Após quinze anos de contrato com a “major” Virgin Records/Century Media, que vinha trabalhando com o Blind Guardian desde seu primeiro álbum, “Battalions Of Fear” (1988), a banda rompe parceria e assina contrato com a alemã Nuclear Blast. Mas essa tramitação não causou problema ao grupo que, após brigas internas, viu se despedindo um de seus fundadores, Thomas Stauch (bateria).
“Tivemos bons e maus momentos, turnês de sucesso e grandes álbuns. Não há o que falar de minha carreira nesse período. A decisão de abandonar a banda antes do lançamento de ‘A Twist In The Myth’ foi, naquele momento, a coisa certa para mim e para a banda, porque passávamos por diferenças profissionais e pessoais”, desabafa o baterista.
O nível de evolução do qual Thomas não se adaptou em “A Night At The Opera” (2002), seu último álbum na banda, desaguou em “A Twist In The Myth”, seu sucessor, dando continuidade a atmosfera épica medieval que consagra a nova fase do Blind Guardian.
“Com este álbum, mais do que nunca, eu acho que nós ampliamos a gama do universo Blind Guardian. Comparando-o com uma bússola, ‘Fly’ seria o Oeste, ‘Skalds And Shadows’ o Leste, ‘This Will Never End’ seria o Norte e ‘The Edge’ o Sul. Isso significa alguma coisa? Não. Mas soou bem quando pensei sobre um título. Em termos de qualidade, tivemos uma sensação muito boa durante toda a sessão de gravação. Eu mesmo tenho de admitir que as canções tiveram um passo gigantesco na gravação e mixagem”, analisa o vocalista Hansi Kürsch.
“A Twist In The Myth” foi bem recebido e chegou ao quarto lugar na Alemanha. Também figurou na Billboard 200 nos Estados Unidos, conquistando a 21ª colocação. Cada vez mais o Blind Guardian expandia o seu nome através das camadas musicais. Isso veio a desagradar a uma base de fãs mais fiel às raízes do Power Metal, mas avançou horizonte a dentro em novas descobertas.
Mais uma vez apostaram no trabalho de Charlie Bauerfeind (Angra, Axel Rudi Pell, HammerFall, Helloween e outros) para a produção do material, que saiu relevante às suas referências. Contaram também com a participação do baixista Oliver Holzwarth (ex-Sodom, Rhapsody Of Fire e outros). Anthony Clarkson, que desenhou capas para nomes como Hypocrisy, Fear Factory e Queensrÿche, foi quem deu vida à belíssima arte do álbum.
A produção contou com arranjos belíssimos que incluíram corais e efeitos de teclado. Tudo gerou o clima necessário para o cenário. Mas o disco tem seu lado agressivo como em “Straight Through The Mirror”. Na época, Hansi Kürsch passou por um tratamento nas cordas vocais, mas prova em músicas como “Turn The Page” e “Another Stranger Me” que tudo não passou de um susto.
A versão japonesa vem com o bônus “All The King’s Horses”, que além de possuir bela melodia, prova que as influências do Queen ainda são presentes na banda. “Dead Sound Of Misery” é outra que vem como bônus na versão “digipack” e se mostra apenas como uma música básica ao talento do grupo. A desenvoltura do baterista Frederik Ehmke revelou um músico com bastante identidade e afinidade com outros instrumentos, como flauta e gaita de fole. A celta “Skalds And Shadows” traz um pouco deste lado mais “folk”, adotado pela banda.
O Blind Guardian enveredou por um caminho mais complexo e não menos pesado. A adição de novos elementos e técnicas foi resultado do processo de criação, mesmo correndo o risco de perder parte de seus antigos fãs, porém o sucesso continua.
Formação:
Hansi Kürsch (vocal);
André Olbrich (guitarra);
Marcus Siepen (guitarra);
Frederik Ehmke (bateria).
Faixas:
01 – This Will Never End
02 – Otherland
03 – Turn The Page
04 – Fly
05 – Carry The Blessed Home
06 – Another Stranger Me
07 – Straight Through the Mirror
08 – Lionheart
09 – Skalds And Shadows
10 – The Edge
11 – The New Order
12 – Dead Sound Of Misery
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8/10