Em 1975, Steve Harris fundou em Londres, capital inglesa, uma das maiores instituições do Heavy Metal mundial. Naquele mesmo ano, o baixista escolheu o nome “Iron Maiden” tendo como inspiração o filme “O Homem da Máscara de Ferro”, de 1939, que tem como base a obra do romancista francês Alexandre Dumas. Além da película, a ligação verbal com um instrumento de tortura de mesmo nome do grupo ajudou a batizar o quinteto.
O Iron Maiden demorou três anos para estabilizar a formação e, em 1978, junto com Steve Harris, estavam o guitarrista Dave Murray, o vocalista Paul Di’Anno e o baterista Doug Sampson definindo o line-up. Ainda em 1978, Steve Harris enviou uma demo para o gerente Rod Smallwood, que acabou se interessando e aceitou gravar algumas músicas em um EP. “The Soundhouse Tapes” teve lançamento em novembro de 1979 com uma tiragem de 5 mil cópias. O trabalho rendeu um contrato com a renomada gravadora EMI. Algum tempo depois, o baterista Doug Sampson saiu da banda por problemas de saúde e Clive Burr (R.I.P. 2013) assume o posto, além de o Iron Maiden passar a contar com uma guitarra extra, que seria tocada por Dennis Stratton.
Em dezembro, a banda foi para o estúdio Kingsway, em Londres, para fazer uma gravação com o produtor Guy Edwards. O resultado não foi satisfatório e Edwards acabou demitido, porém não foi o único. Um segundo produtor, Andy Scott teve o mesmo destino por “obrigar” Steve Harris a usar palhetas em vez dos dedos para tocar. Após esse período sem sorte com produtores, a banda chamou Will Malone para produzir o álbum. As gravações do autointitulado duraram somente 13 dias, sendo concluídas em fevereiro de 1980. Embora “Iron Maiden” tenha sido um sucesso de público e crítica, Steve Harris ficou insatisfeito com o som ainda muito cru, compreensível por se tratar de um primeiro disco.
O álbum abre com “Prowler”, que é bem a cara da New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM). A banda já mostra todo o potencial que tinha na época, principalmente o baterista Clive Burr e o baixista Steve Harris. A música tem algumas mudanças de andamento e um refrão marcante, com os backing vocals de Harris e o guitarrista Dennis Stratton. É uma faixa bem interessante para começar o disco.
Em seguida vem “Remember Tomorrow”, que começa mais densa e lenta que a anterior. Steve Harris e o vocalista Paul Di’Anno carregam a música sozinhos, mas logo entram as guitarras de Dave Murray e Dennis Stratton, além da bateria de Clive Burr. Di’Anno ainda emplaca uns agudos, mas a faixa só ganha força mesmo a partir do refrão. Logo percebemos que o que a banda desenvolveria em seu som mais adiante já estava presente aqui, porém faltava “aparar as arestas”. O baixo e as guitarras nos segundos finais são um bônus muito bem-vindo.
A próxima é uma das mais conhecidas da banda, principalmente nesta fase inicial. A levada meio dançante de bateria e baixo já tornam “Running Free” empolgante. Quando entram as guitarras dá para perceber melhor o som que se fazia na Inglaterra na época, a já citada NWOBHM. O refrão é simples e bastante grudento. A guitarra de Dave Murray se sobressai em diversos momentos, aliada ao baixo de Steve Harris.
Mantendo a pegada, “Phantom of The Opera” começa com a guitarra acelerada e logo parte para o ritmo mais “cavalgado”, que se tornaria uma característica própria do Iron Maiden ao longo da discografia. A faixa tem um excelente solo de guitarra, cortesia de Dave Murray. Ele e Steve Harris “duelam” por outro longo e grandioso solo. As “guitarras gêmeas” também já estavam presentes aqui. Certamente “Phantom of The Opera” pode ser considerada uma das melhores do álbum.
Guitarras e baixo abrem a instrumental “Transylvania”. A faixa mantém o nível do disco e provavelmente é uma das instrumentais mais conhecidas da história do Heavy Metal. Clive Burr faz o básico no começo, mas perto do solo ele mostra toda a sua habilidade na bateria, porém o destaque vai, novamente, para Dave Murray. Inúmeros solos, um melhor que o outro no disco inteiro, mostram o talento do guitarrista. É uma boa oportunidade para ver do que a banda é capaz de fazer instrumentalmente.
“Strange World” vem na mesma toada de “Remember Tomorrow”. Dave Murray nos brinda com mais um de seus maravilhosos solos. A música é bem arrastada, mas ganha um crédito justamente pelos solos de Murray, junto com a base do baixo poderoso de Steve Harris. Paul Di’Anno faz o trivial, mas fica nítido que o posto que o Maiden precisaria melhorar seria justamente o vocal, pois tem momentos que o vocalista destoa demais dos outros instrumentistas, principalmente nesta faixa.
O ritmo fica mais acelerado novamente quando “Charlotte The Harlot” começa a tocar. Assim como o refrão de “Running Free”, este também é bem grudento. Esta é outra faixa com uma pegada bem característica da NWOBHM. A música fica mais arrastada aproximadamente na metade, mas logo volta com tudo e nos trazendo outro grande solo de guitarra. Paul Di’Anno melhora nesta faixa, mas o desempenho vocal dele no trabalho como um todo é bem razoável.
Fechando o álbum temos uma das músicas mais emblemáticas da carreira do Iron Maiden e a minha favorita do disco. A faixa que dá nome à banda e ao debut chega quebrando tudo. A banda inteira tem grandes performances, inclusive Paul Di’Anno, que tem seu melhor momento no álbum. A banda se entrega de corpo e alma para fechar “Iron Maiden” com uma ótima impressão e, claro, conseguiram.
No geral, o Iron Maiden estreou com um álbum bem cru e direto. O disco de estreia fez a banda começar com o pé direito a escrever sua história na música pesada.
Formação:
Paul Di’Anno (vocal);
Dave Murray (guitarra);
Dennis Stratton (guitarra e backing vocal);
Steve Harris (baixo e backing vocal);
Clive Burr (bateria).
Faixas:
01 – Prowler
02 – Remember Tomorrow
03 – Running Free
04 – Phantom of The Opera
05 – Transylvania (Instrumental)
06 – Strange World
07 – Charlotte The Harlot
08 – Iron Maiden
-
8/10
1 comment
Belíssima resenha, profissional, concisa. Parabéns!
Comments are closed.