Década de 90. Considerado por muitos o “período das trevas” no Heavy Metal, principalmente porque foi nesta era em que as grandes bandas de Metal entraram em baixa, testaram novas sonoridades e lançaram seus álbuns mais controversos. Em termos de Brasil, várias bandas que se tornaram das mais importantes atualmente surgiram naquela época, como o Angra, que em 1993 lançara o essencial Angels Cry, o Krisiun, um dos maiores nomes do Death Metal nos dias de hoje, e o Claustrofobia, que surgia no ano de 1994 no interior paulista.
Naquele período o Sepultura também experimentava coisas novas em seu som, saindo do tradicional Thrash Metal em busca de um som mais cadenciado que enfatizasse o peso, aliado às experimentações tribais. Foi assim que o Sepultura de fato ganhou o mundo, e foi neste período que o Claustrofobia surgiu, com a proposta de tocar Thrash Metal rápido e agressivo, com alguma influência do Death Metal, mas sem deixar de lado características evidentes do Hardcore e do Groove, que reinava na época com Sepultura e Pantera.
Sendo assim, seis anos após sua fundação, o Claustrofobia lançava seu debut autointitulado pela gravadora Destroyer Records. Em 10 composições que totalizam pouco mais que uma suficiente meia hora de álbum, o grupo na época formado por Marcus D’Angelo (vocais, guitarras), Alexandre de Orio (guitarras), Daniel Bonfogo (contrabaixo) e Caio D’Angelo (bateria) apresenta um Thrash Metal furioso, urgente e visceral.
Músicas como Terror And Chaos, Old World, Victims Of Covardly e Life Or Death mostram o som ousado que a banda já praticava na época, com várias mudanças repentinas de andamento, indo de momentos groovados até partes velocíssimas. Nestes momentos, a pegada segura de Caio D’Angelo na bateria faz toda a diferença. A curta e direta Pivete explora as influências Hardcore do grupo, junto a ode ao tabaco na música que leva este nome.
Outros destaques vão para o “destrói-pescoços” Selva Urbana, o Thrash Metal puro de Be Buried Alive e o encerramento sem piedade com Manifestantes. A produção e engenharia de som a cargo de Marcelo Pompeu e Heros Trench conseguiu deixar os instrumentos bem nítidos aos ouvidos, ao mesmo tempo em que a sujeira e crueza tão essencial ao estilo foram devidamente trabalhadas e mantidas.
Claustrofobia naquela época já catapultava a banda à posição de um dos grandes nomes do Thrash/Death Metal nacional. Mais do que isso, este debut é um álbum com o DNA do Metal brasileiro, agressivo e feroz, com a nossa cara. Revisite este álbum e fique sem fôlego, tal como o rapaz que estampa a capa do álbum.
Claustrofobia – Claustrofobia (Destroyer Records, 2000)
Tracklist:
01. Terror And Chaos
02. Pivete
03. Be Buried Alive
04. Old World
05. Victims Of Covardly
06. Life Or Death
07. You Deserved To Die
08. Tabaco
09. Selva Urbana
10. Manifestantes
Line-up:
Marcus D’Angelo – vocais, guitarras
Alexandre de Orio – guitarras
Daniel Bonfogo – contrabaixo
Caio D’Angelo – bateria
-
8/10