Com o novo trabalho, o Aria se mostrou mais forte do que nunca. A nova turnê da banda capitaneada pela dupla Holstinin/Dubinin estreou com uma mini-turnê na Alemanha em abril de 2012, atestando que a jovem aposta para os vocais tinha tudo para se fixar de vez como a voz do Aria. Apesar de ser um sujeito simples e sereno no palco, quando começa a cantar Mikhail Zhitniakov mostra uma bela e potente voz. Também sempre mostrou muita satisfação e felicidade em seu emprego, atuando o tempo todo com simpatia e com um sorriso no rosto, dando um novo fôlego de carisma para a banda.
Falando na voz do Aria, o grupo lança em 2012 o álbum “Live In Studio” (em inglês mesmo), que, como o título sugere, mostra a banda em estúdio gravando ao vivo os clássicos de sua conceituada discografia, e mostrando que Zhitniakov ombreia Kipelov e Berkut em interpretação. Depois da passagem nas terras do país do 7 X 1, a nova formação se apresenta pela primeira vez em sua terra-natal, Moscou, já gravando um novo CD/DVD ao vivo, “V Zholtom Kruge Areny” (Na Arena Do Círculo Amarelo). O novato ganhou toda a confiança dos veteranos soviéticos.
Já foi citado nesta matéria que o Aria costuma manter tradições em sua história, incluindo polêmicas e dificuldades. Apesar da fênix estar estabilizada novamente, a Águia Dourada causou incômodo ao grupo.
Arthur “Berkut” deu início ao seu trabalho solo assim que foi convidado a se retirar do Aria. Sob o subtítulo de “ex-vocal do Aria”, Berkut tocou músicas anteriores a sua passagem por lá, ou seja, composições dos tempos de Valery Kipelov, em que Berkut nunca teve parte nos trabalhos. Sabendo disso, a banda moveu uma ação judicial contra a pessoa de Arthur “Berkut” Mikheev, o que proibiu a Águia a parar de cantar as músicas em litígio de uma vez por todas. Hoje em dia, o cantor segue em uma insossa carreira no pop-rock. Curiosamente, Kipelov e Berkut se reúnem esporadicamente para cantarem juntos. Assim como Paul Di’anno e Blaze Bayley, guardadas as devidas proporções.
Voltando a falar de “Fênix”, o álbum levou o Aria para novos horizontes. Em 2013, pela primeira vez a banda veio para a América, performando nas cidades de Nova York, Boston e ainda deu uma esticada ao Canadá, em Toronto, além de visitar novos países europeus, como Finlândia e Suécia.
Com sangue renovado, sucesso e reconhecimento inédito no exterior, o Aria lança em 2014 seu 12º álbum de inéditas, o aclamado “Tcherez Vse Vremena” (Através Dos Tempos), pela gravadora M2BA. Um forte registro com uma hora (exata) do mais puro Heavy Metal tradicional, com as doses de progressivo que já se tornara característica da maior banda de Metal russa. Ao longo de 30 anos, a banda catalisou o que de melhor apareceu em sua sonoridade e aliou as tradicionais influências da banda de Steve Harris. Basta periciar a faixa-título que já chega abrindo o álbum com ritmos cavalgados, dobras de guitarras, a poderosa voz de Zhitniakov e as mudanças de andamento. A faixa nº 2, “Gorod” (cidade), composição de Sergey Popov, assusta com um começo pesadíssimo de Thrash Metal, mas depois desagua num belo refrão. Zhitniakov também estreou como compositor, assinando com Dubinin a faixa 6, a balada “Tochka Nevozvrata” (Ponto Sem Retorno), onde Zhitniakov arranca lágrimas até do mais durão headbanger com sua performance emocionada. Ganhou clipe.
No fim de 2014, o já tradicional Aria-Fest apresenta um line-up de peso, com a presença de bandas do quilate de Lost Society, Mago De Oz, Edguy, Stratovarius, Hammerfall e Accept. Apesar do honroso cast, o Aria, como sempre, foi o headliner, o que mostra a força do Metal nativo naquele país.
Mas foi em 2015 que aconteceu o momento que coroa a respeitosa carreira da banda-sonho de Vladimir Holstinin. Mais uma vez no Aria-Fest, um show especial foi realizado com a participação de vários ex-integrantes, tocando todos juntos. Juntaram-se a Holstinin, Dubinin, Zhitniakov, Popov e Udalov os ex-membros Valery Kipelov, os guitarristas Sergey’s Mavrin e Terentiev, o baixista Alik Granovsky e o baterista Alexsander Maniyakin. Este Super-Aria tocou uma composição de cada ex-integrante ali presente. Confira abaixo a música “Torero”, clássico do debut, composto por Alik Granovsky.
A turnê de suporte a “Tcherez Vse Vremena” seguiu por todo o ano de 2016 e atualmente o Aria esta em turnê com uma orquestra. A tour “Classical Aria” tem foco nas músicas épicas da carreira da banda, adornadas por uma orquestra regida pelo maestro sueco Ulf Wadenbrandt, e o retorno crítico tem sido o melhor possível.
Entramos agora em 2017 com expectativas para o que o futuro ainda reservará para a maior banda de Metal da Rússia. Hoje, o Iron Maiden russo supera a marca de três décadas de serviços prestados ao Heavy Metal tradicional. Sob duríssimas penas: repressão soviética, crises financeiras, debandadas de integrantes, trocas conturbadas de gravadoras e empresários, brigas judiciais e problemas pontuais. Forjado sob todo esse fogo, a fênix hoje é bastante respeitada e possui uma longa e rica discografia, com raríssimos pontos negativos. Doze álbuns de estúdio e dez ao vivo, somados a várias demos, singles e EP’s. Vladimir Holstinin teve a chama do Metal acesa em seu coração ainda adolescente, assim como muitos adolescentes hoje em dia tem o sonho de montar a sua banda assim que conhecem Iron Maiden. Hoje, Holstinin, ao lado de seu leal parceiro Vitaly Dubinin, pode dizer que o sonhou se tornou realidade. Nas terras de Ivan, o Aria hoje é mainstream: vive nas TV’s, toca frequentemente nas rádios e está acostumado a ocupar o primeiro lugar das paradas, sem nunca abrir mão de executar Metal clássico em troca de algo mais comercial. O sucesso mundo afora só não existe pelo simples fato de sua tradição mandar cantar em russo, pois musicalidade o Aria tem de sobra, sendo uma das melhores bandas de Metal do mundo.
E o melhor de tudo: o grupo mantém uma ótima relação com os ex-integrantes, apesar das históricas traições. Frequentemente Kipelov aparece para cantar algumas músicas ao lado de Zhitniakov, que hoje é considerado um dos melhores cantores da Rússia. Mavrin e Granovsky também visitam o Aria de vez em quando.
E que a fênix continue desbravando as horizontes da música. Ah, e ser chamado de “Iron Maiden russo”, não é para qualquer um.
Apêndice: a Família Aria
Convencionou-se chamar de “Família Aria” ao conjunto formado pelas bandas fundadas pelos ex-integrantes do Aria. Ei-las:
Master: fundada em 1987 pelo baixista Alik Granovsky, após a sua saída e de mais três integrantes do Aria. É o nome mais importante do Thrash Metal russo, tendo já lançado oito álbuns de estúdio. Hoje, somente o patrão Granovsky permanece da formação original. Por lá já tocaram Sergey Popov, hoje no Aria, e o guitarrista Andrey Smirnov, atualmente na banda de Udo Dirkschneider.
https://www.youtube.com/watch?v=Jf8wfK3Xpco
Mavrick: banda-solo do guitarrista Sergey Mavrin. o guitarrista de cabelos encarnados é considerado o melhor e mais importante daquelas regiões. Fundou o Mavrick em 1998 após encerrar sua colaboração com Valery Kipelov e usa todo a sua técnica e virtuosismo em prol de um Heavy/Power Metal com algo de Fusion.
Kipelov: a banda do ex-vocalista Valery Kipelov. Insatisfeito com o gerenciamento do Aria e querendo mostrar mais do seu lado compositor, Valery deixou o Aria em 2002 e levou consigo o guitarrista Sergey Terentiev e o baterista Alexsander Manyakin, que o acompanha até hoje. Também é um nome mainstream na Rússia. Tendo lançado dois álbuns de estúdio, segue o rastro do Aria pelo topo das paradas. Se um dia ele volta para lá, só o futuro sabe.
Arteria: pouco depois de ajudar Valery Kipelov a fundar sua banda, Sergey Terentiev seguiu seus próprios caminhos, fundando o Arteria em 2003. Até hoje executa um Metal tradicional com alguma dose de modernidade.
Artur Berkut: apesar do timbre à la Tim “Ripper” Owens, o vocalista hoje faz um pop-rock com algum peso. Arrisque, se tiver audácia.