O Paradise Lost sempre se caracterizou por fazer o que teve vontade, sem se dobrar a pressões, fossem essas advindas de seus fãs ou da indústria musical. Isso resultou em momentos conturbados, principalmente na fase Host (1999), que se hoje é bem-aceita pela maioria dos fãs (afinal, todos amadurecemos), na época foi marcada por muitos narizes torcidos e fãs deixando a banda de lado. A partir de Symbol of Life (02), um lento processo de resgate de sua história começou, algo que foi ficando cada vez mais visível nos trabalhos seguintes.
Faith Divide Us – Death Unite Us (09) foi um trabalho marcante para os fãs e, para muitos, o retorno definitivo do Paradise Lost após um período de trevas, já que se mostrava seu álbum mais pesado desde a década de 90. Sendo assim, a responsabilidade de Tragic Idol era grande, pois de certa forma tinha a obrigação de manter esse bom momento. E no final de tudo, não soa exagero algum afirmar que ele acaba por soar como uma evolução natural de seu antecessor, conseguindo com sobras manter o processo de ascensão que vinha ocorrendo.
A grosso modo, podemos dizer que com Tragic Idol fizeram uma releitura do período compreendido entre os clássicos Icon (93) e Draconian Times (95), mesclando com categoria e equilíbrio ímpar o peso do Metal (ainda que um pouco menos que Faith) e a melancolia do Gótico. Isso resultou não só em um álbum empolgante, mas também em uma profusão de canções com potencial para se tornarem clássicos indeléveis do grupo. Os vocais de Nick Holmes se aproximam demais do seu trabalho em Icon, as guitarras de Gregor Mackintosh e Aaron Aedy estão afiadíssimas, enquanto Stephen Edmondson e Adrian Erlandsson esbanjam boa técnica e coesão na parte rítmica. Tinha como não dar certo?
Sem dúvida alguma, esse é um trabalho cativante e poderoso, com aquela atmosfera de melancolia característica do Paradise Lost pairando sobre todas as canções aqui presentes, que, por sinal, soam mais fortes que as do trabalho anterior. Greg Mackintosh, em seu melhor trabalho até então, mistura riffs tipicamente Doom com ótimas melodias, além de nos presentear com alguns solos inspiradíssimos. Os maiores destaques aqui ficam por conta de “Fear Of Impending Hell”, melhor do álbum, com um refrão grudento (não sai da minha cabeça por nada) e uma influência mais do que saudável de The Sisters Of Mercy, “Crucify”, “To The Darkness”, “Theories From Another World”, “In This We Dwell” e a ótima “Honesty In Death” (com um belíssimo solo de guitarra). Simplesmente um álbum essencial!
Formação:
– Nick Holmes (vocal);
– Gregor Mackintosh (guitarra);
– Aaron Aedy (guitarra);
– Stephen Edmondson (baixo);
– Adrian Erlandsson (bateria).
Faixas:
01. Solitary One
02. Crucify
03. Fear of Impending Hell
04. Honesty in Death
05. Theories from Another World
06. In This We Dwell
07. To the Darkness
08. Tragic Idol
09. Worth Fighting For
10. The Glorious End
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9/10