Após trinta e oito anos de carreira, contados desde o lançamento de seu primeiro disco, em 1979, pode-se afirmar com certeza que o Accept permanece ativo, ao longo de todo esse tempo, sustentado por dois pilares, nomeados Wolf Hoffman e Peter Baltes, os únicos integrantes que estiveram presentes em todos os momentos da trajetória do grupo alemão.
Peter, nascido em 1958, na cidade alemã de Solingen, tem sido uma peça fundamental da banda não apenas pela sua performance nas quatro cordas, mas também como compositor, letrista, tecladista e, com atuações marcantes nos vocais, embora essas tenham se limitado aos períodos correspondentes aos três primeiros discos da banda e, mais no futuro, em algumas das faixas do álbum “Predator”, de 1996. As canções interpretadas por Peter, principalmente as da primeira fase do grupo, eram geralmenyte aquelas mais marcadas pelo andamento mais suave, onde a voz de Udo Dirkschneider, mais ríspida, não conseguia se encaixar adequadamente, como podemos comprovar em “Seawinds”, “No Time To Loose”, “The King” e “Breaking Up Again”.
Alex Webster, o virtuoso baixista da banda de Death Metal, Cannibal Corpse, é um fã declarado de Baltes, e não deixou passar a oportunidade, quando a revista inglesa Bass Guitar Magazine, lhe ofereceu a oportunidade de fazer uma entrevista com o músico, de quem ele admite ter sido influenciado. Mesmo nos períodos de inatividade, pelos quais o Accept passou, Peter não deixou de atuar no ramo musical, pois compõe números para o rádio e para a televisão na América, onde reside atualmente com a família, na cidade de Pensilvania. Também tem participado dos trabalhos de outros artistas, quando surgem as oportunidades, como no álbum solo de Don Dokken, “Up From The Ashes”, ou nos discos “Face The Truth” e “Worlds Away”, do guitarrista John Norum, do Europe, colaborando no processo de composição e tendo a oportunidade de atuar ao lado de nomes como Glen Hughes, Simon Wright (ex-AC/DC) e Joey Tempest.
O som de Peter Baltes é caracterizado pelo tom limpo, profundamente grave e sem distorções, que ele tira de seu modelo Fender Precision, já bastante surrado e que pode ser visto na maioria de suas fotos. Sendo um adepto do uso de palhetas, ele também tem utilizado, em tempos mais recentes, os contrabaixos da marca Warwick. Independente, porém, do modelo que estiver utilizando, o certo é que Peter é um baixista de muita segurança e que repassa isso para a banda. O Accept tem, como característica, a formação em quinteto, com dois guitarristas, mas, seja por questões estéticas, ou de arranjo, a performance de Peter é suficiente para preencher o som da banda, mesmo quando apenas um guitarrista está atuando, conforme ficou comprovado para os fãs brasileiros durante o show realizado no Carioca Club, em São Paulo, quando a banda veio ao país pela primeira vez e o guitarrista Hermann Frank não pôde acompanhar.
Muito se credita ao Accept, principalmente por conta da faixa “Fast As A Shark”, o fato de ser um dos criadores do Thrash Metal. Considerando que essa premissa é verdadeira, Peter Baltes é, por extensão, um dos desenvolvedores de novas formas de abordagem do contrabaixo no metal, e isso não é pouca coisa. Por esse motivo, e por toda sua carreira, ele é certamente merecedor de toda a admiração que conquistou.