É uma banda essencial, de qualidade tão extensa quanto sua discografia, mas, eu não saberia aferir ao certo se ela detém, ou não, o reconhecimento merecido. Hoje em dia, quando o Big Four tornou-se a unidade padrão de medida pra falar de bandas de Thrash Metal, me parece que, na hora de responder a clássica pergunta “qual seria a quinta banda?”, o nome do Overkill vem quase sempre após as menções ao Testament e ao Exodus e, deixando as paixões saudosistas de lado, eu creio que o Overkill é tão bom quanto essas e tem alguns discos fortes o suficiente para superar alguns clássicos lançados pelas outras bandas, mesmo as do Big Four.
Convenhamos que as capas de disco, de bandas de Heavy Metal, salvo algumas exceções, não vão muito além dos clichês de demônios, guerreiros ou caveiras. É raro presenciar alguma capa com uma foto chamativa e bem feita dos próprios integrantes das bandas. Nesse ponto, a capa de “Taking Over” é bastante criativa e não só cumpre seu papel de cartão de visitas, quanto também tem absoluta coerência com o conteúdo musical do álbum. A sensação do primeiro contato com as faixas de “Taking Over” é a de ser alvejado pelo pelotão de fuzilamento ali estampado.
Originário da mesma New York que gerou Anthrax, Manowar e Twisted Sister, o Overkill praticava – e continua assim até hoje – o Thrash Metal em sua forma mais pura, com toda a riqueza de opções estilísticas que os anos iniciais do estilo permitiam. A formação ainda era a de quarteto e é uma das mais antológicas de sua trajetória, com as participações de Bobby Gustafson e Rat Skates, além dos pilares Bobby Ellsworth e D. D. Verni. Ellsworth não é um vocalista de técnica apurada, mas tem uma performance comparável a poucos, além da versatilidade que o leva desde um timbre mais melódico até o agudo rasgado.
O álbum tem bastante variedade em seu decorrer, mas inicia-se com duas faixas intensas, “Deny the Cross” e “Wrecking Crew”, que dão aquele ritmo típico de um começo de show, com bastante velocidade. “Fear His Name” dá uma pisada no freio em sua primeira metade, com uma leve acelerada ao final para fazer a adequada passagem de bastão para “Use Your Head”. Até aqui, tudo impecável, mas, ao contrário de tantos discos que parecem ir ficando mais-do-mesmo em seu decorrer, “Taking Over” vai na contramão e melhora gradativamente conforme as faixas vão passando. Basta mencionar que a música seguinte é uma das minhas preferidas da discografia da banda, “Fatal If Swallowed”, uma canção cativante e que sintetiza o que o Overkill é em termos de peso, velocidade e carisma.
Sabe aquela sensação de ser atingido pelo pelotão que eu mencionei anteriormente? Ela está representada na próxima música: “Powersurge”. A forma como a banda entra seguindo o riff inicial executado pelo baixo é um dos momentos mais emblemáticos de demonstração de força nesse tipo de música. Depois dessa dobradinha, é essencial um momento para respirar e a banda sabiamente apresenta aquela faixa que ficou, para a posteridade, como a mais constante representativa desse álbum nos setlists dos shows: o hino “In Union We Stand”.
Se o disco encerrasse aqui, a sua missão já estaria cumprida, mas ele ainda nos alegra com mais uma faixa rápida, “Electro-Violence”, e com “Overkill II (The Nightmare Continues)”, cheia de climas e variações. Ao final dos 45 minutos de Thrash que “Taking Over” lhe proporciona, fica esclarecido, portanto, qualquer questionamento que você tenha sobre o Overkill. Big Four???? O que é isso????
Formação:
Bobby Ellsworth (vocal);
Bobby Gustafson (guitarra);
D.D. Verni (baixo);
Rat Skates (bateria).
Faixas:
01 – Deny the Cross
02 – Wrecking Crew
03 – Fear His Name
04 – Use Your Head
05 – Fatal If Swallowed
06 – Powersurge
07 – In Union We Stand
08 – Electro Violence
09 – Overkill II (The Nightmare Continues)
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9.5/10