Em 12 de setembro de 1952, nascia na cidade em Hamilton, condado do Ontario, Canadá, aquele que se tornaria o maior baterista de Rock de todos os tempos: Neil Ellwood Peart, ou simplesmente Neil Peart. A fera que entrou no RUSH após o lançamento do primeiro disco da banda e revolucionou a mesma.
Dono de uma técnica absurda em seu kit de bateria igualmente absurda de grande, Neil Peart se inspirou em nomes como Keith Moon e John Bonham. Anos mais tarde, já famoso, ele absorveu elementos de músicos de jazz, como Gene Krupa e Buddy Rich. Além de ter se reinventado como músico, tornando-se pupilo do baterista Freddie Gruber. Ou seja, além de fera, o cara tinha a humildade de reconhecer que havia chegado ao topo e que precisaria de algo novo.
A história do menino Neil com o instrumento que lhe tornaria um notável começou quando ele tinha 13 anos: seus pais lhe deram um par de baquetas, almofadas e uma promessa: se treinasse com afinco durante um ano, ele ganharia um kit de bateria. E assim foi feito, um ano depois ele teria o seu primeiro instrumento.
Durante a adolescência, vagou por diversas bandas, o que fez com que ele abandonasse seus estudos, para que pudesse se dedicar a carreira de músico. mudou-se para Londres, onde ficou por 1 ano e meio, sem muito sucesso. Voltou ao Canadá onde entrou em uma banda chamada HUSH e logo depois, uma amiga o indicou para fazer uma audição em uma banda então emergente, um tal de RUSH, que havia lançado seu debut e precisava de alguém para substituir John Rutsey.
A audição não foi muito boa, impressão que o próprio Neil teve, porém, ele e Geddy Lee tiveram afinidades em assuntos como música e literatura. Já Alex Lifeson não sentiu muita firmeza naquele baterista com um estilo britânico de tocar, mas depois de algumas conversas com seu parceiro, resolveu abrir as portas para Neil. Sábia decisão.
Em 29 de julho de 1974, Neil fora apresentado oficialmente como o novo (e definitivo) baterista do RUSH e em 14 de agosto daquele mesmo ano, ele faria a sua primeira apresentação ao vivo, onde o trio mais sensacional da história da música abriu o show do URIAH HEEP e MANFRED MANN, mais precisamente na cidade de Pittsburgh.
Seu primeiro registro com os novos companheiros foi o clássico “Fly by Night“, de 1975. Com o desinteresse dos outros dois músicos em escrever letras, Neil tomou para si a responsabilidade de ser o letrista do RUSH. E isso fez com que ele resolvesse virar escritor, com diversos livros escritos ao longo dos anos. Gravou 19 álbuns de estúdio, além de diversos outros ao vivo.
Neil passou por uma grande tragédia pessoal, em 1997, quando perdeu sua filha e sua esposa, quase que simultaneamente. A banda havia lançado o excelente “Test for Echo“, disco em que a banda abandonava o estilo mais “eletrônico”, vamos assim dizer, e voltava a explorar o Progressivo de outrora, focando no peso das guitarras. E quando do funeral de sua esposa, ele proferiu a seguinte frase para seus companheiros:
“Considerem-me aposentado”.
Então Neil pegou sua moto e saiu sem rumo pelas estradas da América do Norte, em viagem que rendeu-lhe um livro, chamado “Ghost Rider“. Em 2002, com Neil aparentemente recuperado de seus traumas, a banda retorna com o disco “Vapor Trails“. E foi na turnê deste disco que o RUSH esteve pela primeira vez no Brasil.
Eu escuto RUSH desde 1996, embora, como todas as pessoas que não são do mundo do Rock, que dizem não conhecer a banda, mas quando você fala “daquela música de abertura do seriado “Profissão Perigo” (N. do R: que as pessoas em geral também não sabem o nome, mas se você disser que é o seriado do “McGyver“, ai elas se lembram)”, as pessoas se dão conta de que conhecem o som da banda, nem que seja um pedaço de “Tom Sawyer“, a música em questão.
Aprendi a curtir esse som que o trio faz e tive a honra de estar presente no primeiro show que a banda realizou no Rio de Janeiro. E mais honrado sou em ser uma das vozes da platéia registradas no CD/DVD ao vivo “Rush in Rio“. Se eu já era impressionado com as performances dos caras, ali eu fiquei embasbacado. Como hoje a estrela do texto é Neil Peart, dedicarei somente a ele os meus escritos. Que técnica, que habilidade, quanta perícia em tocar seu gigantesco kit com uma precisão cirúrgica. Era como se eu estivesse ouvindo os discos do RUSH, porém, tocados ao vivo, iguaizinhos ao que eles fizeram em estúdio.
A banda, como sabemos, acabou, muito em virtude das limitações físicas de Neil Peart. Muito embora eu seja defensor de que o RUSH poderia continuar, quem sabe com um baterista do quilate de um Mike Portnoy, por exemplo. Acredito que não mancharia o lindo passado da banda e ainda daria uma oportunidade aos mais novatos de conhecer a banda ao vivo, mesmo que isso custasse não testemunhar a performance cavalar do aniversariante de hoje.
Uma pessoa bem tímida e por isso muitas vezes fora considerado como um sujeito arrogante, arredio, Neil não se sente à vontade com os fãs. Mas quando está atrás do seu kit, o cara simplesmente deixa toda a sua timidez de lado e se torna o gigante que sempre almejou ser, desde que ganhou seu par de baquetas, lá no ano de 1965.
Mas o legado dele está ai, para quem quiser degustar. Eu não só degusto, como me lambuzo sempre que tenho a oportunidade de assistir o RUSH, seja nos meus DVD’s, Blue Ray ou mesmo em vídeos no YouTube. Quem não pira com suas performances em músicas como “YYZ“, “Tom Sawyer“, “The Spirit of Radio” ou em “2112/Temples of Syrinx“, por exemplo?
A revista “Rolling Stone” elegeu Neil Peart como o segundo maior baterista da história, ficando atrás apenas de John Bonham. Eu peço licença em discordar de uma publicação tão importante e coloco Neil no topo. Em minha opinião, ele não é só o melhor baterista da história, como também é o baterista que me deixou mais impressionado em uma apresentação ao vivo. Ele influenciou e segue influenciando uma legião de músicos e por isso que a ROADIE METAL, A VOZ DO ROCK felicita essa fera das baquetas neste 12 de setembro e lhe deseja muitos anos de vida. Mesmo que sem mais tocar. Nem precisa mais! Longa vida a Neil Peart.