O HammerFall chega ao seu décimo trabalho de estúdio praticando a mesma receita do passado: um Heavy Metal oitentista, fortemente influenciado por Judas Priest e Accept. Essa sonoridade conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo, inclusive esse que vos escreve. Mas a verdade precisa ser dita, mesmo que às vezes doa: parte da criatividade melódica da banda não existe mais, e isso se deve a um fato, que é a saída de Stefan Elmgren em 2008.
Eram do guitarrista as melodias mais cativantes da banda, bem como composições recheadas de feeling e harmonia. E desde sua saída, o HammerFall conseguiu, sim, lançar três bons álbuns, mas sem o tempero que o músico era capaz de destilar. “Built To Last” é mais um exemplo do que escrevo.
“Bring It”, faixa de abertura, tem todas as características de uma abertura típica do HammerFall: riffs galopantes, certeiros e refrão curto e direto. Tem tudo para funcionar bem ao vivo. “Hammer High”, a qual já tinha sido lançada em single, traz um trabalho mais cadenciado, com os já famosos coros, deixando-a com a cara de um verdadeiro hino de batalha. “The Sacred Vow”, outro single, tem uma introdução acústica e breve, mas que logo evolui para uma faixa extremamente forte, e com certeza possui o refrão mais lindo de todo o trabalho. Tem tudo para se tornar um clássico dos suecos.
E eis que vem uma música que faz lembrar dos áureos tempos da banda: “Dethrone and Defy” é marcada pelas linhas vocais altamente grudentas, que ficam na mente assim que se ouve-a. Some-se a isso um excelente refrão e um instrumental pesado e rápido e temos a melhor música do álbum. E para quebrar o clima, temos uma balada bem interessante: “Twilight Princess”, onde a introdução lembra bastante “Rebel Inside” do álbum “Threshold”, e aqui o destaque fica por conta da linda interpretação de Joacim Cans, que soube impostar muito bem as emoções.
“Stormbreaker” trata de trazer a sonoridade típica, ou seja, mais do mesmo. A faixa-título certamente faz lembrar os tempos de “Renegade”, tendo inclusive um refrão praticamente igual ao de “The Way of The Warrior”. E assim como “Build To Last”, as três últimas faixas também conseguem trazer à tona influências do passado da banda. “The Star of Home”, por exemplo, parece ser uma sobra de estúdio do “Legacy of Kings”. Destaque para o refrão altamente grudento. Em “New Breed”, temos uma estrutura lembrando a faixa “Renegade”, principalmente no que toca às mudanças de tons vocais do grave para o agudo. A última canção, “Second To None”, é uma semibalada, que após uma introdução breve de teclados e dedilhados, evolui para uma composição forte e sentimental, lembrando a clássica “Glory To The Brave”.
Mas que fique claro: o fato do HammerFall apresentar novas músicas com uma sonoridade que lembre clássicos do passado não quer dizer que isso seja um defeito, e nem tão pouco que sejam ruins. “Built To Last” tem seus pontos positivos, e que devem sim, ser levados em consideração. Sem dúvidas, um dos destaques de 2016, mas que poderia ter sido bem melhor explorado.
Formação:
Joacim Cans (vocal);
Oscar Dronjak (guitarra);
Pontus Norgren (guitarra);
Fredrik Larsson (baixo);
Davis Wallin (bateria).
Faixas:
01 – Bring It
02 – Hammer High
03 – The Sacred Vow
04 – Dethrone and Defy
05 – Twilight Princess
06 – Stormbreaker
07 – Built To Last
08 – The Star of Home
09 – New Breed
10 – Second To None
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7/10