Todos sabem que a década de noventa foi um período um tanto conturbado para o Metal. Ainda que o Metal Extremo tenha tido a sua ascensão nesse período e diversas bandas tenham alcançado êxito comercial durante esses anos, não há como negar que a atenção da mídia estava muito mais direcionada a gêneros mais alternativos, o que fez com que muitos trabalhos da música pesada de vanguarda passassem despercebidos e não recebessem a atenção devida na época do lançamento. Provavelmente, um forte exemplo disso seja “Metalhead”, o décimo álbum de estúdio do Saxon.
Lançado em 1º de setembro de 1999 através da gravadora independente Steamhammer, o álbum conta com a participação do baterista alemão Fritz Randow, músico que teve passagens por Eloy, Sinner e Victory, entre outros. O motivo da ausência do baterista do grupo, Nigel Glockler, foi em decorrência de uma séria lesão em um nervo do pescoço do músico. De qualquer maneira, Nigel ainda participaria do processo de composição desse registro, mais especificamente na introdução desse trabalho. O integrante retornou à banda seis anos mais tarde. Agora, sem mais delongas, vamos nos aventurar pelo conteúdo magistral dessa obra concebida no finalzinho dos anos noventa.
Uma épica e progressiva introdução se encarrega de abrir o disco, seguida da certeira faixa-título, “Metalhead”, uma canção cadenciada e dona de acordes pegajosos. A voz de Biff Byford soa muito boa já nos primeiros instantes da música, assim como todo o trabalho instrumental desenvolvido pela banda. Os riffs da dupla de guitarristas Doug Scarratt e Paul Quinn não desapontam por um segundo sequer e a “cozinha” formada pelo baixista Nibbs Carter e pelo baterista Fritz Randow é incisiva e imponente. “Are We Travellers In Time” também é poderosa, brindando os ouvintes com um Hard/Heavy igualmente cativante.
Iniciando com notas melódicas e suaves e rapidamente rumando para uma energética aula de Heavy Metal, “Conquistador” é um dos grandes momentos desse trabalho. Trata-se de uma composição de altíssimo nível, dotada de peso e vigor irrepreensíveis. Repleta de um groove viciante, “What Goes Around” também é uma ótima faixa, recheada de feeling em cada arranjo. Mais pesada, “Song of Evil” é exatamente o que fã de Heavy Metal espera de uma canção do estilo: harmonia e peso na medida certa, tudo executado com excelência por esses veteranos.
Se por acaso o ouvinte ainda não está satisfeito, ele provavelmente ficará extremamente surpreso com a faixa seguinte, a arrasa-quarteirão “All Guns Blazing”. Creio que apenas os primeiros acordes da música e o agudo proferido por Biff Byfford nos primeiros segundos sejam o suficiente para isso. O que dizer a respeito de tamanha quimera? METAL! Em letras graúda mesmo. Puro. Simples. Direto. Perfeito! O trabalho prossegue com as composições “Prisoner”, “Piss Off” e “Watching You”, ambas dotadas de passagens marcantes e grudentas. A qualidade do álbum jamais decai, muito pelo contrário. Para encerrar essa décima entrega de estúdio, os músicos produziram “Sea of Life”, outra composição que mescla belíssimas melodias com um peso metálico robusto.
Sem tempo para firulas desnecessárias ou qualquer tipo de “enrolação”, “Metalhead” é um álbum impecável. Todas as composições são de muito bom gosto e não há faixas fracas aqui. Um dos incontáveis discos que merece ser ouvido à exaustão e no talo!
Formação:
Biff Byford (vocal);
Doug Scarratt (guitarra);
Paul Quinn (guitarra);
Nibbs Carter (baixo);
Fritz Randow (bateria).
Músicos Convidados:
Chris Bay (teclados)
Nigel Glockler (teclados – faixa 01)
Faixas:
01 – Intro
02 – Metalhead
03 – Are We Travellers In Time
04 – Conquistador
05 – What Goes Around
06 – Song of Evil
07 – All Guns Blazing
08 – Prisoner
09 – Piss Off
10 – Watching You
11 – Sea of Life
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9/10