Se algo pode ser dito sobre o Hammerfall é que a banda realmente trabalha em busca de seus objetivos. Desde 1997, quando estreou com um disco absolutamente cativante, quase todo ano tem algo novo sendo lançado, sejam álbuns, vídeos, discos ao vivo ou coletâneas, nunca tendo ocorrido algum período superior a dois anos sem alguma novidade.
Por um lado isso foi compensador, mas, por outro, adveio o inevitável desgaste. No momento de lançar seu sétimo álbum “No Sacrifice, No Victory”, esse desgaste surgiu mais evidente com o rompimento de dois membros da formação que estavam nas fileiras do Hammerfall desde 1998, quando lançaram o excelente disco “Legacy Of Kings”, o guitarrista Stefan Elmgren e o baixista Magnus Rosén. Para seus postos vieram o guitarrista Pontus Norgren e o baixista Fredrik Larsson, que já havia gravado o álbum de estreia, o maravilhoso “Glory to the Brave”.
A volta de um membro original, que havia participado da concepção de um disco tão fundamental na história do Hammerfall, poderia ser um fator de retomada da banda aos trilhos, mas não foi exatamente o que aconteceu. “No Sacrifice, No Victory” é um álbum que apenas marca presença dentro da discografia, sem decepcionar ou empolgar. A embalagem meio que prenuncia isso, pois a capa é uma ilustração bem simplória, meio mal acabada até. Muito pouco para quem já estampou trabalhos assinados por Andreas Marschall.
Desconsiderando esse pequeno porém, e partindo para a audição das músicas, o disco começa muito bem, com a faixa “Any Means Necessary”, uma música bem empolgante, com um ritmo marcial e que tem um refrão que, na primeira vez que escutei, estranhei bastante, mas logo que a canção terminou eu não parei mais de repeti-lo. Imediatamente na sequência, uma excelente faixa de hard rock, com a canção “Life Is Now”, mantém o nível em alta.
O Hammerfall é uma banda essencialmente revivalista. Ninguém deve pegar algum disco deles esperando encontrar os novos rumos do metal e, sim, uma releitura da linha mais tradicional do estilo, carregando nos tons épicos e melódicos, tendo Accept e Helloween como principais referências. É por isso que a próxima música, “Punish and Enslave” me soa como algo inspirado em Saxon, mas com os onipresentes refrões acceptianos. O que vem a seguir conseguiu me irritar instantaneamente, pois a intro da próxima faixa é de um tipo que já foi utilizado e-xaus-ti-va-men-te dentro do heavy metal. Dá até vontade de pular, mas é melhor não fazê-lo, pois a música “Legion” é certamente uma das melhores do álbum e, convenhamos, é difícil você errar com um refrão que tem o verso “my name is Legion”!
Numa sequência de altos e baixos, a balada “Between Two Worlds” poderia ter sido retirada do disco que não faria a menor falta, mas é facilmente esquecida depois que se inicia a música seguinte “Hallowed Be My Name”, com um ótimo refrão, sendo que esses geralmente são o ponto forte das canções do Hammerfall. A próxima faixa, a instrumental “Something For The Ages” é assinada pelos membros recém-ingressos e eles não decepcionam, visto que este é também o último grande momento do álbum. As três faixas próprias que se seguem não acrescentam muito ao que a banda tem condições de apresentar e, por fim, a cover do clássico pop “My Sharona”, surge apenas como uma divertida curiosidade, soando muito próxima do que poderia ser uma música da banda de new wave Devo.
“No Sacrifice, No Victory” finda por ser um disco cujo resultado fica um pouco acima da média, mas sem se aproximar do grau máximo de excelência. Mantém a base de fãs, mas dificilmente teria poder para agregar novos seguidores. Não creio que a pessoa que comece a ouvir Hammerfall por este disco tenha o mesmo ímpeto de adquiri-lo quanto o que foi causado por “Glory To The Brave”, mas isso não apaga os seus méritos. Nos momentos em que acertaram, eles foram competentes e justificaram a existência do álbum, mas, certamente, eles poderiam fazer muito mais.
Formação:
Joacim Cans (vocal);
Oscar Dronjak (guitarra);
Pontus Norgren (guitarra);
Fredrik Larsson (baixo);
Anders Johansson (bateria).
Convidados:
Biff Byford (backing vocal);
Dave Hill (backing vocal);
Nicky Moore (backing vocal);
Billy King (backing vocal);
Olaf Zenkbiel (backing vocal);
Mats Rendlert (backing vocal);
Johan Aremyr (backing vocal);
Joacim Lundberg (backing vocal);
Markus Skold (backing vocal);
Edward Janson (backing vocal);
Jens Johansson (órgão na faixa 5 e teclado na faixa 7);
Stefan Elmgren (guitarra na faixa 9).
Faixas:
01 – Any Means Necessary
02 – Life Is Now
03 – Punish and Enslave
04 – Legion
05 – Between Two Worlds
06 – Hallowed Be My Name
07 – Something for the Ages (instrumental)
08 – No Sacrifice, No Victory
09 – Bring the Hammer Down
10 – One of a Kind
11 – My Sharona (The Knack cover)
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7/10