Se tem um estilo dentro do Metal do qual eu tenho realmente falado muito ultimamente com certeza são as linhas entre Death e Black Metal, eu poderia dizer que é pela conexão com a Noruega ultimamente mas a realidade é realmente outra. Nos últimos anos o que mais observamos dentro do cenário é o crescimento em qualidade entre os trabalhos das bandas em todos os aspectos e estilos no Rock e Metal, este é um fator que eu já mencionei muitas vezes em outras resenhas mas que se faz absolutamente necessário dizer agora.

Explicando de uma forma clara, entre todos os estilos podemos observar que um setor que vai muito bem no momento é a linha entre Death e Black Metal, pois são muitas as bandas que estão surgindo, com uma qualidade espantosa, que apresentam muitos elementos em sua sonoridade, tudo isso com integridade de composição e álbuns que são verdadeiros tesouros musicais.

Alguns podem realmente dizer que esta sempre foi uma realidade – e eu concordo – já que esta é uma área no Metal que não perdeu tempo no crescimento, temos ótimos álbuns datados de dez anos atrás que são ótimos exemplos no estilo mas o que observamos agora é o estilo subindo à superfície. O que antes eram áreas de peso para um público mais exigente e categorizado agora vem se colocando a frente dos estilos mais consagrados como o Heavy Metal Tradicional, passou o tempo de álbuns sujos em sonoridade, gravados no sub-mundo do Metal, hoje falamos de produções de peso em todos os cantos do mundo e a citada de hoje é o que posso chamar algo espantoso.

O papo de hoje é sobre a banda Akhenaten e seu poderoso álbum de 2018 “Golden Serpent God”, uma mistura de Death e Black Metal, com muito de Industrial, Folk e o melhor da sonoridade do Oriente… Uma mistura poderosa e letal que impressiona!

Acima da esfera da sabedoria experiencial encontrada na obra de Helleborus (o projeto primário por trás da faceta de Akhenaten), havia uma vasta experiência humana tecida nos contos antigos quando falamos da mitologia e misticismo do antigo Egito e da Mesopotâmia, os Irmãos Houseman exploram caminhos esquecidos da história, extraindo conhecimento desconhecido e fios da verdade da história das areias quentes do solo do Oriente Médio. Desta jornada emergiu o projeto de estúdio “Akhenaton“, que se assemelha a temas encontrados em Helleborus.

“O álbum é um mural de épicos do Egito e da Mesopotâmia. Ele conta histórias de crença, guerras, homens e deuses.” (Jerred Houseman)

Baseando-se na sabedoria diversificada e som do mundo antigo, seu álbum de estréia “Incantations Through the Gates of Irkalla” é uma paisagem sonora épica de visões exóticas, monstruosas e melodias indescritíveis que assombram como um pesadelo alucinante. O som florescente de Akhenaton está enraizado no Death metal enegrecido, impregnado com a instrumentação exótica e estruturas rítmicas do Oriente Médio antigo. Compartilhando as características exclusivas de bandas como Al-Namrood, Narjahanam, Melechesh e Kartikeya, Akhenaton sussurrando para as regiões mais remotas da memória primal. O álbum de estréia de Akhenaten, “Incantations Through the Gates of Irkalla“, foi lançado pela Murdher Records, pela Satanath Records e pela Darzamadicus Records em dezembro de 2015.

O álbum com suas dez faixas paira entre sonoridades de puro instrumental e outras com linhas eletrônicas diferentes para o estilo e muito da herança mais grossa do Black Metal norueguês. Faixas como “Throne of Shamash” chamam a atenção pela atmosfera, enquanto “Erishkigal: Kingdom of Death” saltam aos ouvidos com riffs velozes onde o gutural lembra muito da cena antiga do Metal mais extremo dos anos 80.

Apophis: The Serpent of Rebirth“, faixa liberada em lyric video, é uma explosão de criatividade e eleva em muito degraus os padrões tão seguidos pelas bandas americanas, isso torna o álbum e o próprio projeto realmente singular.

O Death Metal é totalmente submerso na interface das areias quentes do Egito, e no que diz respeito a “apropriação cultural” esta dupla de músicos geniais de Akhenaton, do Colorado, expõe níveis intrincados e escalas incomuns, com alguns dos efeitos de guitarra mais interessantes sendo utilizados em novos parâmetros. Todo o conjunto da obra torna o trabalho desta dupla significantemente único.

A faixa “Sweat of the Sun” apresenta aspectos instrumentais tão diferenciados que é quase surreal entender como tudo se encaixou ao peso do Death Metal e por mais inacreditável que pareça isto pode ser encaixado ao playlist de qualquer festival de música eletrônica sem causar espanto e mesmo assim agradar os veteranos nos festivais mais agressivos do Metal, então não é de se admirar a razão pela qual esta banda já esteve ao lado de nomes como Fleshgod Apocalypse, Septicflesh, Cannibal Corpse, Taake, Dark Funeral, Cattle Decapitation, Wolvhammer, Panzerfaust, Ghostbath, Tombs, Blood Storm, Mantar, Acid Witch, Numenorean, Lotus Thief, Nightbringer, Amorphis Swallow The Sun.

Eu apenas posso concluir esta resenha deslumbrada pela criatividade e agressividade contidas neste álbum e recomendar a adição de um trabalho que passou longe de limitações e expande as fronteiras criativas do estilo.

Track Listing:
01. Amulets of Smoke and Fire
02. Dragon of the Primordial Sea
03. Throne of Shamash
04. Erishkigal: Kingdom of Death
05. Pazuzu: Harbinger of Darkness
06. Akashic Field: Enter Arcana Catacombs
07. God of Creation (Ft. Brian Palmer)
08. Sweat of the Sun
09. Apophis: The Serpent of Rebirth
10. Golden Serpent God

Membros da banda:
Wyatt Houseman (vocais);
Jerred Houseman (todos os instrumentos)

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