Existem bandas que são fenômenos mundiais: Kiss, Metallica, U2… E existem aquelas que, não obstante a qualidade e a história que carregam, parecem estar fadadas a permanecer vinculadas a um certo território geográfico.
Vejamos, por exemplo, o Eagles. É uma das bandas que possuem o maior número de vendas nos Estados Unidos. Mas, e aqui no Brasil? Quantas pessoas realmente conhecem o trabalho da banda e seriam capazes de citar algo além de “Hotel California”??? Caso um pouco semelhante a esse seria o do Cheap Trick. Banda seminal do Rock americano, dezoito álbuns de estúdio lançados em quarenta anos de carreira e possuidora de um dos mais aclamados discos ao vivo já registrados, o tri-platinado “Cheap Trick At Budokan”! Ainda assim, parece nunca ter engatado em nosso país, afora uma pessoa ou outra cantarolando “Surrender” por aí… Tem fãs no Brasil? É claro que sim, mas que parecem ser em quantidade desproporcional ao histórico do conjunto.
O Cheap Trick é uma daquelas formações lineares, sem grandes flutuações de estilo ou mesmo de integrantes. O seminal baixista Tom Petersson saiu e voltou e, apenas recentemente, houve a substituição de baterista, com o impagável Bun E. Carlos tendo que se retirar dos palcos. Musicalmente, a banda continua praticando um Hard Rock com bastante aceno pop, além das indefectíveis baladas e da forte presença dos Beatles e dos Kinks em sua musicalidade.
Na outra face da moeda, listar quem o Cheap Trick influenciou necessitaria de muito espaço: Ramones, Guns´n´Roses, Van Halen,… Só esses nomes já seriam suficientes para compreender o que queremos dizer, não é? Mas o que importa mesmo é que a banda continua ativa e, principalmente, continua apresentando bons trabalhos. Seu novo álbum acabou de ser lançado e me parece que vai ficar alguns dias grudado no som do meu carro. Vai ser o disco do ano? Não. Vai mudar a história da música? Também não. É um disco de rock cativante e empolgante e no qual você poderá desfrutar de um som descompromissado e divertido? Certamente que sim.
Não poderia mesmo ser de outro modo, pois as peças estão em seus devidos lugares. Além do título do álbum, que referencia a letra da clássica “In The Street”, que ficou mais conhecida por ser o tema de abertura da série “That 70´s Show”, a voz de Robin Zander continua impecável, arriscando inclusive alguns timbres típicos de Bob Dylan, em “She´s Alright”. Os solos e os licks de guitarra de Rick Nielsen também permanecem no primeiro plano de condução das faixas. O disco começa cuspindo fogo com “You Got It Going On”, com tantos toques de Who em seu andamento que o novato baterista, Daxx Nielsen, filho de Rick, arrisca até umas viradas a la Keith Moon.
“Long Time Coming” segue a mesma linha e é seguida pela quase punk “Nowhere”. A partir daí, me parece ser meio inútil ficar adjetivando cada uma das faixas, porque a expectativa que foi criada, lá nos seus primeiros acordes, será preservada até o final, e também porque, na análise mais pura, todas são canções de rock básico. De certo que, com esse disco, a veterana banda mantém seu nome na mídia e, quanto aqueles que, nessa altura, ainda não conhecem sua obra, caso tenham seu primeiro contato através desse álbum vão se sentir muito tentados a escavar sua discografia passada. Ah, vão…
Formação
Robin Zander – vocal, guitarra
Rick Nielsen – guitarra
Tom Petersson – baixo
Daxx Nielsen – bateria
Músicas
- You Got It Going On
- Long Time Coming
- Nowhere
- Radio Lover
- Lolita
- Brand New Name on an Old Tattoo
- Floating Down
- She’s Alright
- Listen to Me
- The Rest of My Life
-
8.5/10