A situação do Aerosmith na primeira metade dos anos 80 não é novidade para ninguém. Após grande sucesso na década anterior, os excessos levaram a banda a uma fase deveras obscura, que quase causou seu fim. E talvez o tivesse causado, se o grupo de Hip Hop Run DMC não tivesse surgido com o cover para “Walk This Way” e seu icônico clipe, jogando novamente os holofotes sobre Steven Tyler e Cia. Aproveitando-se do momento positivo pelo qual passava o Hard Rock, voltaram com o pé no acelerador, lançando primeiro Permanent Vacation e em seguida, Pump. O Aerosmith era novamente o centro das atenções.
O passo seguinte foi o multiplatinado Get A Grip. O momento aparentemente não era dos melhores, afinal o Grunge havia causado grandes modificações no cenário e relegado o Hard Rock a segundo plano, mas isso não afetou em nada a música do Aerosmith. Com um desempenho primoroso da dupla Steven Tyler/Joe Perry e ancorado principalmente no estrondoso sucesso das baladas “Cryin”, “Crazy” e “Amazing”, que tiveram seus clipes veiculados massivamente na MTV, não tomaram conhecimento das adversidades. Os resultados finais foram milhões de cópias vendidas em todo o mundo, 1º lugar absoluto na Billboard 200, 6 das 15 músicas se tornando singles de sucesso e nada mais, nada menos, que 2 Grammys.
Musicalmente, Get A Grip foi recebido com ressalvas por parte da crítica, que atacou pesadamente um suposto “comercialismo” do trabalho. Aparentemente, para esses, o grande sucesso comercial do álbum em todo o mundo significava que o mesmo não possuía qualidades. Mas como dizer isso de um trabalho com tamanha força e que possui faixas que resistiram ao teste do tempo e figuram entre as favoritas de boa parte dos fãs da banda? “Eat the Rich”, por exemplo, é uma das melhores composições do grupo até hoje, com seu riff marcante, refrão de fácil assimilação e um ótimo trabalho de guitarra. O mesmo vale para a faixa título, onde podemos apontar também o trabalho da bateria, que soa bem pesada. “Living’ on the Edge” foi o primeiro single e com suas ótimas melodias, se mantém firme até hoje com um dos clássicos do Aerosmith. “Flesh” é outra que empolga por suas melodias. Além disso, canções como “Walk on Down”, “Shut Up and Dance” e “Can’t Stop Messin” (que não saiu na versão americana) possuem muitas qualidades.
Talvez muitas dessas acusações de comercialismo advenham das 3 baladas aqui presentes. Mas o que os críticos esquecem é que elas são simplesmente primorosas. Vide o exemplo de “Cryin”. A mesma possui um refrão absurdamente simples, mas igualmente eficaz, que gruda na cabeça já na primeira audição. Tyler tem um desempenho fabuloso, transbordando emoção, além de fazer um solo de gaita marcante. Perry também brilha em diversos momentos. É daquelas canções que você escuta uma vez para nunca mais esquecer. As mesmas características valem para “Crazy”, com seu clima sexy, gaita, bandolim e piano, que dão um ar diferenciado à mesma. Já “Amazing” é talvez a mais bela balada já forjada pelo Aerosmith. Guiada por um piano, possui um arranjo belíssimo e uma vibração diferenciada.
Joe Perry disse uma vez que considera Get A Grip o melhor álbum do Aerosmith, pois aqui teriam conseguido explorar todo o potencial existente na banda. Não posso dizer que concordo, já que lançaram algumas pequenas obras primas nos anos 70, mas como dizer que o mesmo está errado? Os ótimos vocais e riffs além das melodias cativantes aqui presentes nos impedem disso. Um álbum obrigatório em qualquer boa coleção que se preze.
Formação:
Steven Tyler (vocal, teclados, harmônica);
Joe Perry (guitarra);
Brad Whitford (guitarra);
Tom Hamilton (baixo);
Joey Kramer (bateria).
Faixas:
01 – Intro
02 – Eat the Rich
03 – Get a Grip
04 – Fever
05 – Livin’ on the Edge
06 – Flesh
07 – Walk on Down
08 – Shut Up and Dance
09 – Cryin
10 – Gotta Love It
11 – Crazy
12 – Line Up
13 – Can’t Stop Messin
14 – Amazing
15 – Boogie Man
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8/10