Em geral, mudanças de vocalistas nunca são bem vindas dentro do cenário Metal, especialmente se a banda já possui certo reconhecimento. É a velha mania doentia do continuísmo, de não compreender que, muitas vezes, o relacionamento amistoso entre os integrantes se deteriora com o passar dos anos. Além disso, é bom lembrarmos que a década de 90 foi muito ruim para as bandas dos anos 80, já que a perda do mercado americano para o Grunge forçou uma recuada na Europa. Mas mesmo experimentando um reerguer do cenário já na segunda metade da década, o CANDLEMASS sofreu muito com mudanças de formação e trocas de vocalista. E “From the 13th Sun”, apesar de ser um disco ótimo, passou quase que despercebido por muitos.
Uma das mudanças mais sentidas foi a ausência de Messiah Marcolin, vocalista icônico e que esteve presente nos discos mais importantes da banda ainda nos 80. Neste disco, os vocais são mais uma vez de Björn Flodkvist, que por sua vez já havia substituído Thomas Vikström (que gravou apenas o “Chapter VI”). É o segundo dele com a banda, bem como também o é para o baterista Jejo Perkovic. Quem estreou no disco foi o guitarrista Mats Ståhl, que gravou sozinho todas as partes de guitarras. Dessa forma, apenas o veterano baixista Leif Edling permanecia da formação clássica. Mas isso é mais que suficiente para garantir o peso “sabbáthico” do disco, que, aliás, é dedicado ao quarteto de Birmingham.
Leif produziu o disco, tendo Uffe Ostling e Carl Westholm na mixagem, mais a masterização de Michael Lind e Sören Elonsson, e rematerização de Henke Jonsson. E dessa forma, a sonoridade do disco é mais pesada e densa que seus antecessores, mais com os instrumentos musicais mais bem definidos e em seus devidos lugares. Trocando em miúdos: é uma produção ótima, moderna e que faz com que o grupo se faça entender.
Em termos de musicalidade, o CANDLEMASS nem mudou tanto (apenas alguns toques mais experimentais aqui e ali), apenas está soando mais definido. O grande problema é que nenhum das canções tem um apelo forte, ou seja, se tornaria canção de trabalho do disco. Mas no geral, “From the 13th Sun” é um disco ótimo e honra a tradição do grupo, reacendendo e rebuscando sua influência mais clássica: BLACK SABBATH.
Em termos de melhores momentos, a pesada e lisérgica “Droid” e seus riffs duros e ríspidos, a introspecção densa e melancólica de “Tot”, a descarada inspiração em “Black Sabbath” que é óbvia em “Elephant Star” (as vozes chegam a soar em um tom bem próximo ao de Ozzy, embora mais melodioso), o arregaço de baixo e bateria mostrado na instrumental “Zog”, a dose de azedume intenso e rançoso de “Galatea” e “Cyclo-F” (esta última com um ótimo solo de bateria). A versão em vinil duplo de 2007 tem por faixas extras “Odessa Chamber”, “Sokrates” e “John the Leper”, enquanto o relançamento em CD de 2008 traz como extras “Oil”, “Nimis” e “Rock ‘n’ Roll”, onde o grupo se mostra mais experimental e diferenciado em relação ao álbum.
Se você é fã do CANDLEMASS e ainda torce o nariz para discos sem Messiah Marcolin cantando, indico de coração que dê uma ouvida de mente aberta em “From the 13th Sun”, que é ótimo. Aliás, depois dele, o quinteto se reuniu mais uma vez, em 2002, e continuam sólidos até hoje (mesmo sem contar com Messiah).
Formação:
Björn Flodkvist – vocal
Mats Ståhl – guitarra, efeitos
Leif Edling – baixo
Jejo Perkovic – bateria
Faixas:
01. Droid
02. Tot
03. Elephant Star
04. Blumma Apt
05. ARX/NG 891
06. Zog (instrumental)
07. Galatea
08. Cyclo-F
09. Mythos (instrumental)
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8/10