Em um bate papo franco e direto, entrevistei o vocalista André Adonis que fará sua estreia nos vocais da veterana banda de Hard Rock, Sunroad, na conversa ele fala sobre como entrou na banda, seu projeto paralelo no qual interpreta canções do grupo Secos & Molhados, suas influências e o sentimento de estar a frente de seu primeiro projeto de Metal e a frente de uma das principais bandas do estilo no país. Confira.
RM: André como surgiu a vontade de cantar em sua vida e quais foram suas primeiras influências??
André: Cantar e fazer músicas são um hábito que tenho desde a infância. No entanto, quando estive pela primeira vez numa banda e, isso foi bem tarde, aos 18 anos, eu era apenas um guitarrista que idolatrava Iron Maiden, Ritchie Blackmore e Yngwie Malmsteen. Passava até doze horas no quarto praticando.
Certo dia estava em minha casa e recebi um amigo. Coloquei um longplay do Samsom com Bruce Dickinson, liguei um microfone e comecei a cantar por cima. Ele se assustou e eu percebi que tinha certo potencial.
Algum tempo depois, uma banda na qual eu tocava guitarra ficou sem vocalista, os caras insistiram para eu cantar. Depois das primeiras audições, onde cantei Black Sabbath e Led Zeppelin, chegamos a conclusão que havíamos perdido um guitarrista e ganhado um novo cantor (risos).
As vozes canônicas que nunca deixarão de me influenciar sempre serão: Ian Gillan, Dio, Glenn Hughes, Robert Plant, Bruce Dickinson e DAN MCCARFTY (NAZARETH).
RM: Você incorpora um projeto que apresenta músicas da lendária banda brasileira Secos & Molhados. Explique melhor o que é esse projeto e como ele se iniciou?
André: Quando comecei a cantar notei que estava situado entre as notas mais altas. O naipe da minha voz é contra-tenor, assim eu consegui entrar num coral de música italiana da faculdade de letras da UFG sem saber ler as partituras, muito menos italiano (risos). Resumindo, eu tenho a voz bastante “feminina” quando canto outros estilos como MPB dos anos 70. Neste projeto, ligado a secos e molhados e Ney Matogrosso, eu trabalho como intérprete, e o material vai além, fazemos Gal Costa, Elis Regina, Diana e muitos outros sons nostálgicos. As pessoas acham muito interessante, um cara com visual hard rocker cantando material nacional, elas se divertem.
RM: Atualmente está no comando dos vocais da tradicional banda de Hard Rock brasileira Sunroad, como aconteceu esse processo de você assumir a linha de frente do grupo?
André: Foi interessante… Conhecia o Fred Mika de modo breve, mas ainda não éramos amigos. Certa vez o estúdio dele, O Musik, estava sonorizando um festival na cidade de Goiás onde eu iria me apresentar… E quem eram os técnicos? Bingo! Mika e o guitarrista, Netto Mello. Eu estava com uma banda de Rock brasileiro que tocava anos 70, tocando muito alto e forte, principalmente Secos e Molhados. Eles ficaram muito impressionados com minha voz e minha entrega no palco. O público enlouqueceu!!! Não queria que abandonássemos o lugar! Alguns meses depois recebi um telefonema do Mika, me convidando para fazer alguns testes para o Sunroad. Fiz o primeiro teste, o Mika já me queria na banda para fazer os shows com o Kelly Kelling pelo Brasil… Mas o Netto, um pouco mais analítico, achou que deveríamos esperar e fazer outros testes para melhor avaliar meu material vocal. Daí, por fim, quando eles voltaram da turnê, eu fui convidado a compor o line-up.
RM: Como você está lidando com a pressão de entrar em uma banda que já possui 6 álbuns de estúdio e um problema crônico em manter vocalista à frente da banda?
André: De forma natural. Não sinto nenhuma pressão, aliás, tenho convicção de que o novo material do Sunroad é o melhor de todos da banda, em todos os aspectos, mas principalmente no que diz respeito à criatividade, técnica e produção. Os vocalistas que gravaram no passado foram dispensados por incompetência ou não comprometimento. Coisas que não rolam comigo. Somos amigos, amamos fazer música e buscamos sempre o melhor. Com a entrada de Netto Mello e, agora, a minha, o Sunroad nunca esteve tão bem equipado de material humano.
RM: Já que mencionou que esse é o melhor material lançado pela Sunroad, o que a banda está preparando de diferente em “Wings Seven”?
André: O disco mais pesado e rasgado sonoramente! Um tradicional Hard/Heavy com pitadas de música clássica e canto erudito, mas o principal, drives cortantes e high notes… Sem que soe clichê ou cansativo. Temos riffs muito tradicionais, mas com sofisticação harmônica. Eu espero que todos gostem, pois fiquei contente com o resultado. É um novo Sunroad, sem deturpar suas clássicas raízes.
RM: Falando sobre as letras, quanto você contribuiu nas composições e qual a temática lírica do álbum “Wings Seven”?
André: Nada. Apenas alguns retoques ou palavras que combinem mais com os fonemas que as notas precisam em determinado momento do canto. O Fred Mika fez todas as letras, soma-se uma música, “Brighty Breakdown”, que é de um compositor americano. Não me preocupo em escrever as letras, mas sim as musicas, compus quase todas. O Sunroad é a banda do Mika, ele a carrega por vinte anos… É o seu meio de expressão. Nada mais natural que as letras ficarem por sua conta. Neste álbum os temas vão de conflito na Síria até as inconsistências do egoísmo humano. Mas neste ponto, o próprio autor é quem saberia de fato a resposta, pois é de certa forma subjetiva.
RM: E como você encara esse desafio de cantar músicas composta por outro integrante?
André: É um grande desafio! Nos processos de colocar a voz nos versos rolou até stress entre eu e o Mika. Vejo isto de forma natural. Já que conciliar ideias é algo extremamente complicado desde que o ser humano inventou a linguagem (risos). Mas como disse, minha parte é musical, ponho notas nas letras.
RM: Para encerrar, gostaria de deixasse um recado ao público que ainda não conheceu os vocais de André Adonis, agora novo frontman da banda Sunroad.
André: O disco Wing Seven foi uma experiência incrível! Nele está uma banda experiente, renovada e em seu auge, que deu tudo de si para fazer um tradicional disco Hard ‘n’ Heavy, mas com muita sofisticação. Não vou descrever mais nada. Comprem o disco e não escutem acima de 85 dbs por muito tempo, pois os danos aos tímpanos podem ser irreversíveis (risos).
Muito obrigado à Empresa Roadie Metal pela entrevista. Vejo vocês rockeando por aí!
O disco “Wings Seven” terá seu lançamento no início de fevereiro e pode ser encomendado nas redes sociais da banda.
Sunroad – Facebook: https://www.facebook.com/sunroadgroup/?fref=ts