Em 1 de novembro de 2017, a banda portuguesa Moonspell lançava esse que na minha opinião, seria um dos discos conceituais mais SENSACIONAIS desse geração do metal, disco esse lançado no aniversário da maior catástrofe natural que atingiu Lisboa, sendo esse, o terremoto de 1º de novembro de 1755, tema do álbum em questão.
Primeiramente achei bastante válido o trabalho ter sido gravado em português, pois quem conhece a trajetória da banda, sabe que normalmente eles cantam suas músicas em inglês. Certamente, uma exceção foi aberta no 1755 por se tratar de uma temática referente a história de Portugal.
Para os que não conhecem a história, irei explica-la aqui de forma resumida:
No dia 1º de novembro de 1755, durante o feriado do dia de todos os santos, a cidade de Lisboa foi atingida por um grande terremoto, seguida de tsunami, que devastou uma grande parte da cidade, deixando milhares de mortos. E como a data em questão era um feriado cristão, diversas pessoas estavam nas ruas e nas igrejas celebrando o mesmo, o que agravou ainda mais o número de mortos.
Depois desse dia, a capital portuguesa levou anos para se reerguer novamente, e as riquezas tiradas do Brasil foram essenciais para essa reconstrução.
No álbum, o Moonspell consegue deixar uma atmosfera sombria em suas músicas do início ao fim, o que já é uma característica deles. Logo na faixa “Em Nome do Medo”, música que abre o trabalho, já dado um gostinho ao ouvinte do clima do álbum, tendo essa versão sido feita sem guitarras, apenas com sons orquestrais de fundo e um coro cantando junto com o vocalista Fernando Ribeiro.
Em faixas como “In Tremor Dei” (que conta com a participação do cantor Paulo Bragança) e “1755”, a banda conseguiu representar sonoramente um terremoto através dos riffs de guitarra, o mesmo vale para a música “Desastre”.
Ao longo de todo a CD, as letras dão algumas alfinetadas na Igreja Católica, que na época tinha um grande poder em suas mãos, como por exemplo, no trecho “onde está ele que por nós olhava?” em “Evento”; na parte”És apenas um homem escravo de Deus, autor do desastre que aconteceu” em “Desastre”; e também em “Lisboa, em chamas, caída, sem medo, sem Deus” em “In Tremor Dei”.
Mas, as críticas a Igreja Católica é mais forte na faixa “Todos Os Santos”, onde na letra diz que mesmo tendo sido feriado do dia de todos os santos, aparentemente, os mesmo não chegaram em Portugal para impedir que a catástrofe ocorresse, como é dito no refrão; “Todos os santos não chegaram”.
Mas o que mais chamou atenção, principalmente aos fãs brasileiros, foi a releitura da música “Lanterna dos Afogados” do Paralamas do Sucesso fechando o disco, onde é feita uma versão mais sombria para a música.
No mais, por isso que o “1755” cumpre seu papel com maestria, nos proporcionando um dos melhores discos de metal da era atual.
FORMAÇÃO:
Fernando Ribeiro – vocal
Mike Gaspar – bateria
Pedro Paixão – teclado
Ricardo Amorim – guitarra
Aires Pereira – baixo
TRACKLIST:
1- Em Nome do Medo
2- 1755
3- In Tremor Dei (feat Paulo Bragança)
4- Desastre
5- Abanão
6- Evento
7- 1 de Novembro
8- Ruínas
9- Todos os Santos
10- Lanter dos Afogados (Paralamas do Sucesso cover)