A ressureição de Alice Cooper!
Sim, podemos considerar dessa forma. Depois de “From The Inside”, Cooper lançou quatro álbuns que podem ser definidos como parte de um momento isolado de sua carreira. Os discos não são ruins, são apenas… diferentes. Não há, neles, muitos pontos de conexão entre a música contida e o célebre psicopata de olhos enegrecidos. Talvez, por conta do tempo de incubação necessário para renascer, foram precisos três anos – um intervalo de tempo nunca antes praticado por Alice – depois de “DaDa”, para a recuperação do mito em “Constrictor”!
O mundo, afinal, precisava de Alice Cooper e este deve ter se cansado de ver seu legado sendo utilizado a torto e direito por aí. Em 1986, Motley Crue, WASP, Twisted Sister e tantos outros, usavam e abusavam de suas lições. Até o emergente Thrash Metal bebia da fonte, com o Anthrax fazendo o cover de “I’m Eighteen” em seu disco de estreia. Era imperioso demonstrar que aquela franquia possuia um dono.
“Constrictor” não é um álbum absoluto, mas consegue, desde sua primeira nota, transmitir a mensagem de que o circo de horrores de filmes B estava de volta. Hard Rock Americano de primeira linha! Na formação agregada para o trabalho, destacava-se o guitarrista Kane Roberts, que com seu visual de marombeiro na linha Rambo – e com uma guitarra em forma de metralhadora para amplificar a imagem – servia quase como um efeito de palco adicional para o show de Alice.
Outra presença a ser registrada é a de Kip Winger no baixo, antes de investir em sua própria e bem sucedida banda. O baixista somente viria a contribuir nas composições a partir do próximo disco, deixando a parte criativa deste nas mãos de Alice e Roberts. A dupla concebeu uma coleção de canções variadas e cativantes, onde o trio de abertura com “Teenage Frankestein”, “Give It Up” e “Thrill My Gorilla” segura o ouvinte de imediato, com peso, vibração e carisma traduzidos em refrões grudentos.
“Life And Death Of The Party” caminha por uma linha mais tendente para o AOR, tornando-se um dos pontos altos, enquanto que “Simple Disobedience” apenas marca presença. “The World Needs Guts”, por outro lado, avança certeira com um andamento que se aproxima do Heavy Metal, sem sutilezas.
“Trick Bag” é outra faixa correta, mas a seguinte “Crawlin’” tem clima de Rock de FM, leve e magnética, que nos impulsiona a bater os pés ou batucar com os dedos no volante enquanto dirige. “The Great American Success Story” possui o mesmo vigor das canções lá do começo e nos conduz para o encerramento da audição, com a única faixa que conquistou sobrevida para além da turnê do disco.
“He’s Back (The Man Behind The Mask)” também possui aquele apelo de FM e foi feita para integrar a trilha sonora do filme “Sexta-Feira 13 Parte VI: Jason Lives”. Mas o seu contexto serve tanto para o assassino Jason Voorhees quanto para o maníaco Alice! Ambos estavam de volta, cada um por trás de sua própria mascara, e não importa quantas vezes um morra ou outro tenha sua cabeça guilhotinada… Eles sempre continuarão a retornar!
Formação:
Alice Cooper (vocal);
Kane Roberts (guitarra);
Kip Winger (baixo);
David Rosenberg (bateria);
Paul Delph (teclado)
Músicas:
01. Teenage Frankenstein
02. Give It Up
03. Thrill My Gorilla
04. Life and Death of the Party
05. Simple Disobedience
06. The World Needs Guts
07. Trick Bag
08. Crawlin’
09. The Great American Success Story
10. He’s Back (The Man Behind the Mask)
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8/10