A banda mineira Profecia do Caos adentra o cenário nacional com seu primeiro disco, “Pregação da Maldição”, demonstrando muita competência e boas ideias, mas também alguns ajustes necessários para o alcance dos degraus mais elevados que tantos almejam.
Após uma bela introdução, conduzida por uma evolução de melodia de baixo, o grupo dá início à faixa “Profecia”, e revela-se como uma banda focada na execução de um Death Metal carregado de groove. Quando se fala nesse estilo, os nomes mais influentes são aqueles de menção onipresente e que citaremos em breve, mas, por enquanto, o que vale mencionar é que essa é uma linha musical que, de certa forma, exige uma qualidade sonora mais apurada, para que possa gerar o devido impacto. A primeira música, em linhas gerais, surge bem instigante, mas tem detalhes do arranjo, em seu início, que estão meio soterrados na mixagem, de forma que não conseguimos perceber direito o que está sendo feito. A faixa “Visões” é outra onde essa mesma situação se percebe e a consequência disso é que boas ideias de composição podem ser prejudicadas, não obtendo o efeito que alcançariam caso fossem melhor trabalhadas em termos de gravação.
O vocal de Edu Kramer é bastante forte e dá o devido tom para as letras das canções, todas em português e, invariavelmente, tratando sobre assuntos como premonições, fim do mundo e destruição em massa, mostrando que existe um real vínculo entre a parte lírica e o nome da banda. As faixas são relativamente curtas e não se prendem a fórmulas de estrutura, sendo que algumas evoluem de uma mudança de andamento pra outra sem retornar para um eventual riff principal e, outras seguem o padrão de estrofes intercaladas, não havendo a preocupação com a inserção de solos. A dobradinha entre as faixas “Olhos Vendados” e “Punição” demonstra os dois modos de resultado que podem advir desse método, com um bom desempenho na primeira, reforçado pela qualidade dos músicos na execução do estilo a que se propõe, mas com ressalvas na segunda, que termina de uma forma que parece que ficou faltando algo. A parte que eu pensava que seria o interlúdio da composição, já era, na verdade, o seu final, e me deixou com um gosto de que ainda poderia ser mais desenvolvida, de que ainda haveria mais música ali, mas a banda teria terminado a faixa antecipadamente.
Em “Nostradamus”, porém, encontramos um dos destaques do disco, com um excelente riff Thrash e um ótimo refrão, prosseguindo o nível com a próxima faixa, “Pilhagem”, cujo riff da estrofe é bastante calcado em Pantera e cuja parte acelerada em seu meio é, em toda a sua simplicidade, absurdamente empolgante, tal qual as coisas que o Obituary costuma fazer.
“Apocalipse de Ódio” traz um quê de Sepultura na melodia de voz e é seguida pelas duas últimas faixas, “Visões”, onde eu pude novamente perceber que não há como mencionar um músico que se evidencie entre os demais, visto que todos executam os seus papéis com a necessária desenvoltura, mas que são por vezes prejudicados pela gravação, como demonstra o trecho acelerado dessa música, que ficou um pouco confuso, e “Pregação da Maldição”, que da mesma forma que o disco iniciou, traz o baixo em um momento de destaque.
O Profecia do Caos executou um bom trabalho e ainda quero ver mais da banda no futuro, restando apenas cuidar melhor dos detalhes de produção e desenvolver mais apuradamente a estrutura de suas músicas, principalmente na forma de encerrá-las, pois esses são trechos que exigem tanta atenção e criatividade quanto a introdução. Potencial, a banda tem, sendo necessário, somente, mais empenho do que já demonstraram.
Formação:
Edu Kramer (vocal);
Fábio Hannibal (guitarra);
Marcel (guitarra);
Fernando (baixo);
Brener Valverde (bateria).
Faixas:
01 – Intro/Profecia
02 – Olhos Vendados
03 – Punição
04 – Nostradamus
05 – Pilhagem
06 – Apocalipse de Ódio
07 – Visões
08 – Pregação da Maldição
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6.5/10