Quem nunca ouviu o som de Alice In Chains? Quem não conhece aquele vocal anasalado fazendo conjunto com uma voz grave parecendo duas vozes que realmente nasceram para cantar juntas? Quem nunca ouviu “Would?” ou “Man In The Box”? Mas, afinal, é uma banda de Grunge (estilo underground dos anos 90) ou é uma banda de Metal? O fato é que tudo começou em Seattle, nos EUA, onde surgiu o Grunge como cena muito forte no início dos anos 90. Mas, por si só, não define a banda como tal gênero musical.
A banda teve, sim, a notoriedade “pegando carona” nos sucessos de Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden, e tinha suas características de música underground. Mas seu estilo se difere bastante das outras, justamente pela influência Metal apresentada. As guitarras bem graves, com um som mais pesado de, por exemplo, “Man In The Box” podem provar isto.
As temáticas eram variadas, mas podemos ver muitas reflexões nelas, pensamentos sobre o que vale e não a pena na vida, a importância da mesma, alguns protestos e desabafos tristes. “Down In A Hole”, um dos maiores sucessos da banda, traz as reflexões sobre “sair de um buraco” emocional e encontrar a paz, por exemplo.
Pouco antes de tocarem no Brasil em 2013, no Rock In Rio, em uma entrevista, o guitarrista Jerry Cantrell disse que nunca gostou do termo “Grunge”. Nada contra a definição, mas ele disse que todas as bandas pensavam da mesma forma, pois todas eram únicas, possuíam um estilo próprio de tocar, de compor e, sendo assim, não era justo rotulá-las com um mesmo termo.
De qualquer forma, a presença dessas bandas citadas no cenário musical foi muito importante. O estilo “underground” que apresentaram quebrou algumas “fórmulas” criadas por algumas bandas dos anos 80 com solos melódicos, vozes agudas e laquê no cabelo (por exemplo o início do Bon Jovi e Poison). A revolta nas letras e as guitarras mais “sujas” trouxeram um som melódico e inovador, resgatando um pouco do Metal sem deixar suas características de música underground.
Não há uma resposta exata que diga se a banda faz ou não parte do Metal. Como o próprio Jerry deixou claro que gosta de fazer um som “único” e “diferente”, talvez mudar de rótulo não mude a opinião dele. Podemos dizer que, sim, há influências, mas sem cravar um rótulo específico, afinal, o som da banda tem suas particularidades que o deixam até um pouco fora do que o que se define como “Grunge” mesmo.
A banda nunca se separou oficialmente, mas devido aos problemas de depressão e com drogas do vocalista Layne Staley, viveu um hiato. Os problemas do vocalista não cessaram e o mesmo acabou falecendo em 2002. Em 2006, William DuVal entra para na formação, mas não podemos dizer que como principal vocalista. Sim, nas músicas em que o Staley fazia a voz, ele o substituiu, porém, nas novas, vemos Jerry assumindo o vocal principal (diferente do que fazia antes, de só trabalhar como apoio e cantar algumas músicas) e DuVal sendo a voz de apoio. Podemos dizer, então, que a banda atualmente trabalha com dois vocalistas. DuVal ainda ajuda nas linhas de guitarra nos shows, dando maior sonoridade à banda. Após a reunião, a banda já lançou dois discos: “Black Gives Way To Blue” e “The Devil Put Dinossaurs Here”. Um dos vocalistas pode até ter mudado, mas a essência da banda continua a mesma.