Resenhar qualquer trabalho de uma banda consagrada é sempre complicado. Muito disso se explica pela expectativa que se cria a cada lançamento. No caso do Motörhead, sempre se espera que a banda soe como um Rock ‘n’ Roll clássico calcado no Heavy Metal, ou ao contrário.
Cercado de desconfiança pelo estado de saúde de seu frontman, Lemmy Kilmister, o Motörhead lança em outubro de 2013 o que seria o seu penúltimo trabalho, “Aftershock”. Apesar das especulações acerca do baixista e vocalista, a banda cumpre seu objetivo. Todas as características que fizeram do trio o que sempre foi estão presentes neste registro. O “mais do mesmo” feito pelo Motörhead certamente deve ter agradado os fãs. A começar pela pesada faixa de abertura, “Heartbreaker”, que apresenta a veia mais Heavy Metal do Motörhead. A voz rouca de Lemmy Kilmister e a guitarra de Philip Campbell são os destaques. A boa “Coup De Grace” vem na sequência com um ritmo mais cadenciado, porém mantendo o peso da anterior.
A terceira faixa, “Lost Woman Blues”, é mais voltada para o Blues e tem belos solos de guitarra de Philip Campbell. A música fica mais pesada na reta final e esse peso passa para a faixa seguinte. “End Of Time” e “Do You Believe vão direto ao ponto. Duas faixas do Rock ‘n’ Roll clássico que o Motörhead se acostumou a fazer. Mikkey Dee se solta mais na bateria na primeira e o baixo de Lemmy Kilmister é o grande destaque da segunda.
“Death Machine” é mais arrastada e a mais fraca do disco. A ressalva vai para o baixo e a guitarra, que mesmo em uma música que não empolga, se mostram muito competentes. A próxima é a balada “Dust And Glass”, que tem um clima bem particular, com Lemmy como protagonista. No geral esta pode ser considerada outra faixa descartável.
“Going To Mexico” lembra muito de “Going To Brazil” do disco “1916”. A faixa dá um gás no álbum e o Motörhead volta com tudo. O trio soa bastante coeso, com todos os músicos se destacando em determinado momento. Esta é uma das melhores músicas de “Aftershock”.
A próxima é a boa “Silence When You Speak To Me”, mais uma voltada para o Rock ‘n’ Roll, estilo que a banda já usou muito ao longo da carreira. “Crying Shame” apresenta um lado mais Hard Rock do Motörhead. A faixa tem a guitarra de Philip Campbell como destaque, principalmente no solo.
Em seguida “Queen Of The Damned” nos remete à fase clássica da banda, principalmente à época do clássico “Ace Of Spades”. O baixo de Lemmy merece toda a atenção, além da bateria de Mikkey Dee. Até o momento, a melhor faixa do disco.
A interessante “Knife” tem um refrão marcante e Philip Campbell como destaque. Baixo e bateria recebem mais atenção em “Keep Your Powder Dry”. A faixa tem um dos refrãos mais cativantes e grudentos do disco, além de ser mais uma voltada para o Hard Rock. “Paralyzed” encerra “Aftershock” com muito peso e um Mikkey Dee finalmente aparecendo de forma mais notável. O clima da faixa é a melhor forma de deixar uma última boa impressão do disco. “Aftershock” não é um trabalho em que o Motörhead vá mostrar algum tipo de inovação no seu estilo, mas entrega tudo que os fãs esperam da banda: peso, velocidade e muito Rock ‘n’ Roll.
Formação:
Lemmy Kilmister (R.I.P. 2015)(vocal e baixo);
Philip Campbell (guitarra);
Mikkey Dee (bateria).
Faixas:
01 – Heartbreaker
02 – Coup De Grace
03 – Lost Woman Blues
04 – End Of Time
05 – Do You Believe
06 – Death Machine
07 – Dust And Glass
08 – Going To Mexico
09 – Silence When You Speak To Me
10 – Crying Shame
11 – Queen Of The Damned
12 – Knife
13 – Keep Your Powder Dry
14 – Paralyzed
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8/10