O segundo disco do Maiden a ser produzido em solo britânico. O pontapé da “Donzela” nos anos 1990. O primeiro disco do Maiden a contar com o guitarrista Janick Gers. O álbum que deu à banda seu primeiro single no topo das paradas do Reino Unido. Cru, direto, curto, mas longe, muito longe de ser um álbum ruim. Esse é “No Prayer for the Dying”.
Foi no estúdio móvel dos Rolling Stones, devidamente instalado em um celeiro nos arredores da mansão de Steve Harris, em Essex, no início de 1990, que as sessões de gravação do oitavo disco de estúdio do Iron Maiden foram realizadas. Mas isso após a saída de um de seus maiores compositores: Adrian Smith.
Um dos pontos determinantes para a saída de Adrian foi o direcionamento que Steve queria para a banda. No livro “Run To The Hills – A Biografia Autorizada”, escrito pelo jornalista Mick Wall, lançado no Brasil em 2014 pela Generale, uma frase do guitarrista deixa a situação bem aparente. Segundo Adrian Smith, a “vibe era ‘vamos voltar a fazer músicas com sonoridade bem crua, como no álbum Killers’, e eu não queria fazer aquilo. Achava que estávamos na direção certa com os dois últimos discos, e, para mim, a banda daria um passo atrás a abandonar tudo aquilo. Sentia que a gente devia continuar seguindo em frente e, portanto, aquela abordagem não me parecia correta”. Não demorou muito e a decisão estava tomada. Era necessário encontrar um novo guitarrista para o Maiden rapidamente
Janick Gers, que havia gravado o primeiro disco solo de Bruce Dickinson, Tattooed Millionaire (1989), foi a escolha óbvia. E assim, em menos de três semanas, e mais uma vez com o auxílio do produtor Martin Birch, No Prayer… estava pronto. Um som mais grave em relação aos dois discos anteriores, uma produção mais comedida, os sintetizadores de outrora foram abandonados, mas, no geral, o instrumental é muito bom.
“Tailgunner” abre o disco em grande estilo, vigorosa, forte, como uma faixa de abertura deve ser. Na sequência o primeiro single do disco, “Holy Smoke”, que foi direto para o Top 10 na Inglaterra. Outros destaques são “Public Enema Number One”, “Fates Warning”, “The Assassin”, a faixa-título e, claro, “Bring Your Daughter… To The Slaughter”, o primeiro single do Iron Maiden a tornar-se número 1 nas paradas do Reino Unido. A música foi originalmente composta na carreira-solo de Bruce e como parte da trilha sonora do filme “A Hora do Pesadelo 5”. Steve diria, anos mais tarde, que nunca gostou muito de singles, mas, “ver ‘Bring Your Daughter’ chegar no Top 1, devo admitir, me deixou orgulhoso. Mesmo depois de tanto tempo de carreira, me fez ficar animado novamente, como se realmente valesse a pena, como se fosse uma reafirmação de que estávamos fazendo alguma coisa certa”.
A turnê do disco, intitulada “No Prayer on the Road”, se iniciou com um show “secreto” na cidade de Milton Keynes, em 19 de setembro de 1990. A produção do palco, diferentemente das turnês anteriores, foi bem mais simples, básicas, com pouca iluminação e efeitos especiais, sem firulas, mas repletas de energia, principalmente por parte do estreante Janick Gers – que continua assim até os dias de hoje.
Nos Estados Unidos o disco não foi tão bem recebido, mas os rumos da música pesada estava mudando no mercado norte-americano. Havia ali uma nova realidade. O Thrash Metal estava em alta e um novo estilo musical surgia: o Grunge. Em contrapartida, em outras partes do mundo, especialmente na Inglaterra, o Iron Maiden continuava inabalável, e seu próximo disco, “Fear of the Dark”, se tornaria um dos mais vendidos de sua história. Mas essa história fica pra amanhã.
Formação:
Bruce Dickinson – vocal
Janick Gers – guitarra
Dave Murray – guitarra
Steve Harris – baixo
Nicko McBrain – bateria
Faixas:
01. Tailgunner
02. Holy Smoke
03. No Prayer for the Dying
04. Public Enema Number One
05. Fates Warning
06. The Assassin
07. Run Silent Run Deep
08. Hooks in You
09. Bring Your Daughter… to the Slaughter
10. Mother Russia