Recebi semana passada de um amigo de longa data, um vídeo pelo famoso aplicativo de mensagens, com uma legenda que dizia assim: “o vocalista procura o guitarrista de sua banda e o chama para tocar RUSH, que responde que não vai tocar porque está cansado. Daí ele procura o batera e faz o mesmo convite, que também é recusado, sob o argumento de ele não gostar de RUSH. Daí ele pensa consigo: Dane-se, tocarei isso sozinho mesmo”.
Claro que o texto que antecede o vídeo é uma brincadeira e ao dar play, fiquei impressionado com um rapaz que toca guitarra, bateria e ainda canta – Sim, ao mesmo tempo! E não era uma música qualquer. Trata-se nada mais nada menos do que Tom Sawyer, clássico do power trio canadense, presente no igualmente clássico álbum, Moving Pictures.
Curioso que sou, fui na grande rede procurar mais informações sobre Dominic Fragman. Encontrei seu site oficial, dei uma lida e fui no YouTube procurar mais deste talento genial. Cheguei ao seu canal oficial, onde pude assistir outras performances suas. Mesmo seu trabalho autoral sendo calcado no jazz, eu me surpreendi com suas versões para War Pigs (BLACK SABBATH), Black Dog e Moby Dick (LED ZEPPELIN). Uau! O cara é realmente bom! “Isso dá uma ótima matéria para a ROADIE METAL”, pensei com meus botões.
Comecei a observar os comentários e notei que ele sempre responde, sendo bem atencioso. “Vou soltar um comentário lá”, pensei. Escrevi que gostei do seu trabalho, que vi muito talento e não é que o cara me respondeu? Ficou agradecido por ter gente do Brasil interessado e que gostaria de conferir a matéria quando ficasse pronta. Eu não perderia a oportunidade e lhe fiz algumas perguntas, passando meu e-mail pessoal para que ele as respondesse. Meio caminho andado para a segunda entrevista internacional da minha carreira.
Ele começa a entrevista se apresentando: Tem 33 anos, é de uma pequena cidade chamada St. Leonard, no estado de Maryland, costa leste dos EUA. “Comecei a tocar como um ‘trio solo’ quando tinha 13 anos. Tocava guitarra, bateria e cantava, apenas como uma forma de fazer música quando ninguém mais queria tocar. Eu cresci numa casa musical. Meu pai era um guitarrista, baterista e cantor amador e tocava em casa. Meus irmãos começaram a tocar muito cedo.Tocávamos juntos com frequência. Eu estava apaixonado por fazer música e muitas vezes tocava por muito mais tempo do que meus familiares e amigos”.
Quando perguntado sobre como surgiu a ideia de tocar sozinho, se intitulando como o “Trio Solo”, Dominic esclareceu: “Quando todos estavam cansados, eu costumava continuar tocando. E isso me levou ao desejo de tocar de uma forma que soasse mais como um grupo de músicos. Então comecei a trabalhar tocando violão, bateria e cantando ao mesmo tempo”.
Comentei com ele que seu primeiro vídeo que eu tive acesso foi o de Tom Sawyer no que ele me respondeu: “Recebi cobertura internacional de rádio, TV e de toda a mídia especializada. Além disso, os vídeos do ‘Trio Solo’ estão na primeira página do Reedit, na TV dos EUA e Japão, além de artigos escritos pelas revistas Guitar Player, Classic Rock Magazine e uma série de outros (veículos)”.
Dominc fez turnê internacional tocando bateria com diversos grupos. “Estudei bateria com o ‘mestre’ Paul F. Murphy nos últimos 10 anos e toquei com o próprio Murphy, com o icônico pianista do bebop Larry Willis e com o lendário pianista vanguardista, Cecil Taylor”.
Além disso, o artista é fundador do programa Spirit Of Jazz, que Dominic afirmou à ROADIE METAL ter sido reconhecido como histórico. “O programa apresenta concertos improvisados pelos mestres (Paul F.) Murphy e (Larry) Willis, com apresentações de convidados como a poeta Jere Carroll e eu”.
E ele diz que o programa tem dado frutos: “A banda e o programa estão crescendo aqui pelos EUA. Estaremos nos apresentando na Universidade Regis, em Denver em setembro, na Universidade Loyila de Nova Orleans em outubro e no Museu Patuxent River Naval Air, em Lexington Park, Maryland, no mês de janeiro de 2019”.
Além das influências de RUSH, SABBATH e ZEPPELIN, o multi-instrumentista gosta muito de música brasileira: “Eu gosto de Milton Nascimento, Gilberto Gil, João Gilberto, Tom Jobim. Eu não falo nem entendo o português, mas a música é linda e edificante. Estes elementos (rock e música brasileira) permearam meu estilo de tocar”, prossegue ele.
Quando soube que está sendo alvo de matéria por um site brasileiro, ele se mostrou animado: “É a primeira vez que converso com a imprensa brasileira. Nunca estive no país, mas quando tinha 20 anos pensei seriamente em me mudar para o Brasil, tinha vontade de ingressar em uma escola de samba. Gosto muito de samba e capoeira, são ritmos fortes e energéticos. Acredito que o Brasil é a minha segunda maior base de fãs. Obrigado”.
Nós é quem agradecemos, Dominic. É muito bom ver talentos como você executando canções clássicas de rock e heavy metal, mesmo sendo você vindo de outra escola, mas não devemos estabelecer fronteiras para música boa.
Você pode conferir os vídeos da fera abaixo:
Caso você queira conhecer o trabalho autoral dele, seu ep intitulado Songs of Ever Moving encontra-se disponível no Deezer.
Para mais informações:
www.domincfragman.com
https://www.youtube.com/channel/UCzxOJnZiYyRtVZX6mJyC0rQ
https://www.facebook.com/dominicfragman/