Não é exagero afirmar que o Sodom é o nome mais consistente do Big 4 germânico. Capitaneado por Tom Angelrippera mais de 3 décadas, sempre pareceu simples para a banda fazer um bom álbum de Thrash. Claro, assim como todas as bandas de sua época, tiveram algumas variações de qualidade em sua discografia, principalmente em meados dos anos 90 (período no qual flertaram com o Punk/Hardcore), mas até mesmo álbuns como Get What You Deserve (94) e Masquerade in Blood (95), possuem muitas qualidades. A verdade é que nunca lançaram um trabalho que pudesse realmente ser tachado de fraco.
M-16, lançado em 22 de outubro de 2001, é o 10º trabalho de estúdio da banda alemã e marca seus 20 anos de carreira. Infelizmente, não é muito lembrado pelos fãs, o que é uma injustiça. Talvez isso se dê pelo momento em que ele foi lançado, no mesmo ano que os ótimos Violent Revolution, do Kreator, e The Antichrist, do Destruction, ou então pelas injustas comparações com o clássico Agent Orange (89), já que abordam o mesmo tema, a Guerra do Vietnã (1955-1975), mas a verdade é que ele passa longe de ser um trabalho menor.
Como já dito, houve uma fase nos anos 90 em que o Sodom simplificou sua música, acrescentando muito de Punk/Hardcore ao seu estilo, mas a partir de Til Death Do Us Unite (97) as coisas começaram a voltar lentamente para os eixos. Nesse sentido, M-16 é o ponto alto dessa retomada, um álbum com a cara do grupo, agressivo, violento e técnico, uma blitzkrieg de raiva e ódio. Coeso em todos os sentidos, mostra-se diversificado, já que alterna de forma muito equilibrada momentos que não aliviam na velocidade com outros onde adotam uma pegada mais cadenciada. O resultado dessa mistura é explosivo.
Em M-16, 4 canções se colocam um patamar acima em matéria de qualidade. “Among the Weirdcong” possui um clima bélico, ótimas linhas de guitarra e diversas mudanças de andamento, enquanto “Napalm in the Morning” (com introdução retirada de Apocalipse Now, filme com o qual o álbum tem grande similaridade, graças ao discurso antibélico), mais cadenciada, soa implacável, com ótimas melodias e riffs e um refrão que você já sai cantando de primeira. A faixa-título também tem uma levada mid-tempo e, além de toda a brutalidade, possui um riff marcante e um dos melhores solos da carreira do Sodom. Já “Marines” é outra que conta com um ótimo trabalho de Bernemann na guitarra e conta com o melhor refrão de todo álbum.
Mas não pense que M-16 se limita a apenas essas músicas, já que é difícil contestar a qualidade de músicas como a massacrante “I Am the War”, a furiosa e hostil “Minejumper” e a pesada e frenética “Lead Injection”. O álbum ainda conta com um cover para “Surfin’ Bird”, do The Trashmen, que foi eternizada pelos Ramones, e que ficou bem correto. A produção ficou a cargo de Harris Johns, que produziu alguns clássicos do Sodom, além de bandas como Amon Amarth, Coroner, Helloween, Grave Digger, Kreator, Tankard, dentre outras. Deixou tudo limpo, mas sem perder a crueza. A capa, obra de Axel Hermann, que havia trabalhado já em Code Red (99), álbum anterior, deixa claro o que o ouvinte encontrará pela frente.
Vigoroso, violento e bruto, o Sodom mostrou que não estava para brincadeiras, em mais uma verdadeira aula de Thrash Metal. Eis um trabalho que deveria ser mais valorizado pelos fãs.
Formação:
Tom Angelripper (vocal e baixo);
Bernemann (guitarra);
Konrad “Bobby” Schottkowski (bateria).
Faixas:
01 – Among the Weirdcong
02 – I Am the War
03 – Napalm in the Morning
04 – Minejumper
05 – Genocide
06 – Little Boy
07 – M-16
08 – Lead Injection
09 – Cannon Fodder
10 – Marines
11 – Surfin’ Bird (The Trashmen cover)
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8/10