Em 1998, o Death lançou o capítulo final de sua curta discografia. “The Sound of Perseverance” encerra uma trajetória marcada pela concepção da vertente conhecida atualmente como Death Metal.

Pode-se dizer que o Death encerrou sua história em grande estilo, já que as músicas apresentadas em “The Sound of Perseverance” são, em sua maioria, cercadas de momentos inspiradíssimos de todo o quarteto. A começar pela empolgante “Scavenger of Human Sorrow”, que abre o álbum com interessantes transições entre partes pesadas e agressivas com os momentos melodiosos. A faixa conta com duas guitarras ferozes e um Chuck Schuldiner arrebatador, tanto nas seis cordas quanto no vocal.

Em “Bite the Pain” as bases alternadas entre peso e melodia continuam. Porém, a base chama a atenção, com um pedal duplo intenso e um baixo onipresente, cortesia da dupla Richard Christy e Scott Clendenin. “Spirit Crusher” começa cadenciada mas vai progredindo ao longo da execução. A faixa é uma das melhores do álbum, com solos muito bem trabalhados e outra performance visceral de Chuck Schuldiner na guitarra e também como vocalista.

A arrastada “Story to Tell” traz uma linha de baixo bastante consistente, e isso acaba sendo um dos poucos destaques da faixa, que acaba se tornando uma das mais fracas, dado o excelente nível das anteriores. Uma introdução melódica e cheia de momentos virtuosos de guitarra inicia a imprevisível “Flesh and the Power It Holds”. A faixa tem diversas mudanças de andamento, marcada por influência do Thrash Metal no som do Death, além de uma belíssima passagem com um ótimo solo de guitarra acompanhado por providenciais aparições do baixo. Um dos maiores momentos do álbum, com absoluta certeza.

A instrumental “Voice of the Soul” é “apenas” mais uma amostra da excelência dos músicos do Death, com passagens cheias de melodias cativantes aliadas a solos de guitarra cheios de feeling que vão direto na alma. “To Forgive Is to Suffer” segue a linha geral do álbum, com mais alternâncias de ritmo, mas com uma predominância de trechos mais lentos. No entanto, a faixa só empolga na reta final, a partir do bom solo de guitarra. “A Moment of Clarity” traz uma das melhores performances do baterista Richard Christy em “The Sound of Perseverance”, com seu frenético pedal duplo.

Para coroar a atuação do Death, a banda surpreende com o cover de “Painkiller”, do Judas Priest. A versão dos estadunidenses deu uma dose descomunal de fúria que deixou a composição dos ingleses com muito mais energia. Além disso, Chuck Schuldiner simplesmente arregaça na interpretação deste clássico incontestável do Judas Priest. De forma geral, “The Sound of Perseverance” pode ser considerado uma despedida digna de uma das grandes instituições do Death Metal mundial.

Formação:
Chuck Schuldiner (R.I.P. 2001) (vocal e guitarra);
Shannon Hamm (guitarra);
Scott Clendenin (R.I.P. 2015) (baixo);
Richard Christy (bateria).

Faixas:
01 – Scavenger of Human Sorrow
02 – Bite the Pain
03 – Spirit Crusher
04 – Story to Tell
05 – Flesh and the Power It Holds
06 – Voice of the Soul (instrumental)
07 – To Forgive Is to Suffer
08 – A Moment of Clarity
09 – Painkiller (Judas Priest cover)