“The Dark Ride” foi sem dúvida alguma, o álbum mais sombrio do Helloween. Obstante sua qualidade, ele marcou uma fase conturbada da banda, já que acabou por gerar sérios problemas de relacionamento entre seus integrantes durante o processo de gravação e resultou nas conturbadas saídas de Roland Grapow e Uli Kusch, que acabaram por formar o Masterplan. Suas vagas foram preenchidas pelo guitarrista Sascha Gerstner (vindo do Freedom Call) e o baterista Mark Cross, oriundo do Metalium.
“Rabbit Don’t Come Easy” deveria então marcar o início de uma nova era para os alemães, mas a “zica” ainda parecia estar solta na banda. Logo no início do processo de produção, Mark Cross contraiu mononucleose, tendo assim que sair do Helloween e gravando apenas duas músicas em estúdio. O restante do álbum contou com ninguém menos que Mikkey Dee, e após o mesmo, Stefan Schwarzmann assumiu as baquetas (para sair logo no ano seguinte). Além disso, Michael Weikath não escondia de ninguém que havia odiado “The Dark Ride”, que o mesmo não representava o que era o Helloween e que pretendia virar essa página de uma vez por todas.
Sendo assim, na maior parte do tempo temos o retorno do bom, velho e típico estilo “Happy Happy Helloween” de sempre. E bem, talvez aí esteja o grande problema de “Rabbit Don’t Come Easy”: soar tão típico que acaba previsível demais. Vide por exemplo “The Tune”, que de tão óbvia chega a ser irritante. Não ajuda muito também o fato de que, na maioria das vezes, quando tentam sair do padrão estabelecido, as coisas não funcionam bem. Vide a tentativa de dar um toque oriental nas melodias de “Never Be A Star” ou de soarem um pouco mais modernos em “Back Against The Wall”.
Mas vejam bem, não estamos falando aqui de uma banda qualquer, mas do Helloween, uma banda que mesmo quando não está em seu melhor momento, consegue forjar alguns momentos brilhantes. “Liar”, um Power Metal pesado e direto, com algo de Thrash nas guitarras, funciona muito bem, assim como a forte “Open Your Life”. Em ambas, não faltam riffs marcantes e aquelas melodias grudentas que ficam por um tempo em sua cabeça. “Hell Was Made In Heaven” e “Sun 4 The World” são outras duas canções que podem ser apontadas como destaque em “Rabbit Don’t Come Easy”. Por sinal, nessa última conseguem se redimir do equívoco de “Never Be A Star”, trazendo para a composição um clima oriental muito interessante.
A produção ficou a cargo do experiente Charlie Bauerfeind (Blind Guardian, Angra, Hammerfall, Gama Ray, Saxon), também responsável pela mixagem. Claro que a qualidade não poderia deixar de ser muito boa, mas me incomodou um pouco o fato de que a bateria está um pouco mais alta nas canções que contaram com a participação de Mikkey Dee. Mas, de resto, não há o que se apontar de falho. Já a capa foi obra de Rainer Laws e é forte candidata à mais feia presente em um álbum da banda. Um verdadeiro equívoco.
Entre erros e acertos, fica um disco mediano e que, se não agrada, também não aborrece, ocupando o posto de trabalho mais fraco do Helloween desde o contestado “Chameleon”. Indicado aos fanáticos pela banda e aos que curtem o trabalho da banda com Andi Deris.
Formação:
Andi Deris (vocal);
Michael Weikath (guitarra);
Sascha Gerstner(guitarra);
Markus Grosskopf (baixo);
Mark Cross(bateria).
Musico convidado:
Mikkey Dee(bateria).
Faixas:
01 – Just A Little Sign
02 – Open Your Life
03 – The Tune
04 – Never Be A Star
05 – Liar
06 – Sun 4 The World
07 – Don’t Stop Being Crazy
08 – Do You Feel Good?
09 – Hell Was Made In Heaven
10 – Back Against The Wall
11 – Listen To The Flies
12 – Nothing To Say
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6/10