O nome do artista talvez não tenha tanta evidência na mídia brasileira quanto deveria, mas trata-se de um músico prolífico, com participações diversas e talento que lhe coloca ao lado dos instrumentistas mais destacados da atualidade. Suas gravações profissionais mais remotas datam dos primeiros anos da década de 90 e John é, de fato, um legítimo representante da identidade musical do período, mas a sua obra individual abrange aspectos que vão para bem além do Rock pesado.
Não obstante as colaborações com nomes como David Lee Roth, Sebastian Bach, Ace Frehley, Scorpions, Lynyrd Skynyrd, Steve Perry e Paul Stanley, as discografias com as quais o guitarrista mais colaborou foram as de Marilyn Manson e Rob Zombie. O Metal Industrial, porém, não é a tônica de seus trabalhos solos. “Season of the Witch” é o oitavo e mais recente álbum de sua safra própria, onde é acompanhado pelos músicos de apoio que denominou de “Creatures”: o baixista Ian Ross e o baterista Roger Carter, ambos instrumentistas fenomenais, à altura do talento do dono do projeto.
A afinidade com Rob Zombie, em cuja banda de apoio Five ainda atua, não surge do acaso. Além da caracterização visual, o guitarrista preenche vários espaços de seu disco com aquelas vinhetas típicas, que parecem ter sido retiradas da trilha sonora de filmes B antigos. Musicalmente, a direção é outra, com exceção de alguns riffs da faixa título, que caberiam perfeitamente na obra do ex-líder do White Zombie. “Season of The Witch” até parece ser nome de alguma canção de Rob Zombie e sabe-se lá porque Five guardou a mesma para si.
Faixas como “Guitars, Tits and Monsters” e “Now Fear This” não estariam deslocadas em um álbum de Joe Satriani, por exemplo, soando bem melódicas e cativantes, percebendo-se uma clara estrutura de estrofes e refrões. “The Black Grass Plague” traz sons de banjo em uma levada acelerada de Bluegrass, faltando apenas a briga no saloon para completar o clima quase dançante que transmite, enquanto “Behind The Nut Love” passeia por uma reconfortante progressão acústica. Quase coladas, uma na outra, encontramos “Making Monsters” e “Here´s To The Crazy Ones”, onde a mão de Five se desdobra para gerar efeitos orgânicos nos timbres e transitar livremente por variações. “Ddd” também tem essa proposta, apenas com o diferencial de ser executada isoladamente pela guitarra, sem a instrumentação de apoio.
Uma lúdica condução, quase jazzística, representa a caracterização de “Hell Haw I.G.R.”. Nota-se que não existe uma proposta em manter um clima constantemente intenso, com acordes explosivos e notas uivando insanamente. A calma e a suavidade são formas de expressão suficientes das possibilidades que as seis cordas fornecem e John explora tanto o dedilhado quanto o uso da palheta em notas abafadas na parte central da música.
O público amante da linha Shred vai encontrar um amplo material para ser dissecado e estudado na discografia de John 5. A música instrumental, conduzida por guitarras, possui um imenso acervo a ser conhecido por quem esteja disposto a ir além dos G3 da vida. Five poderia integrar tranquilamente a composição de alguma das turnês desse projeto, mas prefere correr por fora e está ganhando distância!
Formação
John 5 – guitarra
Ian Ross – baixo
Roger Carter – bateria
Músicas
01 Book of Spells
02 The Black Grass Plague
03 Guitars, Tits and Monsters
04 Now Fear This
05 Behind the Nut Love
06 Making Monsters
07 Dr Evil’s Spookshow
08 Here’s to the Crazy Ones
09 The Macabre
10 Ddd
11 Hell Haw I.G.R.
12 Ode to Jasper
13 Season of the Witch
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9/10