximo disco. Ah, meu! Isso é o que chamo de “batida na trave”.
Uma das canções mais legais que há no disco é “Bastards”, que tem um clima realmente pesado, diabólico e furioso, mas só saiu na versão digipak, nem na japonesa saiu, mas você a encontra nas plataformas de streaming junto a outros três bônus. Outra interessante pelo tema é “Plata o Plomo“, que é cantada em português e refere-se ao traficante Pablo Escobar. Sobre a música em si, fãs de Korn vão adorar.
Se você é mente aberta para a música, tem aquela uma personalidade bem eclética, este álbum do Soulfy é o que procura. É um “rockão paulera” com metal nas guitarras – alás, riffs são coisas que Max nasceu pra fazer em sua guitarra de quatro cordas – e um pouco de complexidade, mas é o que a turma de hoje em dia gosta e Max sabe disso. Particularmente, entre Soufly e Sepultura fico com Cavalera Conspiracy, este separa os meninos dos homens. Boa audição!
Formação:
Max Cavalera (vocal, guitarra e cítara)
Marc Rizzo (guitarra e violão flamenco)
Tony Campos (baixo)
David Kinkade (bateria e percussão)
Faixas:
01. Resistance
02. World Scum
03. Intervention
04. Gladiator
05. Legions
06. American Steel
07. Redemption Of Man By God
08. Treachery
09. Plata o Plomo
10. Chains
11. Revengeance
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5/10