Qual a relação entre sexta-feira 13 e Rock? Na presente data comemorativa, – dia mundial do mais aclamado, controverso e abrangente estilo musical -, a coluna “History from Hell” explicará os fatores que possibilitaram a existência de estilos de Rock mais pesados tal qual conhecemos hoje em dia.
Já imaginou como seria o Metal Extremo caso não existisse “o Bode” e tudo o que está associado a ele: o pentagrama invertido; a figura com chifres e patas com cascos; Baphomet; o Demônio?
Comecemos pelo começo, pelo Big Bang da ideia de Diabo, pelos fundamentos que levaram à criação da personificação do mal.
Antes dos séculos XV e XVI, a figura do Demônio não possuía a força e a grandeza como conhecemos hoje – o antagonista de Deus era apenas um anjo caído responsável pelo primeiro pecado cometido pela humanidade e por tentar Jesus no deserto. Após a publicação de estudos realizados pela sociedade católica durante o período medieval, inspirados em Santo Agostinho, a figura do Diabo ganhou o destaque como principal inimigo da Igreja. Todo o mal que ocorria – desde catástrofes naturais até doenças leves – era culpa do Coisa-Ruim, sendo esta figura cada vez mais fortificada pelas lendas, crenças e atribuições negativas. Logicamente uma personagem de poderes quase ilimitados precisava de aparência física, caso contrário perder-se-ia com o passar do tempo no imaginário coletivo. A aparência de bode é provavelmente oriunda do Deus grego Pã (veja a figura abaixo), pois este era uma divindade pagã – adorador de música e protetor dos bosques – e por isso sinônimo de contraponto religioso; a cor preta e vermelha são associadas à coisas negativas; as asas, geralmente representadas queimadas, são ilustrações de um anjo caído ou que não pode voar. Desde a criação da supracitada figura, o pavor de ter a alma submetida à eternidade de torturas no Inferno fez com que o mundo se transformasse não somente religiosamente, mas principalmente economicamente.
Para chegar ao assunto “sexta-feira 13” devemos conhecer brevemente o que foram as Cruzadas. Durante a Idade Média, grupos militares de ordem cristã foram criados para partirem da Europa em direção a Jerusalém com intuito de cristianizar a Terra Santa. Com o passar do tempo, as Cruzadas foram uma importante rota de comércio e transporte de valores. A Ordem dos Cavaleiros Templários foi criada pela Igreja Católica para ser o “batalhão de elite” que acompanhava as Cruzadas juntamente com os peregrinos. Mediante ao sucesso financeiro das expedições, os soldados postos em tela enriqueceram e basearam-se fixamente em Jerusalém. O rei Felipe IV da França, durante seu reinado adquiriu dívidas financeiras com a Ordem e, pressionando o Papa Clemente V, uniu forças com a Igreja para caçar os Cavaleiros. Vale expor antecipadamente que todo bem material ou financeiro de pessoas acusadas pela Igreja de realizar pacto com o Diabo era incorporado ao império econômico do Clero – líderes e representantes da Igreja Católica.
No dia 13 de outubro de 1307, sexta-feira, todos os Templários presentes em território francês foram capturados, torturados e queimados. A caçada durou até 1314, quando Tiago de Molay, o líder dos Cavalerios, fora morto e, meses depois, o Papa e o Rei morreram de causas naturais – reza a lenda que foi uma maldição rogada pelos Templários, pois a caçada era covarde e sem fundamentos plausíveis.
Sob qual acusação os Cavaleiros Templários foram julgados, condenados e mortos? A resposta é simples: supostamente realizavam rituais macabros de iniciação e cultuavam o Diabo. Na época, já se dizia que os acusados adoravam um deus com chifres, cascos nas patas, meio humano e meio bode – pois bem leitor(a), cria-se então a figura de Baphomet (veja abaixo a imagem contemporânea). Não se esqueça da riqueza dos Cavaleiros Templários! É claro que a religiosidade deles era o que menos importava.
A partir de todo o exposto, podemos entender como surgiu, por exemplo, o pentagrama invertido – tão comumente utilizado como símbolo do Satanismo e representação gráfica do Bode. Grande parte das bandas de Metal Extremo utilizam as simbologias vistas nesta matéria como ideal antagônico ao padrão religioso. O Rock em abrangência que tange à totalidade, fundamenta-se em ideias controversas e conflitos diretos aos padrões sociais voltados ao puritanismo. O estilo musical mais revolucionário de todos os tempos nos permite estudar os mais diversos temas, pois sua riqueza beira ao infinito.
O Rock nunca morrerá, pois ele é a mais profunda representação dos fatos históricos, dos medos e das angústias que temos. O Rock representa a libertação das taxações sociais, a liberdade visual, a fuga dos padrões impostos pela indústria da moda, além de ser o principal estímulo de uma mente pensante.
Feliz dia do Rock!