Quando você decide comprar um novo álbum, eu tenho certeza absoluta de que um dos fatores de escolha menos usados é definitivamente “Eu vou comprar esse álbum pela experiência que ele pode me fornecer”, mas a cada novo dia eu percebo cada vez mais que escolher um álbum vai muito além de uma bela capa ou do novo single, ou ainda por qualquer outro motivo que você queira identificar. Escolher um álbum é algo realmente especial e alguns são criados para gerar sensações, álbuns que levam a um momento exclusivo durante a audição, para que você descubra como sua mente funciona em relação ao que está ouvindo. Este é o caso do novo lançamento da banda ENNUI, onde estamos falando de ‘End of the Circle‘, o enigmático álbum do par de músicos de Geórgia, um país que eu nunca tinha ouvido falar antes, de onde vem estes músicos ambiciosos e seu quarto full-length. Um poderoso trunfo lançado em 5 de setembro de 2018 pela Non Serviam Records.
Confesso que sou apaixonada por ouvir novos álbuns à moda antiga (prestando atenção a cada detalhe), e é claro que decidi colocar meus olhos e atenção em todos os detalhes deste álbum – desde a arte da capa até a estrutura das músicas. Para minha surpresa ‘End of the Circle‘ tem uma estrutura peculiar com apenas três faixas: a primeira ‘ End of the Circle‘ com 33:44 minutos, seguida de ‘The Withering Part I – Of Hollow Us‘ com 20:52 e ‘The Withering Part II – Of Long-Dead Stars‘ com 20:46, onde então reservei um horário exclusivo para ouvir todos os detalhes aqui contidos.
Formada em 2012 por David Unsaved na cidade de Tbilisi, a dupla georgiana que atende por ENNUI, realmente passeia por uma grande variedade de estilos dentro dos gêneros de Doom e Death metal, já que as faixas são realmente colossais e você tem que usar a mente nas melodias, se tornando uma experiência equivalente, considerando que os riffs estão girando e em alguns pontos quase delirantes, o que pode ser repetitivo para muitos será uma sensação meditativa para os outros.
Apesar de estarmos falando de faixas realmente extensas e com grandes diferenças para quem conferiu o álbum de 2015 ‘Falsvs Anno Domini‘, ainda é possível perceber que este é um disco bem definido com excelente qualidade de produção, que mantém as linhas limpas embora as vezes mantenha-se em um certo loop auditivo.
Toda a estrutura instrumental é extremamente densa acompanhada por um gutural encharcado de melancolia, que gera um conteúdo quase sádico mas com muito equilíbrio entre as diferentes camadas de guitarra tornam a experiência um pouco curiosa e é inevitável pensar sobre as ideias que trabalham na cabeça destes músicos.
Uma curiosidade: o Ouroboros na capa – a serpente mordendo o próprio rabo – aliás, já vi muito disso ultimamente, talvez defina perfeitamente a sensação de sonoridade rotativa, algo quase poético e atemporal como o próprio infinito da vida. e morte.
Um álbum reflexivo, mas melancólico, com uma estrutura digna que pode levá-lo em uma jornada inebriante através de planícies sonoras profundas, entre linhas de baixo e algumas pitadas de aceleração, todas níveis de atmosfera que muitas vezes se torna cintilante na teia que estes músicos podem gerar.
Tracklist:
01. End of the Circle
02. The Withering Part I – Of Hollow Us
03. The Withering Part II – Of Long-Dead Stars
Membros:
David Unsaved – vocal, guitarra e teclado
Serj Shengelia – guitarra e teclado
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8/10