Toda banda tem sua fase clássica, e quando ela passa, as críticas são inevitáveis. O público se acostuma com a sonoridade que consolidou a marca e a relaciona a características musicais específicas, como se fossem imutáveis e não pudessem nunca ser alteradas… e quando o são, seja por qualquer motivo diverso (imposição de gravadora, cansaço, experimentalismo), as reações têm início.
Os britânicos do Saxon passaram por isso. Consolidados no cenário da New Wave of British Heavy Metal graças a álbuns como “Wheels of Steel” (1980) e “Power & The Glory” (1983), o conjunto acabou cedendo à pressão da gravadora EMI e passou a flertar com o Hard Rock, estilo comercialmente bem-sucedido na época. O resultado foi o álbum “Innocence Is No Excuse”, de 1985, que abriu as porteiras para as diversas divisões opinativas de fãs e mídia.
Mesmo assim, a banda manteve o pique; afundou-se ainda mais no Hard Rock e lançou um ano mais tarde, em 1986, o bom “Rock The Nations”. Nesse disco, praticamente não se encontra traços de Heavy Metal, já que a banda executa instrumentalmente e também vocalmente (embora a tentativa vocal seja mais esforçada) o Hard Rock imperante daquele tempo. Evidentemente, o trabalho não é o disco preferido dos fãs, tampouco é uma obra referencial de Hard Rock. As músicas são boas, os arranjos são nostálgicos, é dignamente um disco filho de seu tempo, mas deixa a desejar, apesar de tudo.
A falta de brilho, de músicas fortes que impactam e se diferenciam entre as demais, seja pelo refrão, pela energia de seu andamento ou por aquele solo que atinge a alma, acaba por empurrar “Rock The Nations” para a periferia do estilo – e isso deixa as coisas ainda mais complicadas para o Saxon que, por si só, já é uma banda periférica mesmo no reino do NWOBHM, apesar das tentativas de fãs de conscientizar o público sobre sua qualidade a fim de elevar o status da banda.
De qualquer forma, o registro não entrega uma audição penosa. É fluida, boa, mas… só não é a melhor coisa por aí. Falta vontade e criatividade, atributos que possivelmente tirariam o status de disco genérico de “Rock The Nations”. Ainda assim, ele é encerrado de maneira diferenciada com a sentimental “Northern Lady”, que tem piano na base.
Provavelmente, chamar o Saxon de uma banda periférica chateará alguns fãs, mas é a visão que tenho dos britânicos e não acho injusta. Há muita tentativa de colocá-los artificialmente no mesmo patamar de consagrados por mil motivos como Iron Maiden, Black Sabbath e Judas Priest, mas de um modo realista, isso não é possível. As três são bandas impressionantes, já o Saxon está na normalidade, embora alguns discos sejam bons de se destacar. “Rock The Nations” é um disco bom, mas na média – assim como o Saxon, banda boa, mas na média.
Formação:
Biff Byford (vocal e baixo);
Graham Oliver (guitarra);
Paul Quinn (guitarra);
Nigel Glockler (bateria).
Faixas:
01 – Rock The Nations
02 – Battle Cry
03 – Waiting For The Night
04 – We Came Here To Rock
05 – You Ain’t No Angel
06 – Running Hot
07 – Party ‘Til You Puke
08 – Empty Promises
09 – Northern Lady
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6/10