Eu sou fascinada pela epoca discográfica dos anos 80, mas temos que admitir que os anos 70 foram mágicos para o lancamento de grandes trabalhos e grande berço de musicas eternizadas no cenário do rock n roll pós woodstock em que o “hippie” era o individuo alvo para criações psicodelicas ou para a fusão de um rock com o metal.
Alguns deles imediatamente tornaram-se populares como é o caso de “In Rock” do Deep Purple, Led Zeppelin III e “Paranoid” do Black Sabbath.
Outros foram quase que esquecidos ou reconhecidos muito mais tarde, tais como materiais lançados pelo Wishbone Ash e UFO.
Este foi o caso do Uriah Heep e seu álbum de estréia: “Very ‘eavy… Very ‘umble” que sofreu duras criticas, tais como a da jornalista Melissa Mills da revista Rolling Stone, que na época relatou que “o álbum não chegava a 10% da qualidade de um trabalho do Jethro Tull, (a banda havia lançado o álbum “Benefit”), e que escutar aquilo seria pura perda e tempo”.
É verdade que o Uriah Heep com este trabalho de estréia, ainda estava a procurar por um estilo musical que lhes definisse melhor. O fato é que a banda foi fortemente influenciada por vários estilos como: O “Rock Progressivo”, muito em evidência na época, o “Rock n Blues” (com seu principal representante o Led Zeppelin) e as bandas de “órgão” como Deep Purple, Vanilla Fudge, Atomic Rooster. Como se nao bastasse, a guirarra era nomeadamente a do estilo que viria a ser reconhecido como o “Heavy Metal” ; muito parecido com o que Wishbone Ash fazia na época.
Este disco teve seu lançamento reprográfico com capas e até conteúdos diferentes em diferentes paises, sendo a versão européia, considerada a original, a versão americana norte americana teve alterações nas faixas, já que no lugar de ‘Lucy’s Blues’, foi colocada uma música de (sobra de estúdio) chamada ‘Bird of Pray’.
A abertura do álbum acontece com uma das músicas mais conhecidas da banda, ‘Gypsy’, e é uma das faixas responsáveis por melhor identificar o estilo de que finalmente definiria a banda, com sua maior caracteristica o belo combinado de riff’s de teclado e guitarra.
A faixa “Dreammare” ja é algo semelhante ao Hard Rock, mas com forte elemento de “Blues Psicodélico” se é que posso definir assim. O trabalho agressivo da guitarra de Mick Box é o que se destaca nas faixas, mas muitos vocais de harmonia do excelente David Biron ajudam a imprimir à banda uma qualidade individual.
Um “cover” melodramático de ‘Come Away Melinda’ (gravado anteriormente por Judy Collins, Harry Belafonte e outros) apresentaa um lado mais lirico da banda. O vocal quase que “ardido” de Byron é complementado por sons de um mellotron e uma fantástica linha de baixo.
‘Real Turned On’, não apresenta muitas novidades, apesar de Mick Box fazer bons riffs de guitarra. É talvez a faixa mais sem expressão do álbum.
Os teclados de Ken Hensley vem em ondas, preenchendo todos espaços do disco e o trabalho de guitarra de Mick Box ocasionalmente entra no território de Ritchie Blackmore; comparação inevitável feita até hoje, enquanto a voz poderosa de Byron toma conta do disco e ajuda a criar uma identidade, que provavelmente ficou confuso pra jornalista da Rolling Stone.
Este álbum apresenta uma banda com suficiente talento, que impressiona e resiste à quaisquer comparações e criticas da época.
É certo que tem inconfundíveis harmonias, uma potente bateria cheia de floreios de jazz e o baixo de Paul Newton que são alguns dos destaques desta obra.
‘Walking in your Shadow’ é uma música perfeita para guitarras duplas, entretanto, “Dreammare’, é que tem as guitarras con um tom mais alto; uma identificação ao heavy metal na sua melhor expressão .
Este metal das “guitarras gêmeas”, serviu de base para bandas como Iron Maiden e Judas Priest usarem em suas composições.
Very ‘eavy… Very ‘umble” é um disco clássico , amado por uns e odiado por outros, mas é inegável que ali o Uriah Heep estava criando bases sólidas e se tornaria uma banda reconhecida e a lançar álbuns de referência mundial ao estilo rock anos 70!