O tempo passa, e cada vez mais o público vai ficando mais exigente devido à novos parâmetros e padrões, e o passado vai ficando mais e mais nostálgico. Vivemos um tempo em que o superproduzido, o complexo e o extravagante são a onda da vez – daí conceitos bem bolados e complexidade serem frequentemente utilizados como bons argumentos a favor de uma musicalidade mais técnica e criativamente trabalhada.
Isso nos leva a esquecer que conceito é uma coisa e execução é outra. Logo, se a execução for boa, mas simples, ela é capaz de convencer. É o que acontece com os fluminenses do Moby Jam, que resgatam o clima e a simplicidade do descompromissado Rock brasileiro dos anos 80. De maneira direta, sem tentativas mirabolantes e cantando em português, o trio de Varre-Sai, no noroeste do estado do Rio de Janeiro, procura entregar um um Pop Rock nostálgico, de um tempo que há muito se foi.
Em atividade desde 2006, o trio composto por Marcelo Vargas (vocal e guitarra), Elson Braga (baixo) e Augusto Borges (bateria) apresenta em “Sem Juízo” – álbum de estreia, lançado somente em 2014 – aquele tipo de musicalidade que é boa de se ouvir em momentos mais sociais, como festa de amigos, ou num bar ou pub enquanto toma cerveja, come petiscos e joga conversa fora. O tipo de música atrelado a bons momentos e boas lembranças.
Gravado, mixado e masterizado pela própria banda e o produtor Márcio Pombo (que também deixou contribuições de piano e teclados Hammond em algumas faixas) no Estúdio Pombo, em Teresópolis, na região serrana do estado, “Sem Juízo” traz aquilo que a banda chama de Rock Freestyle, que, na prática, trata-se de uma mistura de Pop Rock a pitadas de Rock Progressivo, Blues e Jazz. O “autorrotulamento” demonstra como o conjunto não está preocupado em seguir lógicas rotulares pré-estabelecidas, e sim em apenas fazer boa música, aproveitando o melhor daquilo que for conveniente e vier de suas influências.
Com apenas 32 minutos de duração, a audição das oito faixas é bastante suave, com músicas fluidas e simples, mas bem produzidas e muito boas de se ouvir. Não é uma porrada, com atmosfera preenchida com três ou mais camadas e que até leva o ouvido a zunir – é tudo calmo (para os padrões de quem ouve Metal), em ritmo geralmente médio e boas variações rítmicas, com interessantes inserções de recursos como violão, além das teclas, que reforçam a ode ao Rock clássico que o disco oferece. A faixa “Brilhar A Minha Estrela (Dá Mais Um)” é um ótimo ponto de inflexão no trabalho, já que se trata de uma versão ainda mais puxada para o Reggae da faixa de mesmo nome, originalmente gravada pela banda Sangue da Cidade.
“Sem Juízo” não é impressionante, nem mesmo imprescindível, mas é uma boa alternativa para quem gosta e procura algo mais tranquilo e descompromissado, sem grandes pretensões para além de fazer aquilo que gosta.
Formação:
Marcelo Vargas (vocal e guitarra);
Elson Braga (baixo);
Augusto Borges (bateria).
Faixas:
01 – Purpurina
02 – Sol
03 – Chuva Ácida
04 – Descalabro
05 – Homem de Gelo
06 – Brilhar A Minha Estrela (Dá Mais Um)
07 – O Voo
08 – Sem Juízo
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7/10