Jimmy Kay e Alan Dixon, do The Metal Voice, entrevistaram o ex-tecladista do Dio, Claude Schnell. O músico falou sobre as gravações de The Last in Line (1984), Sacred Heart (1985) e Dream Evil (1987), a contribuição do guitarrista Vivian Campbell para a banda e a sua saída, as tensões nas gravações de Lock up the Wolves (1990) e a sua opinião sobre o holograma e o Dio Disciples.
Veja a entrevista abaixo (em inglês):
Quando perguntado sobre as composições, publicações e por que Ronnie James Dio declarou que todas as letras e melodias foram escritas por ele:
“Uma lição rápida sobre publicar: quando se trata de direitos de uma música, eles estão baseados inteiramente em duas coisas, melodias e letras. Acho e suspeito que Ronnie tenha ficado com poucos créditos do Rainbow, e possivelmente, do [Black] Sabbath. A onipresença de Ronnie James Dio em todas as letras e melodias foi por ser o seu projeto. Cada palavra, cada nota era a sua própria banda Dio. Ronnie escreveu as letras e as melodias e, no que diz respeito à música, todos na banda contribuiriam. A maioria dessas coisas se define como arranjos.”
Quando perguntado se Dio era uma banda ou projeto solo:
“É questão de semântica, sujeito à interpretação para o melhor ou o pior sobre os três primeiros álbuns. Entre 1983 e 1986 nós éramos uma banda, não há o que discutir. Uma banda não é determinada por quem paga. O que faz uma banda é o respeito mútuo. Nos três primeiros álbuns eu só recebia um salário mas, mesmo que digam o contrário, eu estava em uma banda.”
Quando perguntado sobre as relações de negócios de Vinnie Appice e Vivian Campbell com Ronnie James Dio:
“Por mais que eu fosse levado a crer que o que eu teria antes e não tive, frustrado como estava, encontrei meu consolo quando descobri o que haviam prometido a Vinnie. Tão mal quanto eu me sentia a respeito em termos de dinheiro. Eu só podia imaginar estando no lugar do Vinnie Appice sendo prometido ao mundo e não consegui-lo. As pessoas que geralmente falam muito são as que têm menos a perder. Ronnie dizia que músicos de bandas de Los Angeles eram basicamente partes intercambiáveis de um quebra-cabeça. Você não quer mexer ou fazer alvoroço se não quer perder seu ticket refeição. Mesmo Vivian Campbell, que havia vindo de uma família rica. Então, mesmo que Vivian estivesse preocupado com o dinheiro, ele estaria sendo pago por Ronnie menos que a maioria das bandas famosas.”
Quando perguntado sobre Vivian Campbell ser substituído por Craig Goldy ou a turnê de “Sacred Heart” e o álbum “Dream Evil”:
“Craig é um guitarrista muito talentoso, mas todos nós sentimos que Vivian foi muito maltratado, não tanto por Ronnie, mas era óbvio que essas decisões foram tomadas por Wendy Dio. Vivian foi preparado e colocado em uma posição onde a única coisa que poderia fazer era exatamente o que faria ele ser tirado da banda. Quando aconteceu, Wendy estava tentando colocar Craig na banda e Vivian foi tirado sem cerimônia. Na minha humilde opinião, não foi culpa do próprio Dio.”
Quando perguntado sobre a entrada de Vivian Campbell no Def Leppard e a reação de Dio:
“É interessante ver Ronnie reagir negativamente à entrada de Vivian no Def Leppard depois de pagá-lo muito abaixo de seu valor de mercado, então você não pode culpá-lo por ganhar dez vezes mais do que estava ganhando com o Dio. O Def Leppard é uma banda lendária que nunca será esquecida e para o Vivian ser parte disso, acho que foi um grande feito. Acho que a melhor coisa para o Vivian e para todos nós, se tivéssemos ficado juntos, seria Wendy permitir uma divisão mais equitativa para que todos pudéssemos ter um salário digno e permitir que a banda se desenvolvesse como as bandas costumavam fazer no passado. Não desmerecendo Craig, mas acho que Dream Evil teria sido um álbum melhor se Vivian estivesse tocando.”
Quando perguntado por que deixou o Dio depois de “Dream Evil” durante as gravações de “Lock up the Wolves”:
“O guitarrista que nós queríamos foi substituído por Craig. Quando eu digo nós, me refiro a Vinnie [baterista], Jimmy [baixista] e eu, que concordamos por unanimidade que queríamos um guitarrista como Gary Howey na banda. Nós ouvimos Gary e ele foi incrível. Não acho que a banda soou melhor [com Craig]. Nós três estávamos convictos de que Ronnie tinha gostado dele. Depois de Gary deixar as audições, Ronnie veio para o estúdio e disse ‘pessoal, vocês vão me odiar por isso, mas eu achei o guitarrista, Rowan Robertson‘. Você poderia ouvir nossos corações desabarem. Já que estávamos presos a um guitarrista, não queríamos que a escolha de Ronnie por Rowan fosse desanimadora e tão ruim quanto os ensaios estavam sendo. Rowan estava passando por um momento muito difícil no começo, com a pressão que Ronnie colocou em todo mundo. Rowan estava tendo dificuldade em se manter e as tensões foram aumentando cada vez mais. Jimmy foi demitido, Ronnie parecia bem chateado com as performances de Rowan, as músicas eram fracas, na melhor das hipóteses, e eu não queria estar em uma banda onde Jimmy e Vinnie não estivessem.”
Quando perguntado sobre sua opinião a respeito do Dio Hologram e Dio Disciples:
“Não se trata mais do Ronnie. Eles podem falar sobre manter a música dele viva mas ninguém fez hologramas dos Beatles e a sua música ainda está viva. Eu acho que as decisões deles estão baseadas em interesses mais pragmáticos. Você junta um monte de gente que não arranja shows, gerenciados pela mesma mulher que tem contato com agências e promotores do mundo todo. E o que pode ser mais natural que tirar músicos do trabalho e colocá-los em turnê e fazer um pouco de dinheiro? Não me leve a mal, não estou julgando os caras. Eles fazem um ótimo trabalho e os fãs devem estar felizes, é isso que importa. Mas você não está me perguntando o que os fãs acham e sim o que eu penso.”
Claude Schnell nasceu em 17 de maio de 1958, em Nova York, é um tecladista americano que foi membro das bandas Magic, Rough Cutt, Dio e Last in Line. Ele também tocou no álbum Down for the Count (1985), do Y&Y.
Discografia de Claude Schnell com o Dio:
The Last in Line (1984)
Sacred Heart (1985)
Intermission (1986)
Dream Evil (1987)
Finding The Sacred Heart: Live In Philly 1986 (2013)
Fonte: The Metal Voice