Depois de apresentar um Thrash Metal bem cru em seu álbum de estreia, “Fistful of Metal” (1984), os nova-iorquinos do Anthrax começaram a introduzir novos elementos em sua sonoridade, como por exemplo um uso maior de backing vocals, o que acontece em faixas como “Lone Justice”, “The Enemy” e a clássica “Medusa”. Além dessas novidades, “Spreading The Disease” marcou também a estreia do carismático vocalista Joey Belladonna em trabalhos de estúdio, já que o vocalista havia gravado o EP “Armed and Dangerous”. Belladonna é tido como um dos membros da formação que levou o Anthrax a se tornar um dos quatro grandes grupos do Thrash Metal americano.
Falando no primeiro álbum de Belladonna na linha de frente do Anthrax, o disco abre com a potente “A.I.R.”, que tem nos riffs das guitarras o grande destaque. Scott Ian e Dan Spitz arregaçam na rifferama e são muito bem acompanhados pelo baixo de Frank Bello. A bateria de Charlie Benante não compromete e Joey Belladonna apresenta uma boa performance vocal.
“Lone Justice” vem na sequência com uma bela linha de baixo. A faixa mantém o ritmo da anterior, mas já apresenta os famosos backing vocals tão característicos do Anthrax. A próxima é o clássico “Madhouse”, que justifica o nome logo no início com uma risada histérica. A faixa, que inclusive recebeu um videoclipe na época, tem uma base característica do Thrash Metal, com muito peso e riffs, e um refrão marcante, além do bom solo de Dan Spitz.
Em “S.S.C./Stand Or Fall”, o Anthrax aposta muito mais no peso que nas músicas anteriores. Guitarras e baixo fazem um estrago e a bateria consegue aparecer um pouco mais. Tudo isso culmina em um refrão que foi feito para grudar na mente de quem o escuta.
Em “The Enemy”, a banda mostra que também sabe fazer músicas mais cadenciadas. A base rítmica, formada por Frank Bello e Charlie Benante, sobrinho e tio, respectivamente, faz um trabalho excepcional. O baixo pulsante do primeiro e as viradas de bateria do segundo dão o tom de “The Enemy”, até entrarem as guitarras na parte final, principalmente a de Dan Spitz com mais um grande solo. Os backing vocals voltam a ser acionados em alguns momentos, tornando este um bom trunfo do quinteto nova-iorquino.
Se Charlie Benante já se provou um grande baterista em “The Enemy”, o que dizer dele na rápida “Aftershock”? O cara simplesmente destrói tudo. A dupla de guitarras se mostra ainda mais afiada e falar do baixo é chover no molhado. Até o vocal de Joey Belladonna, que não vinha comprometendo, dá uma boa acentuada. Este é um dos maiores acertos do álbum, sem dúvida.
Uma belíssima e melodiosa introdução abre “Armed and Dangerous”. Em seguida, a faixa muda para um andamento mais pesado e com uma boa interpretação de Joey Belladonna e um instrumental bastante entrosado, com destaque para as guitarras. O único ponto que poderia ser melhorado seria o refrão, mas não é nada que prejudique a música como um todo.
Outro dos grandes clássicos do Anthrax, e a minha favorita do álbum, a faixa “Medusa” pede passagem. A banda traz uma cadência aliada a um peso que torna a música grandiosa. Frank Bello mais uma vez se supera com suas excelentes linhas de baixo. Além disso, “Medusa” traz uma dupla de guitarras que executa uma música que exige uma cadência maior, mas sem deixar de lado o peso, além de um Charlie Benante destruidor na bateria. Joey Belladonna só tem o trabalho de seguir a levada, pois não é necessário acrescentar muito mais na faixa. Nas versões ao vivo, “Medusa” fica ainda mais grandiosa, principalmente na ponte e no refrão, ambos tendo uma enorme melhora em relação à versão de “Spreading The Disease”.
A acelerada “Gung-Ho” fecha o disco com o que o Thrash Metal tem de melhor: peso e velocidade. Mais uma vez Dan Spitz arregaça nos solos, mas vale – e muito – registrar a performance de Charlie Benante, um dos destaques de “Spreading The Disease” se analisar o conjunto da obra.
Em seu segundo trabalho de estúdio, o Anthrax começa a modelar a sua sonoridade, que seria aperfeiçoada em mais um grande clássico da banda, o álbum “Among The Living”, de 1987.
Formação:
Joey Belladonna (vocal);
Dan Spitz (guitarra);
Scott Ian (guitarra);
Frank Bello (baixo);
Charlie Benante (bateria).
Faixas:
01 – A.I.R.
02 – Lone Justice
03 – Madhouse
04 – S.S.C./Stand or Fall
05 – The Enemy
06 – Aftershock
07 – Armed and Dangerous
08 – Medusa
09 – Gung-Ho
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9/10