Foram necessários doze anos, mas a espera valeu à pena pois finalmente a formação clássica estava de volta com o retorno de Phil Rudd ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Simon Wright foi competente durante sua passagem e Chris Slade gravou um dos melhores trabalhos da fase Brian Johnson, Mas Phil é que é o autêntico baterista do AC/DC.
O que não necessariamente implica em dizer que o disco é fabuloso pela sua presença. Estamos longe de afirmar que “Ballbreaker” seja um trabalho antológico. É um disco bom, mas que sofre do mesmo mal que acomete a banda desde “Flick of the Switch”: Suas músicas não tem fôlego para permanecer no setlist das turnês em pé de igualdade com os clássicos, sendo a faixa “Thunderstruck”, do disco “The Razor´s Edge”, a única exceção. Devo aqui abrir um parêntese e dizer que esse é o ponto de vista da banda, pois algumas músicas do “Flick of the Switch” nunca deveriam ter sido escanteadas, mas esse não é nosso assunto agora.
As faixas de “Ballbreaker” possuem vibração, só não fazem o sangue ferver. “Hard As A Rock” inicia o disco de forma um pouco preguiçosa quando comparada a algumas faixas de abertura do passado. “Cover You In Oil” já soa mais divertida, com um agradável ritmo de Hard Blues radiofônico. “The Furor”, por outro lado, diminui a empolgação, sendo a primeira das canções presentes que soam como preenchimento de espaço, seguida por “Honey Roll”, “Love Bomb” e “Whiskey On The Rocks”.
Não se trata de criar uma falsa associação entre velocidade e aceleração. “Boogie Man”, com sua levada insidiosa está aí para comprovar isso e se destaca também pelo timbre mais contido que Brian Johnson utiliza nos versos iniciais. “Burnin’ Alive” prossegue nessa levada com uma condução do baixo de Cliff Williams em primeiro plano e a empolgação cresce com “Hail Caesar”, feita para que os estádios possam cantar o refrão junto com a banda.
“Caught With Your Pants Down” recoloca a animação nos trilhos, em parte graças as paradinhas de sua estrofe, que soam como uma referência a “Whole Lotta Rosie” e permite que o disco prossiga mais adequadamente para o seu final com a faixa-título, que funciona melhor como encerramento do que “Hard As A Rock” funcionou como abertura. “Ballbreaker” é conduzida pelas pancadas proferidas pela mão precisa de Phil Rudd e por riffs mais agressivos por parte dos irmãos Young.
Angus e Malcolm mantiveram a centralização nas composições que já estava presente em “The Razor´s Edge” e colocaram a produção nas mãos de um fã declarado, Rick Rubin, mas esta ação não rendeu os frutos pretendidos e ocorreram diversos atritos no estúdio, sobrando inclusive acusações de que o produtor estava ausente na maior parte do tempo, dedicando-se com mais afinco a realização do álbum “One Hot Minute” do Red Hot Chili Peppers. Malcolm foi extremamente claro na hora de expressar o seu desagrado dizendo que trabalhar com Rubin foi um erro e foi essa a motivação para a presença de Mike Fraser como co-produtor.
“Ballbreaker” cumpriu seu papel de evento, pois essa é a forma como cada disco do AC/DC foi tratado nos últimos tempos, com variados graus de sucesso criativo. Capturou nossos corações no momento em que saiu e foi para a estante, de onde devemos tirá-lo de vez em quando para ser apreciado como um saudoso retrato de época.
Formação
Brian Johnson – vocal
Angus Young – guitarra
Malcolm Young – guitarra
Cliff Williams – baixo
Phil Rudd – bateria
Músicas
01 Hard as a Rock
02 Cover You in Oil
03 The Furor
04 Boogie Man
05 The Honey Roll
06 Burnin’ Alive
07 Hail Caesar
08 Love Bomb
09 Caught with Your Pants Down
10 Whiskey on the Rocks
11 Ballbreaker
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7/10