E aqui estamos mais uma vez para falar de uma banda europeia nas linhas obscuras do Metal, com uma mescla genial dos gêneros e um alto nível de produção. Seguimos falando da banda de Death e Black Metal melódico de Vantaa, Finlândia, a profusa COLDBOUND e seu novo álbum THE GALE, lançado no dia 10 de junho de 2018 pela Moonlight Productions.
Nascida nas mãos do genial Pauli Souka, já conhecido pelos trabalhos com JULLOV, ARVAS e WINTERTHRONED e sua ferocidade para composições, a banda trouxe à tona neste novo trabalho o resultado dos anos de experiência marcando seu quarto full-length com algumas das pontuações mais altas do setor e não é sem razão, a qualidade do trabalho é simplesmente surpreendente e você pode notar isso quando a introdução ‘61° 43′ N 17° 07 E” começar. Toda a atmosfera com o trabalho rápido da bateria se conecta perfeitamente às linhas agudas e colossais da guitarra enquanto o vocal encorpado e visceral de Pauli te mantém atento à sonoridade. E é realmente ótimo como isso decai para ‘The Invocation‘, interligando ambas quase como uma, então o momento entre as duas se mantém oculto durante a transição, o que na minha opinião funciona muito bem.
Mas não se acostume à velocidade do principio deste álbum, estamos falando de um setor que é profissional em te dar a sensação da beira do abismo e é exatamente isso o que você vai sentir quando ‘Endurance Through Infinity’ começar. A banda desce o tom e te entrega uma canção melodiosa cheia de magnetismo e com um trabalho surpreendente da guitarra. Este cara sabe bem como integrar os elementos e, é claro, a atmosfera é algo que as bandas desta região trabalham como ninguém.
Um detalhe que merece ser mencionado é a presença de vários elementos do Doom Metal durante este trabalho, então sim, estamos falando de uma nova faceta do setor que saiu daquele som cru e hoje dispõe sem medo de todas as influências que eles puderem, então observe algumas diferenças em ‘The Eminent Light’, uma faixa incrivelmente lenta e densa com um trabalho magnífico de guitarra e os vocais de Paulina Medepona adicionando uma aura diferenciada ao contexto.
Agora nós chegamos ao ponto brutal deste trabalho, com certeza a melhor faixa em questão de peso, instrumentação, letra e produção. Estamos falando de ‘Winters Unfold’, que começa com linhas profusas e desconexas até explodir em uma faixa absolutamente profunda e colossal.
Atualmente eu escuto muitos espacialistas musicais reclamando das diferenças que o setor Death Metal vem passando. São tantos elementos novos e muita coisa acaba soando parecida umas com as outras, no entanto este está longe de ser o caso de THE GALE, o álbum não possui nada estritamente impressionante em matéria do que encontramos no mercado atualmente, mas se o que você procura é um álbum excelente dentro dos critérios do estilo então sim, este é um álbum para você, tanto quanto para mim, e eu realmente gosto do que encontrei aqui.
Este álbum foi composto entre abril de 2017 e maio de 2018 na Moonlight Sound Solutions, em Hudiksvall, na Suécia, e em alguns pontos de Helsinki, na Finlândia, e o conceito é altamente focado nas memórias de nostalgia, lutas pessoais e, por último mas não menos importante, tem o objetivo de conscientizar quem sofre de depressão, quem tem pensamentos suicidas ou se sente sozinho, tendo seu motor de impulso como uma especie de auto-ajuda que se repete continuamente na faixa ‘Shades of Myself’, uma tentativa muito válida da banda em promover o otimismo em tempos tão difíceis onde muitos sofrem, às vezes em silêncio. Eu encerro minha resenha na melancólica ‘Towards the Weeping Skies’, que fecha este excelente álbum de maneira perfeita.
Destaque para ‘My Solace’.
Faixas:
01. 61˚ 43’N 17 ˚ 07E
02. The Invocation
03. Endurance Through Infinity
04. My Solace
05. The Gale
06. The Eminent Light
07. Winters Unfold
08. Shades of Myself
09. Towards The Weeping Skies
Formação:
Pauli Souka – vocal e todos os instrumentos
Andras Miklosvari – teclados nas faixas 4, 5, 6 e 7
Paulina Medepona – vocal em “The Eminent Light”
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10/10