Como o tempo hoje dá a impressão de passar mais rápido do que percebemos, parece que o lançamento de “Black Ice” aconteceu um dia desses. Mas, na verdade, já se vão dez anos. Para os que ainda tem os neurônios de memória em boa atividade, a lembraça deve ser a da massiva campanha de marketing que o lançamento gerou. O disco foi disponibilizado com quatro versões de capa, onde você poderia escolher a cor do logo, entre vermelho, branco, azul ou amarelo. Certamente que devem existir muitos colecionadores radicais que investiram nas três!
A banda ainda viria a acrescentar o álbum “Rock Or Bust” ao seu catálogo. Este ultimo é um ótimo disco, mas o lado de fã, que deixa a racionalidade de lado, e se apega ao imaginário do que representa uma banda, faz com que consideremos que este “Black Ice” foi, de fato, o grande marco final do AC/DC.
Sim, eu sei que a banda não anunciou um fim formalmente e coisa e tal, mas “Black Ice” estampa a última participação do emblemático e insubstituível baterista Phil Rudd e – mais relevante ainda – as últimas gravações da guitarra de Malcolm Young. Não é possível ser mais definitivo do que isso. Malcolm fundou a banda, direcionou a sua sonoridade e conduziu os seus passos com os rigores de um pai severo. Sua criatividade em composições ainda estaria presente no disco seguinte, mas não o toque de sua mão direita precisa, pois, acometido de demência, ele teve que se afastar e, em 2017, veio a falecer.
No entanto, estamos aqui para celebrar suas últimas gravações e, a despeito de alguma irregularidade em discos recentes, “Black Ice” veio para fechar essa história com salvas de canhão! O espírito rock´n´roll se fez presente com tanta força que quatro das quinze faixas fazem menção ao estilo em seus títulos. A turnê que se seguiu foi uma das mais bem sucedidas já realizadas e gerou um DVD espetacular, gravado em Buenos Aires, onde um trem invadia o palco no início da apresentação para introduzir a ótima “Rock´n´Roll Train”.
Detalhar cada uma das quinze músicas seria por demais desnecessário, mas “Anything Goes” é uma verdadeira delícia, que caberia com tranquilidade na programação de radios de qualidade. “War Machine” tem o clima de peso que parece ser obrigatório para uma canção com esse nome e “Big Jack” e “Wheels” transmitem uma absoluta alegria, que lhe arrastam para cantar o refrão junto com a banda.
“Storm May Day” inicia com um riff de Blues saboroso, robustecido pela cadência pesada. “She Likes Rock´n´Roll” e “Rocking All the Way” são grandes momentos também, mas, mesmo as faixas que não foram mencionadas aqui, possuem uma vibração que as distancia de serem meros preenchimentos de espaço como pode ter acontecido no passado.
“Black Ice”, o disco, fecha um ciclo e o faz coroando uma das mais belas carreiras da história da música. Uma história de determinação. Uma história de ação, alegria, tristezas…. Todos aqueles fatos, emoções e eventos que perfazem a história de uma família.
Formação
Brian Johnson – vocal
Phil Rudd – bateria
Cliff Williams – baixo
Angus Young – guitarra
Malcolm Young – guitarra
Músicas
01 Rock ‘n’ Roll Train
02 Skies on Fire
03 Big Jack
04 Anything Goes
05 War Machine
06 Smash ‘n’ Grab
07 Spoilin’ for a Fight
08 Wheels
09 Decibel
10 Stormy May Day
11 She Likes Rock ‘n’ Roll
12 Money Made
13 Rock ‘n’ Roll Dream
14 Rocking All the Way
15 Black Ice
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9/10