Estamos no ano de 1992 e o CANNIBAL CORPSE lançaria o seu terceiro álbum: se no primeiro disco, a banda soava Thrash Metal e as influências do álbum “Beneath the Remains”, do SEPULTURA eram bem latentes com a banda confessando isso no encarte de seu debut, e no segundo disco, “Butchered at Birth”, os caras começavam a transição entre o Thrash e o Death Metal, “Tomb of the Mutilated” mostrava que o quinteto de Buffalo, agora radicado em Tampa, estava se fincando como um dos pilares, senão o maior deles, do estilo.
O quinteto se reuniu no famoso “Morrisound Studios“, em Tampa, com o velho Scott Burns na produção. E de lá saíram com este petardo, com menos de 40 minutos de duração, que fora lançado pela “Metal Blade“. Este seria o último álbum com o guitarrista Bob Rusay, que abandonaria a carreira de músico.
A abertura se dá com um violento soco na cara do ouvinte; assim podemos definir o maior clássico da banda, “Hammer Smashed Face”. Para quem ainda não conhece, é uma música cirurgicamente elaborada, com partes rápidas repletas de intensidade e brutais e com mudanças de andamento em seus refrãos, no mínimo, curiosas. Essa mudança parece não fazer sentido com a proposta musical da banda, ficou sensacional. Vale lembrar que esta foi a faixa que deu um pouco mais de notoriedade aos caras, uma vez que eles fizeram uma participação no filme “Ace Ventura”, estrelado por Jim Carrey, assumidamente fã da banda. E na cena em que a banda dá as caras, eles estão tocando exatamente “Hammer Smashed Face”. Obrigatória nos shows da banda.
A faixa dois é outro clássico e atende pelo nome de “I Cum Blood”. Um som que mescla rapidez em sua intro, com riffs arrastados e precisos em suas estrofes, voltando a ser brutalmente voraz em seu refrão e na parte final. Esta foi uma faixa que eu conheci ao escutar o disco “Live Cannibalism”, o meu primeiro contato com a banda. Simplesmente sensacional. Esta música está presente na trilha sonora do jogo “GTA IV”.
A sequência de títulos de música que podemos classificar como horripilantes, segue com “Addicted to Vaginal Skin” e é outro petardo em que notamos uma banda agressiva e crua fazendo um som absurdamente rápido e brutal, numa intro mais arrastada que logo se torna o caos total. Suspeita-se qiue a voz da introdução desta música seja atribuída ao serial killer Arthur Shawcross, quando este teria confessado seus crimes e forjado a gravação em cassete.
Chega “Split Wide Open” e tome mais violência sonora, numa música pra lá de violenta e agressiva, como era o CANNIBAL CORPSE old-school. Aqui também temos breves mudanças no andamento, mas logo as coisas voltam ao “normal”. Destaco nesta faixa a performance do baixista Alex Webster. Eu sempre digo que respeito os monstros do baixo que tocam Metal, mas Alex Webster pra mim merece todos os elogios, pois o cara teve a audácia de tocar (e bem) seu instrumento sem o auxílio de palhetas.
“Necropedophile” mantém as coisas no topo, em outro som em que as mudanças repentinas de andamento acontecem. Começa rápida, tendo uma breve alteração e logo a velocidade volta com tudo. Uma das minhas favoritas deste play, sem sombra de dúvidas.
“The Cryptic Stench” tem ótimos riffs de guitarra mais cadenciado em sua intro, que é bem longa e logo ao entrar os vocais de Chris Barnes, o pau come na casa de Noca e riffs hipnotizantes juntamente com a bateria rápida e violenta de Paul Mazurkiewicz dão a tônica do que é esse sonzão, que assim como as demais, também sofre uma breve mudança no andamento, mas depois a brutalidade retorna com tudo. Outra deste play que eu curto muito e é uma pena que a banda não toque ao vivo.
“Entrails Ripped From a Virgin’s Cunt” começa com uma ótima virada de Paul Mazurkiewicz e a violência absurda toma conta dessa faixa, com breve mudança de andamento no meio dela.
“Post Mortal Ejaculation” tem excelentes riffs na sua introdução, sendo esta a mais complexa composição do álbum, onde destaco as linhas de baixo de Alex Webster, a fera das cinco cordas. Aqui nem mesmo na parte em que há a já famosa mudança de andamento, a música fica menos rápida. É muita brutalidade para uma banda só.
“Beyond the Cemetery” é marcada por quebradeira pura, sendo a composição mais complexa e pesada do disco, com muitas quebras no andamento, mas tudo terminando no mais pútrido e doentio Death Metal.
Como bônus track temos o cover para “The Exorcist”, do POSSESSED, que ficou demais. Aliás, eu desconheço um cover ruim que o CANNIBAL CORPSE tenha feito alguma vez na sua carreira.
Temos assim um excelente álbum, cujo único defeito é sua curta duração. Ainda que a produção seja tosca, mas isso é que dá o brilho ao disco, que foi o primeiro de estúdio que eu ouvi, logo depois de conhecer a banda através do “Live Cannibalism“, isso há mais ou menos 20 anos atrás. “Tomb of the Mutilated” é respeitado na cena Death Metal e considerado por muitos fãs como sendo o melhor da carreira do CANNIBAL CORPSE. Em 2005, ele foi incluído na posição 278 do livro “500 Maiores Álbuns de Rock e Metal”, editado pela revista Rock Hard. Era o início da evolução que culminaria com a perfeição alcançada nos anos 2000.
Tomb of the Mutilated – Cannibal Corpse
Data de lançamento: 22/09/1992
Gravadora: Metal Blade
Lineup:
Chris
Barnes – Vocal
Jack Owen – Guitarra
Bob Rusay – Guitarra
Alex
Webster – Baixo
Paul Mazurkiewicz – Bateria
Tracklisting:
01 – Hammer Smashed Face
02 – I Cum Blood
03 – Addicted to Vaginal Skin
04 – Split Wide Open
05 – Necropedophile
06 – The Cryptic Stench
07 – Entrails Ripped From a Virgin’s Cunt
08 – Post Mortal Ejaculation
09 – Beyond the Cemetery
10 – The Exorcist (Bõnus Track)
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9.5/10